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Visão Fatal
Original:Blind Date
Ano:1984•País:EUA, Grécia
Direção:Nico Mastorakis
Roteiro:Nico Mastorakis, Fred Perry
Produção:Nico Mastorakis
Elenco:Joseph Bottoms, Kirstie Alley, James Daughton, Lana Clarkson, Keir Dullea, Charles Nicklin, Michael Howe, Gerard Kelly, Marina Sirtis, Kathy Hill

Se os créditos iniciais de Visão Fatal trouxessem a frase “directed by Brian DePalma” ou “regia di Dario Argento“, provavelmente este filme de 1984 seria figurinha carimbada naquelas listas de pérolas do suspense oitentista. Mas como o que aparece é “directed by Nico Mastorakis“, e muito poucos realmente sabem quem diabos é Nico Mastorakis em comparação a um DePalma ou a um Argento, Visão Fatal acabou relegado ao limbo das fitas cassete da década de 80. É uma tremenda injustiça que somente agora, com o advento da internet, começa a ser corrigida. O próprio Mastorakis, um cineasta grego de pouca ou nenhuma projeção dos anos 70-80 (pejorativamente chamado de “Roger Corman da Grécia“), tem ganhado um maior reconhecimento graças a sites e fóruns de discussão que resgatam suas obras do limbo. E assim, aos poucos, seus filmes vêm ganhando o devido valor. Menos no País do Mensalão, é claro.

Em primeiro lugar, esqueça o título nacional ridículo adotado pela distribuidora de VHS Transvídeo quando o filme foi lançado por aqui. A visão do protagonista não tem nada de fatal, e um título imbecil destes pode levar algum espectador desavisado a pensar que o roteiro conta a origem do Ciclope, da série X-Men, ou talvez seja a história de algum desavisado que encara Medusa, aquela criatura mitológica que transforma em pedra quem olhar para ela. Mas não é por aí, não.

No original, o título é uma expressão de duplo sentido: “Blind Date“. A tradução literal, em português, seria “Encontro Cego“. Acontece que “blind date” também é a expressão norte-americana para o que chamamos de “encontro às escuras“, ou seja, quando o sujeito vai sair com alguém que não conhece nem nunca viu antes – atire a primeira pedra quem nunca se meteu numa fria por causa de um encontro às escuras, principalmente agora, em tempos de internet. No filme, esta expressão é de certa forma irônica pelo fato de o personagem principal perder a visão da metade em diante.

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Bem, no começo do texto eu citei os nomes de Argento e DePalma, e não foi de maneira gratuita, mas sim porque qualquer um destes dois mestres do suspense e do horror poderia ter dirigido Visão Fatal (com resultados muito melhores, acredito eu). Do trabalho de Argento, Mastorakis aproveitou o “toque giallo” do roteiro: um assassino misterioso, de quem só vemos as mãos enluvadas (com luvas cirúrgicas neste caso, e não as tradicionais luvas pretas de couro), passa o filme inteiro matando belíssimas mulheres (quase sempre nuas) de forma estilizada, ao som de música clássica. De Argento, Mastorakis também “copiou” o visual belíssimo do filme, onde não faltam, por exemplo, supercloses da brilhante lâmina do bisturi utilizado pelo psicopata.

Já da obra do norte-americano DePalma, o diretor grego buscou o tom “Hitchcock moderno” da história e da forma de contá-la. Fico muito curioso imaginando o que o próprio DePalma faria com o mesmo roteiro, já que várias cenas de Visão Fatal lembram o suspense Blow Out – Um Tiro na Noite, que DePalma dirigiu três anos antes (em 1981), com John Travolta e Nancy Allen nos papéis principais. Uma cena em particular, quando o herói do filme de Mastorakis precisa analisar uma fita repleta de sons urbanos para encontrar um detalhe que permite identificar o cruel assassino, é puro Blow Out.

