A Arma de Lizzie Borden
Original:Lizzie Borden Took an Ax
Ano:2014•País:EUA Direção:Nick Gomez Roteiro:Stephen Kay Produção:Michael Mahoney Elenco:Christina Ricci, Clea DuVall, Billy Campbell, Stephen McHattie, Gregg Henry, Shawn Doyle, Jennifer Kydd, Kyle Mitchell, Andrea Runge, John Maclaren |
Foi na manhã quente de 4 de agosto de 1982, na cidade de Fall Rivers, Massachussets, que um duplo homicídio entraria para o folclore dos EUA. Andrew J. Borden e sua esposa Abby Borden acabaram sendo brutalmente assassinados por pancadas de um objeto pontiguado. As suspeitas caíram sobre a filha mais nova de Andrew, e que era enteada de Abby, Lizzie Borden, que teria supostamente matado o casal com um machado. Num julgamento marcado por depoimentos contraditórios e pelo sensacionalismo da imprensa. Lizzie acabaria sendo absolvida do crime. Ninguém nunca foi condenado pelos assassinatos. No entanto Lizzie acabaria sendo condenada pela imaginação popular, se tornando um ícone pop, como a assassina do machado.
A história de Lizzie Borden deu origem a inúmeros livros, teorias e especulações diversas: sobre sua culpa intencional, ou de que ela teria cometido os crimes sobre uma espécie de transe, em vista que ela estava menstruada na época, e caia em sono profundo durante o período, reforçado pelo fato de ser epiléptica, portanto teria matado o casal inconscientemente; de que seria inocente e a culpa seria da empregada ou de outro qualquer morador de Fall Rivers, visto que o pai Andrew era uma figura notoriamente odiada pela comunidade. E até especulações sobre o suposto lesbianismo de Lizzie.
Lizzie Borden também inspirou um musical, “Lizzie Borden: A Musical Tragedy in Two Axe”, e a tradicional canção infantil de pular corda norte americana “Lizzie Borden Took an Axe”: “Lizzie Borden took an axe / And gave her mother forty whacks / When she saw what she had done / She gave her father forty-one” (Lizzie Borden pegou um machado / E deu a sua mãe quarenta golpes / Quando viu o que tinha feito / Ela deu a seu pai quarenta e um), há um exagero na letra da canção quanto as estocadas, já que se suspeita que o marido tenha morrido com “apenas” doze golpes no rosto e a esposa onze. Inspirou também o nome de uma banda de hard rock farofa dos anos 80: Lizzy Borden. A antiga casa dos Bordens ainda esta de pé, e tem fama de ser assombrada.
Apesar desse currículo todo, curiosamente a história sobre os crimes cometidos na casa dos Bordens nunca foram devidamente levados para o cinema. Em compensação há dois telefilmes: o primeiro é o elogiado The Legend of Lizzie Borden (1975) de Paul Wedkos, no papel-título a lendária Elizabeth Montgomery, do seriado A Feiticeira; e o segundo é justamente Lizzie Borden Took na Ax com a Christina Ricci agora assumindo o papel da protagonista.
O filme começa mostrando Lizzie em sua vida familiar, suas rusgas com o pai autoritário (Stephen McHattie), sua relação com a irmã mais velha (Clea DuVall). A produção mostra a personagem central como uma garota que adora festas, o que obriga a burlar as proibições paternas para ir aos eventos, que clama por mais liberdade, e também é dada à mentira e à cleptomania. Até a fatídica manhã em que ela encontra o pai morto no sofá (mais tarde a policia encontraria o cadáver da madrasta no quarto do andar superior da casa), daí vira filme de tribunal, com direito as contradições de Lizzie, suas mentiras, seus depoimentos feitos sob o efeito de morfina, suas atitudes suspeitas, os ataques do promotor (Gregg Henry do clássico Dublê de Corpo), que chega a levar os crânios dos pais da réu para o tribunal. Até a famosa absolvição, e no final abrupto, o filme apresenta sua versão num flashback, tudo muito esquematizado…até demais.
Se o telefilme de 1975 tinha no elenco a estrela televisiva Elisabeth Montgomery, ela própria uma descendente da família Borden, nessa versão 2014, para não ficar para trás, temos numa ponta não creditada como auxiliar do médico legista, Jono Borden, também descendente do clã Borden, e uma autoridade em pesquisas em relação aos assassinatos de seus antepassados. A princípio ele teria sido convidado como consultor, mas aceitou aparecer nessa pontinha.
Produzido pelo canal Lifetime, Lizzie Borden Took an Ax é o típico telefilme com cara de telefilme: insosso, pasteurizado, insípido, visualzinho bonitinho, mas ordinário. Alguns fatos interessantes da vida de Lizzie como seus transes de epilepsia, o fato de estar menstruada na época dos crimes…são relegados ou apenas insinuados. O diretor Nick Gomez, que tem no seu currículo uma boa quantidade de produções para a TV, parece dirigir por atacado, sem tesão algum. Todos aqui parecem estar no piloto automático, inclusive Christina Ricci, que passa a impressão de soltar uma careta aqui e ali, apenas para não pegar no sono. Sem falar que o filme perde a oportunidade de mostrá-la nua.
As cenas de tribunal são tão entediantes quanto um campeonato de bingo de igreja. O que salva um pouco do fiasco total são as cenas das mortes no flashback final, com direito a close no rosto mutilado do patriarca dos Borden. Pena que a cena passa muito rapidamente, só para dar aquele gostinho de que a obra poderia ter sido bem melhor. Sem falar na trilha sonora, completamente equivocada, com guitarras de rock totalmente deslocadas.
Se você não conhece a história de Lizzie Borden, recomendo que navegue pela internet. Pode começar pelo Wikipédia mesmo! Qualquer matéria é mais instigante que esse filme aqui. Uma história tão controversa e com tanto potencial tratada de forma tão desleixada! É uma pena, pois Lizzie Borden merecia coisa melhor.
Eu daria quatro caveiras. Tudo entra em destaque: direção de arte, figurino, direção, elenco e principalmente, Christina Ricci.
Sem duvida, ela prova que é uma legitima Scream Queen, depois de “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (1999), esse é seu melhor papel em anos.
Após tantas versões, baseadas na historia real – com destaque para o telefilme (1975) com Elizabeth Montgomery – e outras não, a Lenda de Lizzie Borden finalmente ganhou uma segunda versão definitiva, depois da versão de Elizabeth Montgomery.
Recomendável.
Bacana, eu gosto do Lizzie Borden ( a banda), e não sabia da onde eles tinham tirado esse nome… Vou procurar mais sobre essa historia.
dá pra assistir,mas realmente só merece duas caveiras mesmo.