É sempre importante ressaltar a dificuldade de escolha dos melhores filmes do ano. Quando você pensa na quantidade de estreias, seja pelo cinema ou vídeo, e até aquelas produções que foram diretamente para o serviço de streaming ou estão disponíveis para download… Também torna a tarefa mais complicada a diferença entre um lançamento realmente de 2015 ou uma produção que chegou por aqui com o velho atraso de sempre.
Tendo em vista a grande quantidade de produções ruins que chegaram aos cinemas brasileiros, não é estranho constatar que muitas listas dos melhores envolvam filmes como Corrente do Mal, exibido em festivais nacionais em 2014, tanto que foi uma das produções votadas ao término do ano. Então, para muitos, o longa de David Robert Mitchell é considerado o melhor pelo segundo ano consecutivo! Impressionante, não? Enquanto outros sites apontam A Bruxa como o melhor do ano, mas será que, ao final de 2016, ele estará novamente entre as opções, já que só deve chegar por aqui somente agora?
Com essa confusão entre melhores e piores, fiz a minha seleção dos melhores e piores de 2015. Não falei sobre A Bruxa porque ainda não vi, o que pode render uma menção no término do ano. Confira e opine a respeito!
CATEGORIA DENTISTA (filmes lançados no Brasil em 2015)
Boca sorridente (o filme mais divertido do ano): Bone Tomahawk (2015) – Enquanto todos os olhares estavam voltados pelo lançamento (ou não) de Canibais (The Green Inferno), até pela promessa de resgate do ciclo italiano de canibalismo, esse longa de S. Craig Zahler parece que entendeu melhor a proposta. Enquanto o filme de Eli Roth não se definia entre comédia e homenagem, além do uso horroroso de efeitos de CGI, Bone fez um trabalho sério, seco como o deserto, e com a ousadia que víamos nos melhores exemplares da década de 70. Para completar o pacote, há um elenco muito bem escolhido, com Kurt Russell, Patrick Wilson, Matthew Fox, Richard Jenkins e David Arquette, com uma participação especial de Sid Haig, e o figurino e trilha são impecáveis.
Também vale a pena destacar a diversão proporcionada pelo novo Star Wars – O Despertar da Força, visto como uma sequência-homenagem da franquia; Homem-Formiga, a melhor produção de herói do ano; Mad Max – Estrada da Fúria, uma das produções mais empolgantes do ano daquelas que forçam você a vê-la duas vezes; Stung (2014), uma comédia bem legal com insetos gigantes. Foram filmes que valeram o ingresso e permitiram ao público uma sensação de satisfação muito boa.
Desbocado (filme mais violento, sangrento e ousado que você viu):
Boa Noite, Mamãe (2014) – Previsto para chegar aos cinemas nas próximas semanas (o que o fará estar na lista dos melhores de 2016, provavelmente), o longa (de 2014!!!) surge como um drama familiar, envolvendo o rico universo infantil até se transformar numa porrada violenta nos últimos quinze minutos. É uma homenagem, quase um remake, de um clássico do século passado e que não deve ser mencionado para não estragar uma das surpresas. Com direção de Severin Fiala e Veronika Franz, e atuações impecáveis dos irmãos Schwarz, Boa Noite, Mamãe deve ser consumido lentamente para que o final possa ter o sabor amargo ideal.
Outros filmes violentos e que merecem menção: Ainda Estamos Aqui (2015), Deathgasm (2015), novamente Bone Tomahawk (2015) e Let Us Prey (2014).
Boca Aberta (aquele que te surpreendeu…positiva ou negativamente):
Positivamente: Mad Max – Estrada da Fúria (2015) – Novamente o longa de George Miller aparece por aqui. Ninguém conseguia imaginar o que viria desse reencontro ao universo pós-apocalíptico que o autor havia conduzido no século passado. E o resultado foi extremamente positivo, seja na trilha sonora, na composição das cenas de ação quase ininterruptas e na atuação de Charlize Theron, roubando as atenções que deveriam ser do protagonista.
Negativamente: A lista é imensa, mas vale mencionar o remake de Poltergeist, com uma história que poderia funcionar se excluísse a relação com o original. Bem feitinho na direção, mas com efeitos digitais exagerados e desnecessários, mostrando mais do que devia e a substituição indevida da Tangina. Também entram aqui Canibais, de Eli Roth, por conta de sua proposta irregular; A Mulher de Preto 2, como um drama que esconde o horror; e Maggie – A Transformação, um dos filmes de zumbis mais sonolentos já realizados.