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E quando se fala em “Hitchcock moderno“, é curioso observar que o próprio mestre do suspense Alfred Hitchcock pensou em filmar um argumento bastante semelhante ao de Visão Fatal: em 1961, logo depois de lançar Psicose, ele surgiu com a ideia para um filme chamado “The Blind Man“, onde um pianista cego de nascença receberia um transplante de córneas para conseguir enxergar. Só que o doador era um assassino, e ele passaria a enxergar os crimes cometidos por este. Claro que, lá nos anos 60, o velho Hitchcock não tinha uma tecnologia como a utilizada em Visão Fatal para fazer o protagonista “enxergar“, mas percebam que o mestre praticamente antecipou, com mais de 40 anos de diferença, a essência do enredo do ótimo terror oriental The Eye – A Herança (onde as córneas doadas pertenciam a uma médium, e não a um assassino).

O roteiro de Mastorakis (em parceria com Fred C. Perry, um colaborador habitual do diretor) começa já mostrando um dos ataques do misterioso assassino que vem aterrorizando a Grécia. Disfarçado de motorista de táxi (O Colecionador de Ossos, alguém?), o anônimo matador, de quem só vemos as mãos e os pés, dedica-se a transportar belas garotas que, eventualmente, se transformam em alvos de sua obsessão pela prática da Medicina. Elas primeiro são drogadas para se tornarem alvo fácil. Embalado sempre pela mesma música instrumental, que escuta num daqueles velhos aparelhos de walkman com fita cassete, o psicopata despe suas vítimas e rabisca sobre o corpo delas as linhas onde fará os cortes “cirúrgicos“. Em seguida, normalmente quando as pobres coitadas estão acordando, ele começa a “operação“, utilizando seu brilhante e afiado bisturi para cortar as garotas até a morte. Apesar disso, nenhuma gota de sangue é mostrada durante todo o filme.

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Logo após a primeira morte, somos apresentados ao jovem empresário norte-americano Jonathan Ratcliff (Joseph Bottoms, que é a cara do Stephen Dorff e também o irmão menos conhecido dos atores Sam e Timothy Bottoms). Ele trabalha numa agência de publicidade em Atenas, na Grécia, e vive cheio da nota e rodeado de belas garotas, embora tenha um caso mais ou menos sério com a colega de trabalho Claire (uma jovem e ainda bonita Kirstie Alley, em começo de carreira). Jonathan não dá a mínima para os “Crimes do Bisturi” que estão aterrorizando a cidade, e só quer curtir sua vida de yuppie bem-sucedido – lembre-se que estamos nos anos 80.

Mas a vida do sujeito começa a mudar quando, durante um ensaio fotográfico, ele reconhece uma das modelos como Rachel, uma ex-namorada que há muito ele não via (a moça é interpretada pela peituda Lana Clarkson). A relação de Jonathan e Rachel acabou de forma traumática: ainda nos EUA, eles foram atacados por quatro homens; enquanto a moça era estuprada, Jonathan, indefeso, foi obrigado a assistir tudo. O namoro acabou aí, e os médicos responsáveis pela recuperação psicológica de Rachel recomendaram que o rapaz ficasse longe dela para não trazer à tona as terríveis recordações daquele violento episódio.

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O problema é que o jovem continua apaixonado por Rachel, embora “obcecado” seja a palavra mais correta neste caso. E, como tem receio de que ela relembre o trauma do estupro caso se encontrem, Jonathan transforma-se num voyeur, que passa suas horas de folga perseguindo e observando a modelo à distância – chegando ao cúmulo de espionar seu apartamento com um binóculo, como o protagonista de Dublê de Corpo, clássico dirigido por DePalma na mesma época (acredito que a citação não seja nada gratuita).

Enquanto o taxista assassino continua sua carreira de crimes, despachando prostitutas assanhadas e casais de namorados com seu bisturi, acontece o episódio que mudará para sempre a vida de Jonathan: ele está espionando um encontro amoroso de Rachel com seu atual namorado, Dave (James Daughton, de Clube dos Cafajestes), no meio de um bosque, quando é pego no flagra e perseguido por Dave. O voyeur corre pelo meio do mato, no escuro, e, durante a fuga, bate a cabeça violentamente num galho de árvore, caindo desacordado. Quando acorda, está cego. Um destino irônico para alguém que gosta tanto de espiar os outros, não é?

