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Visões do Passado (2015) (2)

Visões do Passado
Original:Backtrack
Ano:2015•País:Austrália
Direção:Michael Petroni
Roteiro:Michael Petroni
Produção:Antonia Barnard, Jamie Hilton, Michael Petroni
Elenco:Adrien Brody, Sam Neill, Robin McLeavy, Bruce Spence, Jenni Baird, Anna Lise Phillips, Chloe Balyss

por Marcos Brolia

O thriller sobrenatural Visões do Passado, que chega aos cinemas do Brasil nesta quinta-feira, com aquele FAMOSO atraso de nossas distribuidoras, é uma verdadeira cartilha de tudo que pode dar errado em um filme promissor (ou quase isso). E nem merecia ver a luz de um projetor enquanto tantos filmes bons de terror são devidamente ignorados por aqui, só para deixar registrado.

A produção australiana, que traz em seu elenco dois veteranos e consagrados atores, o oscarizado Adrien Brody e Sam Neill, logo de primeira tem cara daquele tipo de suspense enlatado que envolve aparições fantasmagóricas atormentando um psiquiatra, querendo que o sujeito descubra alguma coisa relacionada com suas mortes, e, por conseguinte, envolve um terrível segredo escondido do passado, como manda o bom e velho clichê do gênero.

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Nada de novo no front até aí, mas o grande problema é que Visões do Passado chega até a intrigar e manter a atenção do espectador presa, interessado no que pode estar por vir, pelo menos até seu terceiro ato. Para quem curte esse tipo de narrativa – espírito se comunicando para tentar trazer à tona a sua morte – todos os elementos-chave estão ali, sem a menor vergonha em não tentar ser original ou inventivo.

Peter Bower (Brody) é o tal terapeuta que está passando por um momento barra pesada em sua vida após um acidente que tirou a vida de sua filha pequena, Evie. Sua esposa, Carol (Jenni Baird), vive à base de antidepressivos e eles se mudam para outra cidade na tentativa de seguir suas vidas, enquanto Peter passa a atender novos pacientes em sua clínica.

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Até que certa noite, uma garotinha misteriosa, Elizabeth Valentine (Chloe Bayliss), surge em seu consultório, o que funcionará como um gatilho para sua atormentada memória seletiva, ao se dar conta de que todos aqueles pacientes que vem atendendo estão mortos, assim como a garotinha, e em comum todos eles morreram na mesma data.

Guiado pelas visões do fantasma da garota principalmente, e contando com a ajuda do também psiquiatra Duncan Stewart, papel de Sam Neill, Peter começa a remontar um quebra-cabeça mental que o fará voltar para sua cidade natal, onde descobrirá um ~terrível segredo do seu passado~ e sua ligação com a morte dessas pessoas díspares que insistem em assombrá-lo.

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Brody leva o filme inteiro nas costas com uma excelente atuação, e a direção de Michael Petroni não chega a comprometer, misturando elementos reais com o sobrenatural, deixando bem clara a luta na psique do atormentado personagem, que caminha a tênue linha entre a realidade e loucura, e a narrativa fluída, entrecortada com flashbacks, alucinações e aparições, conforme a sua investigação particular vai trazendo novos detalhes da trama, elucidadas de forma conjunta tanto para o psiquiatra quanto para o sujeito do outro lado da tela.

Há também, como de praxe, o farto uso do jumpscare e de fantasmas aparecendo em CGI duvidoso, tentando lhe passar mensagens pós-cognitivas, ambos recursos mais batidos do subgênero. Mas o grande problema mesmo, que tira Visões do Passado do status de regular para um filme ruim, é seu terceiro ato e seu plot twist, previsível, clichê e sem um pingo de inspiração ou criatividade.

Petroni, que também escreve o roteiro, faz questão de juntar todo o tipo de chavão possível e imaginável para comprometer o resultado por completo em sua meia-hora final, dando aquela sensação de desperdício de tempo por parte do espectador ao ver aquele monte de fórmula prosaica toda junta e misturada em um desenrolar preguiçoso de roteiro, com soluções fáceis, mandando a experiência obtida até então às favas.

Visões do Passado (2016)

Vale lembrar que Petroni tem até certo currículo como roteirista do gênero, incluindo aí A Rainha dos Condenados, Mistérios do Passado e O Ritual, além de As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada e A Menina que Roubava Livros. E, exclusivamente em Visões do Passado, seu texto é o responsável pela sua mediocridade, uma vez que sua própria direção não afeta o resultado e Brody está ótimo, amargurado, introspectivo e taciturno, de tom de voz quase inaudível, mesmo com cara de trabalho que fez apenas para receber o contracheque, o que é louvável.

Um filme dispensável, daqueles que você talvez assista um dia em uma reprise na TV a cabo ou no Netflix quando não tiver fazendo nada melhor, reclamando ao término por seus 90 minutos de vida perdidos, e esquecendo-se de sua existência no dia seguinte.

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