Armadilhas Mortais
Original:Are you Scared?
Ano:2006•País:EUA Direção:Andy Hurst Roteiro:Andy Hurst Produção:Michael Feifer Elenco:Alethea Kutscher, Erin Consalvi, Brad Ashten, Carlee Avers, Kariem Marbury, Soren Bowie, Eric Francis Jennifer Cozza James, Brent Fidler, Rydell Danzie, Madison Dylan |
Uma loirinha caminha num ambiente desconhecido, espécie de galpão ou depósito de ferramentas abandonado, com as mãos algemadas às costas e vestindo um estranho colar luminoso, enquanto é observada por uma câmera, com o foco levemente distorcido. Desesperada, a jovem pergunta se alguém pode ouvi-la, se aquilo fazia parte do jogo e afirma que não quer mais participar da brincadeira. O silêncio que até o momento a acompanhava é interrompido por uma voz macabra: – Oi, Tara. Está pronta para jogar pela chance de ter um contrato como modelo?
A garota recebe uma tarefa aparentemente simples: apertar dois botões que se encontram numa sala próxima, na sequência vermelho e verde, em menos de um minuto. Caso não aperte em tempo, o colar irá pressionar agulhas contra seu pescoço, fazendo-a sangrar até a morte. Para apertar o primeiro botão, Tara deverá atravessar um corredor de cacos de vidro. Já o segundo botão está dentro de um aquário com uma estranha solução, que, mais tarde, ela descobrirá com o próprio rosto que se trata de um forte ácido corrosivo.
Parece mais uma morte típica dos filmes da franquia Jogos Mortais, certo? No entanto, na verdade, trata-se de um genérico, uma produção picareta cuja função única é a de lucrar com o sucesso de JigSaw e suas armadilhas geniais. E a cópia é tão cara de pau que o assassino aqui surge com o propósito de ensinar suas vítimas, que acreditam seriamente que a conclusão do desafio permitirá o acesso à saída do local ou a um determinado prêmio. Estou me referindo ao Armadilhas Mortais (Are you Scared?), produção de 2006, lançada diretamente no mercado de vídeo, dirigida e roteirizada pelo desconhecido Andy Hurst, da franquia Garotas Selvagens.
As homenagens não se limitam ao conceito básico de Jogos Mortais. O segundo filme é bastante lembrado quando seis jovens (sempre eles) acordam numa espécie de fábrica abandonada (na segunda empreitada de JigSaw, as vítimas acordam numa casa cheia de armadilhas, lembram-se?). Neste, eles só possuem em comum o interesse em participar de um novo reality show chamado Are you scared? (Você está com medo?), onde possivelmente conquistarão a fama e muito dinheiro encarando seus piores medos, contados na fita de inscrição. O mais engraçado de tudo é saber que os jovens revelaram seus medos reais, sendo que eles podiam ter inventado algo menos traumático ou até mesmo mais divertido, o que evitaria dores e problemas no futuro. Curiosamente, um dos personagens comenta tardiamente o erro em ter revelado a verdade – provavelmente Hurst percebeu que a ideia era muito idiota e quis mostrar que estava consciente de suas falhas.
Assim que se encontram no local e fazem as devidas apresentações, escutam a voz do homem misterioso que anuncia o início do jogo. O que começou com momentos de desespero – devido ao fato deles estarem presos num local estranho – torna-se motivo de felicidade com a possibilidade de sucesso e fama na TV – uma mentira básica do vilão. Ainda assim, temos uma falha evidente no roteiro: um dos jovens acorda com uma bandagem em seu corpo, dando indícios que fora cortado ou tenha feito alguma cirurgia. Mas, tal fato é esquecido e ignorado quando ele passa a acreditar que está participando de um reality show. Ora, se o Big Brother Brasil fosse assim, talvez teríamos mais diversão ao ver os participantes feridos e mutilados.
Esse mesmo indivíduo com memória curta é o primeiro que se apresenta para enfrentar seus medos. Aqui já cabe mais uma observação: o que aconteceria se Kelly (Alethea Kutscher – atriz parecidíssima com Jenna Dewan, que fez o filme Tâmara, 2005) optasse por ser a primeira a participar do jogo do vilão? Se você conseguir ver o filme até o final, irá se lembrar dessa questão. Em sua fita de inscrição, o rapaz afirmou que tem medo de acordar durante uma cirurgia…espere um pouco. Aconteceu isso há alguns minutos atrás e o indivíduo até pulou de alegria quando soube que poderia estar na TV. Sim, um furo tão grande quanto o que fizeram nele…
Conduzido a uma sala cheia de instrumentos cirúrgicos e ansioso pela sua atuação diante das câmeras, o jovem ouve a voz do vilão que diz que ele terá menos de um minuto para encontrar uma chave para escapar do local antes que seu corpo vá pelos ares. Ganha um doce quem adivinhar onde está a chave! Trata-se de mais um momento inspirado na cena inicial de Jogos Mortais 2, que é muito mais violenta e tensa, apesar do ritmo acelerado de costume.
Assim, Armadilhas Mortais traz uma série de armadilhas diferentes para cada jovem, todas relacionadas aos medos que eles revelaram ter. A mais criativa, porém menos eficiente graças a atuação pouco convincente dos envolvidos e à situação forçada a qual são apresentados, é a dos irmãos gêmeos. A jovem Cherie (Erin Consalvi) diz ter medo de perder o irmão (Soren Bowie). Ambos são conduzidos a uma sala onde notam-se algumas engenhocas cobertas por panos (e eles não têm curiosidade em ver do que se trata) e duas cadeiras iguais a usadas pelos dentistas. Eles devem prender os braços e o pescoço às cadeiras (alguém algemaria a si mesmo diante de algo desconhecido?) e acionar um botão. Ao ligar à máquina surgem duas brocas apontadas diretamente para a testa deles; cada um possui um botão que pode desativar sua broca, mas acionará a outra, apontada para o irmão. Agora, entre choros e gritos de desespero (a atuação é muito fraca), eles devem decidir quem irá morrer pela vida do outro.
Quando tudo parece perdido, o filme se revela um bom slasher (eu disse bom), quando alguém decide mudar o rumo da brincadeira. O vilão, então, não tem outra alternativa a não ser sair de sua toca e matar pessoalmente os sobreviventes. É nesse último ato que teremos a cena mais interessante e violenta do filme: lembrando o slasher Nigthmare in a damaged brain (1981), acompanhamos sem cortes uma pessoa tomar uma machadada na altura da boca. A cena é tão bem feita que é impossível não tentar utilizar o recurso do quadro-a-quadro para encontrar alguma falha. Só essa cena justificaria uma possível curiosidade numa conferida. Só!
Apesar de algumas críticas positivas na internet, é provável que seja uma armadilha dar algum credito a esse filme. E no final, fica a vontade de ver o diretor/roteirista preso na cadeira da broca, enquanto acionamos a máquina com botão fast foward do controle remoto para ver se existe alguma criatividade escondida em seu cérebro.
Eu queria achar o segundo filme completo dublado ou legendado
Eu curti, é legalzinho.
não vi ainda,mas a nota não me animou,sem falar que deve ser meio cópia de jogos mortais.
É sempre bom quando o filme toma alguma reviravolta no final, quando vc acha que ele vai acabar no lugar-comum. Eu não vi esse filme, pq nem gosto de filmes de tortura, mas esse último ato me deu vontade de assistir.