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O mais curioso é que ele faz todos os exames possíveis, mas descobre que não há causas físicas para a perda da visão, e tudo teoricamente seria um bloqueio psicológico provocado pelo seu próprio subconsciente – talvez sentindo-se culpado por perseguir Rachel. E é claro que Jonathan não consegue viver num mundo de escuridão, ainda mais quando acaba agredido e roubado por uns valentões na estação de metrô. Acaba se oferecendo como cobaia humana para uma revolucionária cirurgia realizada por um médico polêmico, o dr. Steiger (Keir Dullea, o astronauta do clássico 2001 – Uma Odisseia no Espaço).

O médico criou um aparelho eletrônico capaz de restaurar a visão de cegos através de um sistema de sonar, como o utilizado pelos morcegos: ondas sonoras são emitidas pelo equipamento e, ao atingirem superfícies sólidas, voltam diretamente para um microchip instalado no cérebro do rapaz, dando-lhe uma espécie de “contorno” do cenário ao seu redor. Lembra da cena do filme Demolidor em que o herói enxerga sua amada através do som das gotas de chuva caindo sobre o rosto dela? Pois é mais ou menos por aí, e também é cientificamente possível, por mais absurdo que possa parecer.

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A nova visão de Jonathan é apresentada através de cenas onde ele (e o espectador) enxerga apenas o contorno monocromático das coisas ao seu redor, como se estivesse dentro de um velho jogo de Atari! Claro que a situação está longe de ser confortável; mas, para Jonathan, a “Atari-vision” é muito melhor que viver na escuridão. Além disso, o dr. Steiger ainda disfarça o equipamento como se fosse um walkman, onde a “antena” do sonar é o fone de ouvido. Como “plus a mais“, o aparelho também é capaz de gravar todos os sons escutados por Jonathan e amplificá-los. É mole?

Apenas Jonathan, sua amada Claire e o médico sabem sobre a visão eletrônica do rapaz. E o fato de enxergar o mundo em preto-e-branco, através de contornos inexpressivos, não atrapalha a principal diversão de Jonathan, que logo volta a espionar sua musa Rachel, inclusive entrando na casa da moça (por um buraco que ele faz no telhado) para ficar observando-a enquanto ela dorme. Isso sim é um sujeito que não tem nada melhor para fazer…

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Mas como esta é uma trama de suspense, não demora para as duas histórias paralelas (Jonathan e sua visão eletrônica, o assassino do bisturi aterrorizando a Grécia) se cruzarem, e isso acontece precisamente na metade do filme, quando o rapaz está caminhando e, com seu sonar amplificado, escuta um grito de mulher que vem de um prédio nas proximidades. Ele vai averiguar e, no corredor, enxerga o assassino – ou melhor, o contorno deste, através da Atari-vision. Pego no flagra, o misterioso vilão nem imagina que a testemunha é cega e não tem condições de identificá-lo.

Perseguido pelo assassino, Jonathan é envolvido sem querer num jogo de gato e rato, sem saber em quem confiar, procurando identificar o psicopata através dos sons que gravou na noite do crime. Para complicar ainda mais a coisa, sua amada Rachel provavelmente será um dos próximos alvos do misterioso assassino.

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Além de uma trama interessante e de certa forma inovadora, Visão Fatal tem também um criativo contraste entre “herói” e vilão. Embora Jonathan não mate suas “vítimas“, contentando-se em espioná-las, ele tem muito com comum com o matador: ambos são mostrados sempre com aparelhos de walkman permanentemente ligados (o assassino para ouvir a música que é a trilha sonora de seus crimes, e o herói para “enxergar” o mundo pelo equipamento de sonar), e ambos são voyeurs assumidos. “Jonathan tem razões de sobra para não querer enxergar seu passado, mas seus olhos estão famintos pelo presente“, filosofou o diretor, numa das raras entrevistas sobre Visão Fatal na internet.

