Pesadelo Futuro
Original:Mindwarp
Ano:1992•País:EUA Direção:Steve Barnett Roteiro:John D. Brancato, Michael Ferris Produção:Christopher Webster Elenco:Bruce Campbell, Angus Scrimm, Marta Martin, Elizabeth Kent, Mary Becker, Wendy Sandow, Brian Brill, Bekki Vallin, Matt Hensley, Keith Rodenberger, Gene McGarr |
Que tipo de fã de terror não ficaria empolgado ao ver dois dos maiores ícones do cinema do final dos anos 70 e início dos anos 80 contracenando justos pela primeira e única vez? Em 1990 o diretor Steve Barnett (Scanner Cop II) reuniu Bruce Campbell (o eterno Ash da cinessérie Evil Dead) e Angus Scrimm (o também eterno Tall Man da cinessérie Fantasma) para uma produção sobre um futuro pós-apocaliptico onde somente o caos impera.
Infelizmente em Pesadelo Futuro acontece uma história muito recorrente em produções do gênero: uma ideia cheia de potencial se torna ofuscada por fatores não tão brilhantes, tornando o resultado final na linha da mediocridade, não por culpa da dupla de experientes atores com certeza, mas principalmente pelo roteiro.
O roteiro criado pela dupla John D. Brancato e Michael Ferris (dupla responsável pela excelente história do igualmente excelente Vidas em Jogo) poderia ser uma versão B paleozóica de Matrix, um pouco mais gore, entretanto a falta de bons diálogos e situações que realmente fazem jus ao nível da direção de Barnett e do elenco, acaba deixando a peteca cair e o que poderia ser entretenimento puro, fica arrastado com poucos momentos interessantes.
Em um futuro não muito distante uma empresa chamada Infinisynth é responsável pela produção de uma máquina de sonhos, que provê aos seus usuários a real sensação de todos os desejos que estas pessoas possam ter. Conhecemos então duas mulheres usuárias da máquina, Judy (Marta Alicia) e sua mãe anônima (Mary Becker de Roteiro Fatal).
O planeta Terra fora da salinha onde as mulheres ficam é desconhecido e elas acordam apenas para se alimentar, mas Judy está cansada de toda esta ilusão, precisando de um contato humano real e ao mesmo tempo curiosa sobre o mundo exterior.
Até que após conseguir interferir nos sonhos de sua mãe, o poderoso operador do sistema a desconecta e um grupo de homens invade o local, rapta a garota e a enterra sob o solo do mundo exterior.
O tal “mundo real” é desolador: caveiras crucificadas em um cenário desértico, cheio de monstros e com um solo infértil. Neste local em um momento de adversidade, Judy conhece um dos últimos sobreviventes humanos, Stover (Campbell). O homem veste grossas camadas de peles de animais – até seu arco é coberto de pele e vive das caçadas de gambás pelas redondezas.
Stover explica que a destruição da camada de ozônio espalhou o caos na natureza e alastrou por todo o planeta, que agora está cheio de monstros canibais no subsolo, por isso os corpos crucificados.
A convivência faz com que o casal se envolva emocionalmente, entretanto a alegria de Stover vira desespero quando os dois são raptados para o subsolo por um bando de monstros. O rapaz é levado como escravo para as minas de onde retiram um monte de lixo, enquanto a garota fica sob os cuidados da semimuda Claude (Wendy Sandow) e de Cornélia (Elizabeth Kent), uma mulher arrogante que passa a ter inveja da beleza de Judy. Logo Judy é apresentada ao seu pai Theodore (Angus), há muito tempo desaparecido, que se tornou uma espécie de sacerdote sanguinário e que habitualmente faz sacrifícios onde seus discípulos bebem o sangue das suas vítimas. Cabe agora a Judy evitar os delírios de grandeza de seu pai insano e descobrir a verdade, enquanto Stover tenta fugir da tirania da escravidão e voltar a superfície.
Steve Barnett faz um bom trabalho na direção e entrega uma obscuridade em sua visão do futuro, sombria e poluída, bem interessante pelo que o filme tenta passar. Os efeitos especiais são bem trabalhados com uma boa dose de sangue, especialmente as sanguessugas, e a maquiagem dos monstros convence na maior parte do tempo.
Falando sobre o elenco: Bruce Campbell é Bruce Campbell e Angus Scrimm é Angus Scrimm – preciso dizer algo mais?? Falando sério, Stover é muito parecido com um Ash versão homem das cavernas e a atuação canastra de Campbell vem muito a calhar para este tipo de personagem; já Angus, em um paralelo com Fantasma, tem muito mais falas e fica legal vê-lo atuando de verdade, não apenas fazendo seu andar lento e expressão ameaçadora (Não que eu estivesse reclamando, é claro…). Uma pena que Marta Alicia, com um papel importante como este, não tinha a experiência nem o talento correspondente para atuar com esta dupla. Na minha opinião não foi uma escolha feliz da produção.
Mas de todos os pontos dignos de discussão, o que mais onera o desempenho do filme é o roteiro. O início muito bem bolado dá lugar a um monte de clichês e diálogos ruins – que poderiam ser evitados – e um final feliz que era tudo o que o filme não precisava.
Para os fãs, uma reunião memorável, mas apenas capacidade não é suficiente para sustentar uma produção até o fim. Pesadelo Futuro fica então valendo apenas pela curiosidade, não passa muito disto.
curioso,mas só assistiria pelos atores mesmo.