Boca do Inferno: 20 Milhões de Milhas do Inferno!

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Precisamos falar sobre esses 20 Anos que o Boca do Inferno está completando hoje! Não apenas comemorar mais um ano de existência como um dos principais ambientes virtuais de horror da América Latina, mas pela incrível marca de duas décadas! Como o mundo se transformou nesses 20 anos, como o site se consolidou como referência do gênero!

Em outras festividades enaltecemos seu crescimento e principais transformações, lembramos de momentos curiosos como a criação da Revista Boca do Inferno, o primeiro filme produzido pela página e a chegada de novos membros e conquistas. Desta vez, no desenrolar de uma pandemia incontrolável, com a necessidade do distanciamento, com o mundo adoecendo e o Brasil se deteriorando, é importante aproveitar este momento para falar de 2001, tentando trazer de volta o Ano Zero do Boca do Inferno, pensando no cinema como o pontapé do desenvolvimento do site.

Vocês bem sabem que o Boca do Inferno veio da necessidade de se falar sobre terror. Em 2001, tínhamos um outro mundo para observar pela janela e acompanhar na Sétima Arte. Os VHS ainda existiam, assim como a rotina de ir atrás de fitas nas locadoras do bairro, com os DVDs engatinhando como o futuro da projeção televisiva. Nem se imaginava que os tijolões sairiam de linha, nem que depois os DVDs dariam espaço para os blu-rays e posteriormente para as plataformas de streaming. O mundo parecia ter sobrevivido ao fim previsto na virada do milênio, e a internet começava a se tornar mais acessível – as redes sociais que existiam no período eram os fóruns do Yahoo, os encontros virtuais dependiam dos bate-papos do Uol e a comunicação “ágil‘ acontecia com o soar estranho do ICQ – o Orkut só viria alguns anos depois.

Dia 10 de maio de 2001 era um domingo de Dia das Mães! Nos cinemas, mais precisamente de horror, o público tinha a possibilidade de assistir ao thriller – nas veias de PânicoMedo em Cherry Falls, além de Drácula 2000 e O Exorcista – Versão do Diretor, que levou a nova geração aos risos e ao desrespeito. Também estavam em algumas salas discretas Hannibal, de Ridley Scott, e o terrível O Observador, com Keanu Reeves. É claro que boa parte dos espectadores dividiam o interesse pela comédia Do Que as Mulheres Gostam e principalmente de Miss Simpatia, que ocupavam o maior número de salas.

Era bastante comum na época a chegada atrasada dos filmes aos cinemas e locadoras por aqui. Tanto Medo em Cherry Falls quando Drácula 2000 já estava em locadoras pelo mundo quando o cinema brasileiro abria as portas para eles. Muitas das bons filmes, datados de 2001, só chegariam até nós anos depois, como foi o caso de Donnie Darko (setembro de 2003), A Viagem de Chihiro (julho de 2003), Fantasmas de Marte (fevereiro de 2002), O Pacto dos Lobos (julho de 2002), A Casa de Vidro (fevereiro de 2002), Do Inferno (janeiro de 2002), O Buraco (setembro de 2002), Perseguição (janeiro de 2002)… Muitas dessas produções faziam parte do notíciário Infernotícias, um espaço do site para novidades dos filmes e que depois viraria um blog excelente ainda em atividade comandado por Renato Rosatti, e vinham acompanhadas dos lançamentos tardios. Tal condição, considerada um desrespeito das distribuidoras, impulsionava os downloads ilegais através do Emule, mesmo com a internet ainda capengando.