Em relação à conclusão, e isso é outro toque interessante do roteiro, nunca fica claro se o herói realmente identificou o homem certo como sendo o assassino do bisturi. Como o filme não se preocupa em explicar a identidade do psicopata nem seus motivos, existe 50% de probabilidade de que o homem identificado por Jonathan seja, na verdade, inocente (até porque as provas que o herói usa contra ele são mais baseadas no “chute” do que em evidências reais). Neste caso, em outro toque irônico da película, a justiça é literalmente cega! Não se espante, portanto, se o assassino do bisturi continuar à solta na Grécia. Uma cena que pode evidenciar este fato é aquela em que a personagem de Kirstie Alley pega um táxi e escuta um som muito parecido com aquele gravado pelo namorado dias antes, na noite do crime que ele testemunhou…

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Não se engane com o fato de o cenário ser a Grécia, e não Roma: geografia à parte, Visão Fatal é um autêntico “giallo“, em seus mais mínimos detalhes. Em nenhum momento você vê a polícia investigando os “Crimes do Bisturi“, como é comum no cinema norte-americano. Pelo contrário: como num bom giallo, o investigador é alguém que não tem nada a ver com a história e acaba se metendo no bolo por acidente, e, para variar, é um personagem ligado ao meio artístico (não um escritor e nem um músico, como os personagens de Argento, mas neste caso um publicitário).

A explicação rasa dada para a motivação do assassino, o fato de seu alvo preferido serem belas mulheres (eventualmente nuas) e os intermináveis closes em mãos, pés e na arma do criminoso também remetem ao tradicional estilo italiano de fazer cinema – embora façam falta as mortes escabrosas e sangrentas típicas dos “gialli” de Argento, Sergio Martino, Riccardo Freda e cia. Esta ausência de violência é uma consequência dos excessos do primeiro filme do diretor grego, A Ilha da Morte (1976), tão cheio de barbaridades diversas (estupro, lesbianismo, homossexualismo, violência explícita, tortura e depravações diversas) que até o próprio Nico se arrependeu, e por isso resolveu pegar leva nas produções posteriores – outro de seus filmes, o slasher The Zero Boys (1986), também é marcado pela falta de sangue.

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Mas o que falta em violência sobra em suspense: na melhor cena do filme, Jonathan desliga acidentalmente seu aparelho de sonar e volta a ficar temporariamente cego, justo quando está fugindo do assassino e caminhando no topo de um edifício enorme! Outra cena tensa e muito bem feita é a luta final contra o vilão, quando Jonathan resolve deixar ambos em condições iguais ao cortar a energia da sala onde estão, ficando ambos na mais completa escuridão.

Mastorakis ainda deu um tremendo “pé quente” de reunir no elenco um time de beldades que ainda eram desconhecidas naquele longínquo ano de 1984, mas com o passar dos anos construíram sólidas carreiras em Hollywood. Das com mais tempo em cena, Kirstie Alley foi a que teve a carreira mais bem-sucedida, tornando-se atriz de primeiro escalão na década de 90, em filmes como Olha Quem Está Falando e A Cidade dos Amaldiçoados (o remake de John Carpenter para o cult dos anos 60). Mais recentemente, engordou exageradamente, entrou em decadência e o máximo de sucesso que fez foi ao estrelar uma série onde brincava com a própria situação, chamada “Fat Actress” (Atriz Gorda, em tradução literal).

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A outra estrelinha de Visão Fatal que ganhou projeção posteriormente foi a loira Lana Clarkson. Não chegou ao auge da fama como sua colega Kirstie, mas foi musa “alternativa” dos fãs de cinema barato, estrelando (normalmente pelada) pérolas como a série Barbarian Queen e o terror trash Morella – O Espírito Satânico, de Jim Wynorski. Quis o destino que sua carreira de scream queen do cinema classe Z terminasse em 2003, quando Lana foi morta pelos tiros disparados pelo seu ciumento namorado, o conhecido produtor musical Phil Spector.

Além de Kirstie e Lana, o elenco tem ainda duas beldades conhecidas em começo de carreira, mas em “participações The Flash” (piscou, perdeu). Uma delas é a bela italiana Valeria Golino, aquela que fez par com Charlie Sheen na série Top Gang, e que aqui interpreta uma modelo de biquíni que entra muda e some calada. A segunda é a grega Marina Sirtis, que interpretou Deanna na série cult Star Trek – A Nova Geração, nos anos 80, e aqui aparece como uma prostituta assanhada que se transforma numa das vítimas do matador.

