Homem-Larva
Original:Larva
Ano:2005•País:EUA, Alemanha Direção:Abram Cox Roteiro:Kenneth M. Badish, Boaz Davidson, David Goodin, Kevin Moore, J. Paul V. Robert, T.M. Van Ostrand Produção:Kenneth M. Badish, Boaz Davidson Elenco:Vincent Ventresca, Rachel Hunter, William Forsythe, David Selby, Robert Miano, James Daris, James Sheldon, Amanda Ianelli |
Depois de ver o filme e com a capinha da tralha Homem-Larva nas mãos, cheguei à conclusão que estava diante do maior caso de propaganda enganosa da história do cinema. Acontece que o filme – uma produção capenga feita para a TV norte-americana – não tem nada, mas NADA a ver com a capinha, que promete um “trashão” da melhor qualidade. Quer dizer, quando você vê aquele pôster com um homem demoníaco, repleto de larvas saindo em erupções do seu rosto, você já espera pelo melhor lixo cinematográfico que um filme B pode apresentar, certo?
Infelizmente, não há nenhum Homem-Larva em Homem-Larva – e se isso não é propaganda enganosa, não sei como se chama. A história é a enésima variação de parasitas que invadem o corpo humano e matam seu hospedeiro, que já tinha rendido outro filme classe B esquecível chamado Hospedeiros – A Ameaça Interior. Aqui, a culpa é de um ambicioso frigorífico que quer aumentar a qualidade da sua carne, utilizando, para isso, uma nova ração “mutante“, cujos testes, só para variar, ainda não foram bem encerrados.
Acontece que a tal ração não provoca mudanças só no gado, mas também nos parasitas naturais do gado, que, obviamente, se transformam em larvas-mutantes, que crescem sugando o sangue e devorando o hospedeiro por dentro até não encontrar mais nada no interior. Aí, tchau hospedeiro: ele morre e a larva-mutante sai pelo seu peito (uma reminiscência tardia de Alien, talvez?), numa explosão sangrenta, já transformada numa espécie de larva-morcego-mutante (é difícil explicar, tem que ver!), que sai voando e matando mais animais e pessoas para sugar seu sangue.
Para piorar, logo a carne desse gado, que também está contaminada com parasitas, se espalha pela cidadezinha, e todas as pessoas que comem também são contaminadas e se transformam em hospedeiros naturais das larvas. Lá pelas tantas, mais de metade da população morre (sabe como é, poucos vegetarianos na cidadezinha…), com o peito explodido pelos parasitas que os devoram por dentro. A conclusão que se tira do episódio: ou os caras comiam a carne crua, ou então o parasita mutante era tão poderoso que não era destruído nem quando a carne era ASSADA, como a maioria dos parasitas “normais“. Tire suas próprias conclusões…
Como todo filme B que se preze, este também é um festival de clichês. Temos um empresário inescrupuloso como vilão que, claro, tentará abafar todo o caso, mesmo quando o herói, um veterinário bem-intencionado chamado Eli Rudkus (Vincent Ventresca, do seriado O Homem Invisível), tenta alertar a população sobre o perigo do parasita. Aí o tal empresário, chamado Fletcher Odermatt, diz que não existe risco algum, desacredita o veterinário e todos acreditam. Bem feito, morrem que nem moscas no fim! hehehe. Isso é a tal justiça poética dos filmes.
