666 - O Filho do Mal
Original:666: The Child
Ano:2006•País:EUA Direção:Jack Perez Roteiro:Benjamin Henry Produção:David Fletcher, David Michael Latt, Sherri Strain Elenco:Adam Vincent, Booboo Stewart, Sarah Lieving, Rodney Bowman, Nora J. Novak, Lucy Doty, Bob McEwen, Kim Little, Katie Winslow, Robert Pike Daniel, D.C. Douglas, Maegan Stewart, Ana Berry |
“Let him who hath understanding reckon
the number of the beast for it is a human number,
it’s number is Six hundred and sixty six”
Cruz invertida, pentagrama, chifres…o Diabo é facilmente reconhecido na literatura e no cinema fantástico moderno. Ainda que tente se esconder através dos olhos ingênuos de uma criança, é possível localizar um sinal em seu corpo, representado pelo número 666, segundo a tradição cristã. Gregory Peck até que tentou evitar a ascensão do Mal quando descobriu que Damien possuía a tal marca, no clássico de Richard Donner A Profecia, de 1976, mas era inevitável. Vieram continuações, mais aparições do Diabo em produções similares até o remake desnecessário de John Moore, aproveitando a combinação da data 06/06/2006. Aliás “aproveitar” também é sinônimo da produtora The Asylum, conhecida pela realização de filmes picaretas e baratos, vivendo à sombra dos blockbusters, surpreendendo até mesmo Satã quando anunciou no mesmo período o quase trash 666 – O Filho do Mal.
Dirigido por Jack Perez (Mega Shark vs Giant Octopus, Garotas Selvagens 2), a partir de um roteiro de Benjamin Henry, o filme não nega sua fonte de inspiração no clássico, copiando na cara de pau todos os principais elementos do texto de David Seltzer. E também não esconde a sua própria marca: se não possui o tal do 666, pelo menos deixa evidente toda a ruindade dos piores trabalhos da The Asylum, envolvendo posicionamentos de câmera irregulares, fotografia pobre, trilha preguiçosa e atuações de novela.
A âncora de TV Erika (Sarah Lieving, de outros filmes ruins como Mega Shark vs Crocosaurus, A Noite dos Mortos-Vivos: Re-Animação e Super Shark) se emociona durante uma reportagem envolvendo a queda do avião 666 – que criativos! -, tendo apenas um garoto como sobrevivente. Ela resolve adotar a criança com o apoio do marido, o cinegrafista Scott Lawson (Adam Vincent), mesmo sem conseguir muitas informações a respeito dela, apenas o envolvimento com um incêndio num orfanato. O pequeno Donald (Boo Boo Stewart, que depois faria sucesso como o Seth da Saga Crepúsculo) já mostra a sua propensão para o mal ao levar à morte um casal de enfermeiros que se curtia num quarto próximo. Mais mortes irão acompanhar o menino, sempre deixando evidências de possíveis acidentes, como a que acontece com o avô, degolado pelo ventilador de teto ou o cunhado e seu encontro com um cortador de grama.
Embora tentem passar a ideia de acidentes, é engraçado imaginar o que levaria um dentista e sua assistente (interpretado pela irmã do endemoniado, Maegan Stewart, de Skeleton Man) a uma morte ocasional usando o famigerado “mortorzinho“. Assim como também é curiosa a reação simples de Scott quando perde o pai, ignorando até mesmo o luto para transar com a babá Lucy (Nora J. Novak), uma serva do Diabo, como a senhora Baylock no clássico, que apareceu no local sabe-se lá de onde apenas para proferir frases de adoração ao Mal e apoiar o pequeno diabo.
Quanto as referências (ou homenagens) à Profecia há tantas que passariam tranquilamente do 666. Orfanato incediado, um padre sobrevivente com queimaduras, recortes de jornal com referências ao fim dos tempos e Bíblia, a busca pela identificação do filho de Satã, a luta do pai para matar o garoto, a babá, os avisos sobre a natureza da criança…e principalmente o final idêntico. Ficaram faltando apenas a cena do enterro e o sorrisinho maléfico do pequeno para completar esse remake bastardo e mal feito.
Se a The Asylum costuma se aproveitar de datas e filmes maiores, o Boca do Inferno também faz o mesmo ao usar esta produção como a crítica número 666 do site, após a reformulação em março. Para um site de horror, a marca é um número significativo de evolução de seu conteúdo e o início de uma nova era, independente do uso de um filme medíocre como este ou o 12/12/12 usado no aniversário. É a ascensão do Mal, sem a interferência de Gregory Peck ou Liev Schreiber!
Obs: Nos créditos, a The Asylum faz algumas brincadeiras como a de dizer que “nenhuma criança demoníaca foi ferida durante a produção” e que “qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é pura coincidência. Nós sugerimos que você faça uma dupla verificação se ninguém na sua casa possui a marca do demônio“.
estou fora.
Os filmes da Asylum são ruins demais. Aqueles envolvendo monstros gigantes ainda se salvam pela diversão, mas quando tentam fazer horror e suspense o resultado é catastrófico.