Um Fantástico Medo de Tudo
Original:A Fantastic Fear of Everything
Ano:2012•País:UK Direção:Crispian Mills, Chris Hopewell Roteiro:Crispian Mills Produção:Crispian Mills, Geraldine Patten Elenco:Simon Pegg, Alan Drake, Kiran Shah, Jack Jaikol Situn, Michael Feast, Henry Bowers-Broadbent, Clare Higgins, Paul Freeman, Mo Idriss, Doug Tulloch, Elliot Greene |
Ao longo de sua carreira na TV e no cinema, o ator inglês Simon Pegg é sempre associado ao humor, graças ao seu início no stand up e a participação em diversos filmes do gênero comédia. Tornou-se popular entre os fãs de produções fantásticas quando atuou no genial Todo Mundo Quase Morto (2004), sendo, inclusive, elogiado por ninguém menos do que George A. Romero, surgindo o convite para interpretar um zumbi em Terra dos Mortos e emprestar sua voz em Diário dos Mortos. Com o sucesso do longa, o astro logo tocaria mais vezes no humor negro em trabalhos como Chumbo Grosso e Grindhouse (2007), Burke and Hare (2010) e Paul – O Alien Fugitivo (2012). Em 2012, assumiu o papel de protagonista no filme de estreia de Crispian Mills intitulado Um Fantástico Medo de Tudo, dividindo a opinião do público entre elogios e críticas, principalmente pela dificuldade em classificar a produção.
Não se trata de um filme de horror ou comédia. Há toques de humor negro psicológico, enquanto promove a insanidade do personagem principal em seu monólogo constante, mas também há evidências noir, drama e aspecto teatral, não facilitando a digestão para aqueles que estão acostumados com um estilo pré-definido repleto de gags e situações comuns. Talvez por essa indefinição, ninguém melhor do que Simon Pegg para assumir o elenco, pois sua filmografia já provou sua capacidade para interpretar tipos estranhos.
Ele faz o papel de Jack, um falido escritor de livros infantis que está pesquisando assassinos vitorianos para uma futura série de TV. Sem as oportunidades necessárias para alcançar a fama, o autor se torna obcecado por sua pesquisa, gerando uma terrível paranoia que o faz acreditar que será vítima de assassinato. Preso em sua morada, Jack passa a temer tudo, desconfiar de todos, encontrar evidências de futuros crimes onde não existem. Ao conversar com o seu psiquiatra, ele resolve ir a fundo nas origens de seu pesadelo, algo relacionado a uma trauma ocorrido numa lavanderia, quando ela era um garoto. Assim, o assustado Jack parte para uma jornada para lavar suas roupas para um encontro imediato com um executivo de Hollywood, mas muitas surpresas e neuroses irão tornar sua missão ainda mais difícil.
Jack enxerga vultos e silhuetas sinistras, procura tendências homicidas no garçom e até enfrenta dificuldade em conversar com um grupo de crianças em seu coro natalino. Aos poucos, ele próprio passa a adquirir as características de um serial killer quando seu forno explode agredindo parte de seu rosto, e ele cola uma faca em sua mão. No entanto, a maior dificuldade será encarar um verdadeiro assassino e um grupo de donas de casa que acredita realmente estar diante de um psicopata.
A partir de sua narração, o roteiro permite a simpatia do público com o sofrimento de Jack, associando as angústias de sua personagem ao pequeno ouriço de sua história infantil. Quando ele resolve externar seus sentimentos, percebe-se que o passado traumático nem sempre cria assassinos, mas, muitas vezes, dele surgem vítimas de suas condições, pessoas solitárias e problemáticas.
Crispian Mills fez um bom trabalho na direção e roteiro de Um Fantástico Medo de Tudo, sabendo alternar pesadelo, alucinações e até fantasias de forma bem humorada, transitando em poucos ambientes sem se tornar cansativo. Muitos não irão gostar do filme pela expectativa de acompanhar uma comédia exagerada, mas o humor inglês refinado não irá fazê-los rir, e, sim, apresentar situações inusitadas e até cômicas, que poderiam classificar a produção num divertido exemplar da filmografia de Simon Pegg.
deve ser bem engraçado,gosto de filmes com humor negro.