Mas os clichês não terminam por aí: o nobre doutor é ajudado por um caipira malucão e bom de tiro (William Forsythe, que, coitado, já teve papéis BEM melhores em filmes como A Rocha e Era Uma Vez na América). Como o Schwarzenegger no filme Comando para Matar, o tal caipira, chamado Jacob (lógico!), tem um arsenal repleto de revólveres, espingardas, escopetas, metralhadoras e toneladas de explosivos, tudo isso estocado na sua fazenda – e o cara é um mero criador de vacas, caramba! E só para continuar citando os clichês, lá pelas tantas a advogada Rachel Hunter (a gatinha Hayley Anderson), que joga no lado dos malvados, resolve ficar boazinha e ajudar os heróis. Aí sobrevive, claro, porque só os muitos malvados morrem…
Então, por este breve resumo, você já percebeu que o filme não tem nada de novo. E aí se pergunta: mas onde entra o Homem-Larva nessa história? Pois é, como eu escrevi, e volto a repetir: Homem-Larva não tem realmente um Homem-Larva, apenas um monte de larvas que entram em homens (e mulheres, e crianças…) e depois saem de dentro delas. Por isso, achei absurdo o resumo da capinha da fita/DVD lançada pela Califórnia Filmes. Acompanhem o que está escrito lá:
“Um cientista inescrupuloso trabalha num projeto secreto para achar a cura para o mal da vaca louca. Em suas pesquisas, ele descobre que as larvas expostas ao seu remédio conseguem multiplicar as forças e fortalecer o seu organismo.” Bom, o resumo já começa errado. Existe o tal cientista (o nome me escapa), mas ele aparece em cena por dois minutos, e suas pesquisas não têm nada a ver com “cura para a vaca louca“, o que ele quer mesmo é achar um jeito de melhorar a carne do gado para que seu patrão possa vender mais. E nem é ele que descobre sobre as larvas, e sim o veterinário… Continuando:
“Em sua loucura pelo poder, ele engole algumas das larvas. Pouco tempo depois, seu auxiliar morre em circunstâncias horríveis.” O tal cientista nunca engole larva porcaria nenhuma (embora toda a população engula, misturada à carne, sem saber). Ah sim: o tal cientista, que como eu disse só aparece em cena por dois minutos, nem ao menos tem um auxiliar para morrer “em circunstâncias horríveis“, o que me leva a pensar que o pessoal da Califórnia Filmes nem viu o filme e inventou um resumo qualquer. Mas vai além:
“Durante as investigações, pessoas são atacadas pelos capangas infectados do louco cientista, que, enquanto isso, começa a se transformar e se parecer com uma larva: um Homem-Larva! Agora, a luta é para impedir que este monstro ataque a vila próxima ao laboratório e inicie uma nova praga de proporções catastróficas“. Isso é o que está escrito na capinha do filme!!! Bem, só para esclarecer, não existem “capangas infectados” nem “louco cientista“, e as pessoas atacadas são aquelas que comeram a carne contaminada com o parasita, conforme eu escrevi antes. Ou seja: como não existe um “louco cientista“, ele também não tem como se “transformar e parecer com uma larva” (de onde foram inventar isso?). E a luta não é para “impedir o monstro“, mas sim para matar todos os parasitas-mutantes, que a estas alturas já dominaram a cidade.
Mesmo que o espectador consiga esquecer um pouco esta enganação sem-vergonha, ainda assim o filme não vale a pena. A história se arrasta e é a lenga-lenga de sempre. Embora o filme seja bem feitinho (o diretor é um tal Tim Cox, que merece roteiros melhores), não consegue manter a atenção, justamente porque é a mesma história de sempre. E ainda que algumas cenas sejam moderadamente sangrentas – como as tais explosões estomacais -, não é nada que já não tenha sido feito de forma mais profissional, principalmente em Alien naquela época em que não existia computação gráfica ruim, como a vista em Homem-Larva.
Então, sobra um único interesse em Homem-Larva: ver que diabos é o tal Homem-Larva. Mas como ele NÃO existe, então não sobra realmente nada, nada, NADA para ver. A não ser que você queira procurar bem para ver se não enxerga algum Homem-Larva, bem no fundo, em alguma cena. Eu não vi, mas talvez ele esteja lá, escondidinho, em algum lugar… Quem sabe?
PS: Até foi informado errado o título original do filme, identificando-o na capinha como Morphman. Na verdade, o título em inglês é Larva, como atestam os créditos de abertura originais da película. Que vergonha…
PS 2: A cidade onde se passa a história se chama Host, que em inglês quer dizer “Hospedeiro“. Ou seja, humor negro. Mas não cola! E não posso recomendar uma porcaria dessas só por uma piadinha legal…
bando de picareta fdp me enganaram fui ver esse filme achando que tinha um homem larva e nao tinha!!! muito obrigada pela sua revolta tambem estamos assim