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Mesmo se a Lua Cheia estiver escondida sob nuvens negras, o uivo que você está ouvindo na mata pode indicar a presença de um lobisomem. A criatura pode estar à sua volta, somente aguardando o momento certo para se alimentar ou até perpetuar a espécie. As lendas sobre lobisomens, muito exploradas no cinema desde o início do século XX, pode envolver sobrancelhas grudadas, dedo médio maior que os demais ou até o pentagrama nas mãos – há quem veja nos homens peludos uma grande possibilidade de ser um exemplar da raça. Mas, será que os lobisomens existiram realmente ou todos vieram de obras de ficção, baseadas em doenças mal explicadas no passado?

Durante a Idade Média, também conhecida como Idade das Trevas, os lobisomens eram colocados em julgamento ao lado das bruxas, em sessões de tortura para que confessassem sua natureza animalesca por consequência de uma devoção à Satã. Muitos, na verdade, eram assassinos em série ou lunáticos das zonas rurais com agressividade e distúrbios comparados às crianças da noite; mas, há também registros envolvendo ataques de lobos, com tamanha ferocidade e inteligência que acabaram sendo associados a uma possível reunião de atributos humanos. Para entender a força dessas criaturas especiais, vale registro um fato curioso e assustador ocorrido em Paris, em 1450.

Os Lobos de Paris (1)

Sem a grandiosidade de hoje em dia, como um local especial para os casais apaixonados, ainda assim, no período, era uma das maiores cidades do mundo. Cercada por gigantescos muros, Paris era protegida das zonas rurais para evitar ataques de animais selvagens. Com o tempo, alguns espaços foram abertos na proteção, até mesmo pelos moradores que buscavam alimento e caçavam nos campos. Apesar da exposição, o governo francês não se interessou em reparar os buracos, e a consequência dessa atitude foi sangrenta!

Naquele mesmo ano, durante o inverno, os lobos sofriam com a escassez de seu estoque alimentar. Era recomendado que ninguém ousasse caminhar pelos lados externos dos muros, e os camponeses desarmados foram vítimas fáceis, dando aos animais um gosto especial pela carne humana. Eles rapidamente aprenderam que mulheres e crianças eram mais fáceis de serem atacados, tanto pelo tamanho quanto pela fragilidade da pele. Foi com essa disposição voraz que eles resolveram invadir Paris.

Exatos 40 parisienses foram mortos pelas criaturas, gerando um pânico que se espalhou rapidamente pela cidade como as próprias feras. Caracterizado por uma curiosa pelugem avermelhada – o que indica descendência Ibérica do Norte da Espanha -, o líder da alcateia, com sua calda curta agitada, foi apelidado pelos locais de “Courtaud” ou “Bobtail” (do verbo “bob“, que significa “agitar“, “sacudir“). Muito estudo se desenvolveu sobre esse lobo peculiar, já que sua pequena cauda trouxe especulações sobre um possível confronto com a espécie na região.

Os Lobos de Paris (2)

Sem alternativas, os parisienses decidiram livrar a cidade da alcateia assassina, desta vez com a ajuda do governo. Armados com o que tinham em mãos, eles concentraram as criaturas no coração da cidade, em frente a Catedral de Notre Dame. Lá, atiraram lanças e pedras até que todos os lobos fossem mortos.

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1 comentário

  1. Excelente texto! Podia virar um daqueles Escriba Café.

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