por Adriano Siqueira
Antes de existir a Vampirella, do Forrest J. Ackeman, de 1969, o Brasil já tinha uma vampira que se destacava nos quadrinhos nacionais. Mirza, a mulher vampiro, de 1967, deu uma nova cara para o terror nacional mostrando que a beleza e a sedução são também armas perigosas e letais.
Eugênio Colonnese, filho de mãe brasileira e pai italiano, nasceu em Fuscaldo, província de Consenza, sul da Itália. Com dois anos de idade já morava na América do Sul, passando por vários países como Uruguai, Argentina e finalmente o Brasil. Começou a desenhar muito cedo manifestando o seu dom artístico nos papéis de embrulhos de uma padaria vizinha. Em 1948, ganhou o primeiro lugar num concurso de historietas no Clube Social de La Boca, em Buenos Aires, e no ano seguinte já estava trabalhando com a editora El Tony. Em 1950, a Argentina estava passando por uma ótima fase nos quadrinhos. Eugênio passou a trabalhar em várias editoras da Argentina. Chegou a trabalhar com muitos artistas conhecidos na época.
Quando veio para o Brasil para aproveitar as suas férias, Eugênio conheceu o desenhista Jaime Cortez, que ficou impressionado com o seu nível de trabalho e o apresentou para a EBAL (Editora Brasil América) que logo solicitaram o seu trabalho para quadrinizar o poema Navio Negreiro, de Castro Alves. Depois de aproveitar as férias no Brasil, Eugênio volta para Buenos Aires e deixa documentado o seu primeiro desenho feito no Brasil. Em 1961, Eugênio é contratado por uma editora em Londres para desenhar uma HQ sobre batalha naval para a revista Tide War.
Finalmente, em 1964 Eugênio Colonnese muda-se para o Brasil, trabalha em várias editoras cariocas e paulistas, desenhando romances e centenas de capas. Eugênio acabou conhecendo muitos artistas e escritores do gênero terror que estavam fazendo sucesso. Fez alguns trabalhos nesta linha para a editora Jotaesse (iniciais do José Sidekerskis), onde trabalhava também Rodolfo Zalla e em uma pequena reunião depois do expediente em uma lanchonete no térreo do prédio, que ficava na Beneficência Portuguesa, travessa da Avenida Ipiranga, surgiu a ideia da criação de uma vampira, e no dia seguinte em 1967, nasceu a personagem que marcaria toda a sua carreira, Mirza, a Mulher Vampiro.
O nome Mirza era uma variação do nome Mylar, que era o super herói de sucesso do Eugênio Colonnese. Na editora Jotaesse, teve ao todo 10 edições da Mirza. A tiragem chegava a 35 mil exemplares. Até que um dia Rodolfo Zalla disse para o Eugênio Colonnese que fazer revistas didáticas dava bem menos trabalho, pois o preço de um desenho para uma revista didática era o mesmo preço de cinco páginas de quadrinhos.
Rodolfo Zalla e Eugênio Colonnese pararam de fazer HQs no final de 1968 e produziram muitas revistas didáticas.
Em 1973, as histórias da Mirza aparecem pirateadas na editora Regiart. Os seis números não tinham a autorização do Eugênio Colonesse e ele não ganhou nenhum dinheiro por estas revistas. Ele continuava fazendo os seus trabalhos para revistas didáticas e em 1981 o editor Otacílio D´Assunção, da revista Spektro, mostrou para o Eugênio um roteiro de uma história com a Mirza. Eugênio abraçou a ideia e ele volta a desenhar quadrinhos com esta história de nome De volta ao mundo do terror!, onde o próprio criador, Eugênio Colonnese, participa da história com a Mirza e seus outros personagens.
Em 1982, o desenhista Rodolfo Zalla, que tinha uma editora paulista chamada D-Arte, lançou a revista Mestres do Terror, trazendo de volta a Mirza, com a história A maldição de Mirela Zamanova. É nesta história que conhecemos a origem da vampira. Desenhada pelo próprio criador Eugênio Colonnese e escrita por Osvaldo Talo, que fica responsável pela saga da vampira.