Bocarra (o melhor filme de 2015):
Ainda Estamos Aqui (2015) – Surpreso? Quando você pensa num filme de horror que resgata as produções envolvendo casas assombradas, com um enredo de vingança sobrenatural sensacional, não tem como não apontá-lo como melhor de 2015! Bem dirigido por Ted Geoghegan, a produção resgata a atriz Barbara Crampton para o protagonismo e apresenta assombrações de gelar a espinha. E ainda tem sangue em profusão, violência, sustos, ambientação macabra e trilha sonora bem escolhida. Deveria ter sido exibido nos cinemas brasileiros!
Também vale mencionar a antologia nacional As Fábulas Negras, o ataque licantropo de Late Phases, Mad Max, Corrente do Mal e Last Shift.
Boca Banguela (o pior filme de 2015):
A Forca (2015) – Qualquer votação sincera dos piores do ano deve incluir essa tranqueira. O longa de Travis Cluff e Chris Lofing veio com um marketing pesado, que transformou as salas de aula num inferno de brincadeiras sobrenaturais, para resultar num trabalho repleto de clichês, som exagerado, sustos extremamente artificiais para um enredo bobo e óbvio demais. Um desperdício de publicidade, como se o público fosse comprar um sapato novo e descobrisse que voltou para casa com um chinelo usado.
Há também muita ruindade em Exorcistas do Vaticano (2015), mais um exemplar de possessão para deixar qualquer um possesso. Vale citar outras porcarias como Voo 7500, Jogos Vorazes: A Esperança – O Final, o novo Quarteto Fantástico e a ficção O Destino de Júpiter.
TRATAMENTO DE CANAL (séries e TV)
Dente de Ouro (melhor série, minissérie ou filme para a TV):
Ash Vs Evil Dead (2015): Não teve jeito. O retorno de Ash e o seu encontro com os deadites, o Necronomicon e até a velha cabana fizeram a diferença em 2015. Mesmo com o humor que remete a Uma Noite Alucinante 3, os bons efeitos especiais, o elenco bem escolhido e a interpretação de Bruce Campbell elevaram a série ao status de melhor produção para a TV do ano!
Dente Amarelo (pior série, minissérie ou filme para a TV):
Under the Dome – 3ª Temporada (2015): a primeira temporada já havia sido um tanto irregular em comparação à obra original. Com a segunda e a bagunça alienígena, não havia porque continuar, mas, ainda assim, fizeram uma nova temporada, extremamente ruim, cansativa, cheia de buracos na trama e atirando para todos os lados com homenagens a Matrix e Invasores de Corpos. Imagino que Stephen King deve ter ficado envergonhado de tamanha destruição de seu trabalho. Recomendo a leitura do livro gigante do autor!
Coroa (melhor filme/notícia que você analisou/pesquisou)
Late Phases (2014) – Nesta categoria, filmes de qualquer época poderiam ser escolhidos. Vi muitos clássicos legais da trajetória do lobisomem de Lon Chaney Jr. e até o absoluto Um Lobisomem Americano em Londres (1981). Mas, optei por selecionar aqui uma obra que me surpreendeu positivamente, principalmente por ser recente. Com um protagonista cego e idoso, não havia como imaginar suas ações contra um grupo de lobisomens numa comunidade de repouso. Com bons efeitos e sangue em profusão, Late Phases é um horror claustrofóbico, com crítica social, que merecia uma oportunidade entre os lançamentos do ano.
Maneiro.
Só não concordei com a avaliação positiva de Boa noite, Mamãe. Achei, sinceramente, o filme muito ruim. A “surpresa” é perceptível em menos de 10 minutos de filme e, por isso, ele fica se arrastando até os 15 minutos finais que, diga-se de passagem, é desnecessário. Fui assistir com grandes expectativas e me decepcionei muito. We are Still Here é muito bom e Doce Vingança 3 também é ótimo.
Olá, ador seu site, sigo já a muitos anos. e fiquei com uma curiosidade que não consegui encontrar resposta. o Good night mommy é remake de qual filme? conta pra gente. obrigada
Discordo totalmente do melhor do ano, que com certeza foi Last Shift e não We are still here.
Anotei pra assistir a Ainda Estamos Aqui; Boa Noite, Mamãe; As Fábulas Negras e Late Phases. Vi pouca coisa nos gêneros fantásticos, a destacar obviamente A Corrente do Mal e o novo Mad Max. Saudades dos anos 80 e começo dos 90, quando o terror era tratado com mais consideração pelas salas exibidoras – até produções pequenas como Criação Monstruosa, Bad Brains e Noites Macabras de Nova York eu tive o prazer de ver em tela grande. Hoje só dão valor a comedinhas globais e distopias adolescentes.
Queria tanto que todos os personagens do novo Mad Max tivessem morrido no final; queimados, de preferência. Que filme xarope do caralho; um vai e vem explosivo sem eira nem beira!