Por outro lado, os recém-infernautas puderam ver nos cinemas a primeira aparição do Jeepers Creepers (novembro), ver Angel estrelando o thriller O Dia do Terror (junho), o fantástico espanhol A Espinha do Diabo (outubro), as assombrações de Nicole Kidman (novembro) e até a sátira do gênero, a comédia Todo Mundo em Pânico 2 (setembro). Enquanto Jason só chegaria ao décimo filme em janeiro por aqui, o jeito era dar uma passada na locadora e encontrar novidades como os suspenses Um Grito Embaixo d’Água, Ripper – Mensageiro do Inferno e Você Quer Saber um Segredo?, além do apocalíptico Megiddo, os entomofóbicos Mutação 2, Arachnid, A Maldição da Aranha, Spiders 2, e os orientais Kairo, Visitor Q e O Pacto, se tivesse sorte. É claro que sobravam nas estantes filmes como Bones – O Anjo das Trevas, Prisioneiro das Trevas, Colheita Maldita: Revelação, O Mestre dos Desejos 3

É preciso lembrar que 2001 também foi o despontar de duas franquias caríssimas como Harry Potter e O Senhor dos Anéis, e você ainda poderia alugar na mesma sexta-feira Faust – O Pesadelo Eterno, Alucinação, Rota 666 – A Estrada da Morte, Vampiros do Deserto e O Ataque dos Vermes Malditos 3. Opções não faltavam para que os fãs de terror, e todas elas eram noticiadas no Boca do Inferno, e ganhavam resenhas e artigos. O site, em seu primeiro ano, só era atualizado às sextas-feiras, exatamente o dia de estreia, e vinha com uma porrada de notícias, críticas e matérias curiosas, ainda que sem a experiência, a boa qualidade dos textos, que viriam com os anos e com a chegada de membros importantes para a construção da página.

Passados 20 anos, o Boca do Inferno ainda se mantém no ar. É constantemente atacado por hackers, sofre algumas instabilidades pelo excesso de tráfego, e mantém uma constante dança das cadeiras de novos colaboradores. Muitos sites deixaram de existir, dando lugar para canais no youtube e páginas do instagram, com boa parte da nova geração de produtores de horror optando pelas críticas em vídeo, pela busca do like, do inscrito. Ainda que o Boca do Inferno tenha seu It´s Alive e o Canal no youtube, ainda mantemos nosso formato tradicional de trazer notícias e reviews escritas. E pretendemos seguir assim, sem ignorar as novas ferramentas, mas priorizando os textos.

Como será daqui por diante? Que mais transformações acontecerão nos próximos vinte anos? Seja no mundo digital, na forma de ver filmes e a facilidade dos acessos, uma coisa se mantém como certa: ainda estaremos por aqui, com textos, artigos e novidades oriundas dos cantos mais sombrios do Inferno cinematográfico. Vida longa ao Boca do Inferno!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

8 thoughts on “Boca do Inferno: 20 Milhões de Milhas do Inferno!

  • 05/01/2023 em 03:32
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    Acompanho o site desde 2011, excelente textos e criticas, que venham mais 20 anos e vida longa ao Boca do inferno !!!

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  • 12/05/2021 em 22:04
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    Acompanho há pelo menos uns 10 anos. Vida longa ao Boca do Inferno!

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  • 12/05/2021 em 19:17
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    Parabéns Marcelo, que continue assim…dedicação apaixonada ao horror e ao fantástico…sempre admirável!

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  • 11/05/2021 em 20:07
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    Venho acompanhando o Boca do Inferno desde os seus tempos áureos no HPG, na época de conectar na internet depois da meia noite para ver as atualizações semanais. Fico feliz pela longevidade do site, e pelo equilíbrio em críticos das antigas, como o próprio Millici, o Renato Rossati e o Gabriel Paixão, com um pessoal mais novo, e também habeis nas críticas. Que venham mais 20 anos do melhor site do horror do Brasil!

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  • 11/05/2021 em 03:27
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    Parabéns a todos que fazem o Boca do Inferno!!!

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  • 10/05/2021 em 18:33
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    Muito feliz por tudo
    Isto. Longa vida ao Boca do Inferno.

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  • 10/05/2021 em 14:25
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    E que venham mais 20. Acompanho desde o terceiro ano. Melhor referência do gênero. Vinda longa ao Boca.

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