No total, foram produzidas sete aventuras da Mirza na revista Mestres do Terror, sendo que uma das histórias deixou os fãs de queixos caídos: A Força do Sangue, desenhada dessa vez, por Rodolfo Zalla. Mirza é apenas uma coadjuvante que tinha como personagem principal o Conde Drácula e no final, ela faz uma dança de strip misturado com uma dança moderna coreografada por Isadora Ducan. Eugênio Colonnese não acompanhou este roteiro e só viu tudo quando já estava pronto, mas ninguém gostou da Mirza feita por outro desenhista.
A participação da Mirza termina em 1984 no número 25 da revista Mestres do Terror.
Mirza volta às bancas em 1986 pela Press Editorial. Inicialmente como um teste, mas o resultado foi muito bom, o próprio criador escrevia os roteiros e desenhava as histórias. A editora publicou mais uma revista e parou por problemas alheios à vontade do Eugênio.
Eugênio volta em 1988, pela Catânea Editora, com muitas histórias desenhadas para revista Antologia Brasileira do Terror, considerada a Grafic Novel do terror. Mas a Mirza aparece apenas na suas contra-capas.
Finalmente em 1989, pela própria Catânea Editora, Mirza volta com várias histórias na revista Os grande momentos de Mirza, a Mulher Vampiro.
Até 1999, Eugênio Colonnese continuou trabalhando nas revistas didáticas quando recebeu um convite de Álvaro de Moya para fazer uma nova história sobre a Mirza para a Metal Pesado, sendo que a história ficou bem erótica.
Watson Portela reuniu alguns personagens brasileiros na história A Última Missão. Eugênio Colonnese gostou muito de ver outro desenhista dando uma nova cara e uma nova roupa para a Mirza. Afinal, o criador gosta de manter a sua personagem bem atualizada e seguindo os padrões da moda.
A revista Max Almanaque – Mirza, a Mulher Vampiro, da editora Escala, produzida em 2002, traz muitas histórias da personagem e vem com uma entrevista com o Eugênio Colonnese. Essa edição é magnífica por trazer a foto de muitas capas das revistas desde o início.
Depois de um tempo dando aulas sobre desenho na ESA (Escola Studio de Artes), em Santo André/SP, Eugênio Colonnese veio a falecer em 8 de agosto de 2008, por problemas de saúdes envolvendo um AVC. Já Mirza completa em 2014, 47 anos. Ela continua com mesma força e beleza graças ao seu criador. Suas ótimas curvas mostram que além de ser uma beldade brasileira, ela sempre será a nossa eterna vampira.
Eugênio Colonnese mostrou, de forma definitiva, que os quadrinhos brasileiros de terror tem muito futuro. Os admiradores deste gênero estarão sempre aplaudindo o seu trabalho. Temos certeza que um dia Mirza estará nos cinemas e em alguma série de TV. E certamente, Eugênio Colonnese será sempre reverenciado pelos fãs por sua incrível criação.
Eu vivi minha adolescência os anos 70. Apaixonado por gibis, eu tinha uma coleção de revistas de terror de várias editoras e, algumas delas, traziam “Mirza – A Mulher Vampiro”, que eu adorava. De tanto “viajar” nessas histórias, um dia eu decidi que escreveria minhas próprias narrativas de horror e fantasia. Da intenção à concretização do sonho, passaram-se muitos anos. Nesse tempo, escrevi peças de teatro, roteiros que ninguém viu, contos e crônicas, um romance de aventura e fantasia e uma novela gótica. Em 2016, finalmente, apresentei a minha própria vampira ao mundo, no livro “Lilith – Noite Adentro. Embora apresente uma concepção diferente, minha vampira foi concebida a partir dos traços de Eugênio Colonnese, que permaneceram em minha memória afetiva todos esses anos. Lilith está na Amazon, mas pode ser conhecida em meu site.
Vampirella é o cacete. Eu queria uma noite com a Mirza.
A imagem que tem um demônio de vermelho atras , não é Mirza e sim Angélica a Filha de Satã.
Mirza a mulher vanpiro uma chicara de café e uma revista de mirza e o tele trasporte acontecia do mundo real al mundo de mirza grande desenhista elgenio colonesce…