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Tanto Kirstie quanto Marina aparecem peladinhas no filme, e este é o tipo de início de carreira que toda atriz posteriormente renomada odeia lembrar. Se aqui no Brasil, este país em que vale tudo, a Xuxa conseguiu proibir o relançamento do filme Amor, Estranho Amor (onde aparecia nua e se roçando num menor de idade), lá fora a coisa não funciona desse jeito. Inclusive o diretor Mastorakis lançou, há alguns anos, uma “director’s cut” de Visão Fatal em DVD, apenas adicionando alguns takes da agora famosa Kirstie Alley pelada na cena de sexo que ela protagoniza! hahahaha. Aposto que a atriz adorou a “homenagem“!

Apesar de eu ter gostado muito do filme quando o vi pela primeira vez, na infância, e mais ainda ao revê-lo recentemente, preciso assumir que ele tem dois problemas gravíssimos: a visão limitada do herói é menos explorada do que poderia, e há uma subtrama confusa e nunca satisfatoriamente desenvolvida em que Jonathan alimenta seu cérebro com dados de um jogo de videogame (!!!), conectado ao seu cérebro através do aparelho criado pelo médico. Tal cena, tão viajandona como pode parecer pela descrição, quase faz o filme desmoronar. No fim, Mastorakis acaba criando poucas situações de perigo ligadas à visão precária de Jonathan (até porque ele só perde a capacidade de enxergar na metade do filme!), o que é uma pena, pois muitos clássicos do suspense exploram justamente as deficiências de seus protagonistas, da claustrofobia de Craig Wasson em Dublê de Corpo à mudez da personagem principal do moderno Testemunha Muda.

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Visão Fatal, como escrevi no começo, foi lançado em VHS no Brasil pela Transvídeo, ainda nos anos 80, quando esta pequena distribuidora adquiriu um pacote com os principais filmes do grego (lançou-os num curto espaço de tempo, incluindo o “clássicoA Ilha da Morte). Embora a obra tenha sido relançada em DVD nos EUA de forma independente, pela distribuidora do próprio Mastorakis, por aqui nem sinal disso. O negócio é contentar-se com a fita nacional, mas ela também é rara e difícil de encontrar.

E como no mundo do cinema nada se cria e tudo se copia, exatos 10 anos depois, em 1994, estreou nos EUA uma produção norte-americana chamada Blink, que no Brasil recebeu o subtítulo “Num Piscar de Olhos“. Dirigida por Michael Apted e estrelada pela linda Madeleine Stowe (hoje sumida), traz um argumento chupado de Visão Fatal (e bem semelhante àquela história que Hitchcock havia bolado lá em 1961).

De todos os filmes de Mastorakis, este talvez seja o melhor acabado e mais bem feito. Embora irregular, como todas as obras do grego (novamente, fico imaginando o que DePalma ou Argento fariam com o mesmo argumento), continua interessante pelo roteiro pouco convencional, com o criativo toque tecnológico da visão artificial gerada por computador. E é “pé no chão“, realista, sem exageros nem heroísmos exacerbados do personagem principal (a forma como ele vence o vilão no final, por exemplo, chega a ser covarde e traiçoeira, mas é o tipo de atitude que qualquer pessoa normal tomaria ao lidar com alguém potencialmente perigoso). O filme poderia ser bem melhor, claro, mas só o desfile de beldades seminuas já é um verdadeiro colírio para os olhos. E é nessas horas que eu fico agradecido por não ter uma Atari-vision

PS: Como curiosidade, os créditos finais do filme encerram com o anúncio de que o personagem de Visão Fatal, Jonathan Ratcliff, voltaria em uma nova aventura, chamada “Run, Stumble and Fall” (Corra, Tropece e Caia). Nem precisa mencionar que tal produção nunca saiu do papel… Mas fico imaginando o que Mastorakis estava inventando: será que teríamos um desdobramento no caso do assassino do bisturi, ou Ratcliff se meteria em alguma outra enrascada? Perdoe o trocadilho infame, mas não consigo enxergar uma resposta.

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  1. Como assim Madeleine Stowe sumida? E a serie Revenge?

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