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Castlevania 2: Simon´s Quest
Original:Castlevania 2: Simon´s Quest
Ano:1988•País:Japão
Páginas:Autor:Editora:

por Claudio Gaspari

Com o grande sucesso do Castlevania, foi uma questão de pouco tempo para , em 1988, a Konami lançar a sequência, Castlevania 2 – Simon’s Quest para o NES 8 bits. A empresa, no entanto, não seguiu a premissa de que “time que está ganhando não se mexe”. O que seria mais óbvio? Fazer um novo jogo apenas com mais ação, gráficos mais potentes e novos chefes ou mudar toda a estrutura da jogabilidade arriscando perder os jogadores já aficcionados?

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Pois é…a Konami surpreendeu a todos criando um jogo totalmente diferente do original. Enquanto o primeiro jogo primava pela ação, sua continuação prioriza a investigação. Dessa vez o herói não fica limitado ao castelo do Drácula, e pode rodar toda Transylvania até resolver seus problemas.

O primeiro jogo era totalmente linear. Não tinha muita escolha. Siga em frente, pule, suba a escada e mate o que vier na frente. Já Simon’s Quest não te diz o que fazer. Você tem que descobrir investigando e conversando com os habitantes das vilas.

História:

O ano é 1698. Há alguns anos, Simon Belmont derrotou o Conde Drácula. O castelo foi destruído e parecia que tudo estava bem. Mas o vampiro deixou um presentinho para o herói. Sem que ele percebesse, foi amaldiçoado e começou a adoecer pouco a pouco. Só existe uma forma de se livrar da maldição. Reunir todas as partes do corpo do Conde, que estão devidamente protegidas por seus asseclas, e queimá-las no castelo em ruínas.

Na verdade o Conde fez uma jogada de mestre. Se Simon morrer, a linhagem dos Belmont acaba e ele fica sem oponente quando reviver (o que faz a cada 100 anos). Para Simon conseguir se livrar da maldição necessita reunir todas as partes de seu corpo e queimar no castelo. Ele só não sabe que isso é uma armadilha. Ao fazer isso, Drácula reviverá instantaneamente dando mais uma chance de se livrar do herói com as próprias garras.

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Som:

A Konami não pecou num dos aspectos mais marcantes do primeiro jogo. As músicas de Castlevania 2 são tão boas quanto as do original. Na verdade elas não mudaram muito, mas são perfeitamente colocadas nos momentos certos, alternando empolgação e calmaria nas horas corretas. As músicas novas eram tão boas quanto as já existentes e foram aproveitadas em outros jogos da série.

Recomendo que, quem não conhece, procure em sites de vídeos como o youtube, a belíssima música “Bloody Tears”, que foi apresentada nesse jogo e se tornou eterna nas continuações.

Gráficos:

Os gráficos de Castlevania 2 seguem o padrão do original com algumas melhorias. Claro que nem tudo são maravilhas. As vilas e as florestas são muito parecidas entre si, e como o jogo não tem mapa, temos que fazer o nosso próprio para não se perder. As muitas idas e vindas que o jogo requer o deixa um pouco repetitivo e cansativo.

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Jogabilidade:

No que diz respeito à ação, a dificuldade cai um pouco. Claro que não está facílimo, os combates são semelhantes aos do primeiro. O que facilita é a pequena existência de andares. Você segue reto na maioria dos casos e as alterações do terreno não são tão complicadas comparando com o primeiro jogo.

Já em relação à dificuldade geral, o jogo pega pesado. Como o foco do Castlevania 2 é a exploração, prepare-se para conversar muito, ir e voltar inúmeras vezes e morrer constantemente ao visitar lugares antes da hora. Como o jogo não é linear, muitas vezes invadimos ambientes sem a força necessária para tal, com inimigos fortes o suficiente para detonar Simon com rapidez.

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A movimentação do herói é semelhante a do primeiro jogo. E isso não é bom, apesar dele estar suavemente mais ágil.

O jogo inova com uma dificuldade adicional. Existe uma contagem de tempo que só é interrompida quando você está dentro de algum ambiente fechado, com dia e noite se alternando. Durante o dia os inimigos estão mais fáceis e as vilas são pontos seguros para compra e investigação, mas durante a noite não existe local protegido. Os inimigos são mais poderosos e as casas fecham suas portas. As vilas são invadidas pelas hordas de Drácula, e Simon tem que se virar para permanecer vivo. O grande problema disso tudo é que, durante a alternância entre dia e noite (que acontece a cada 5 minutos), o jogo pausa, uma mensagem aparece informando o que está acontecendo e temos que esperar preciosos segundos até voltar o jogo normal. Isso é definitivamente um saco. Talvez o maior inconveniente do Castlevania 2.

Outra coisa interessante do jogo é a possibilidade de finais diferentes a depender de suas ações. É possível terminar o jogo mesmo sem ter cumprido todas as missões. Se completar tudo e concluir com um tempo de jogo reduzido, seu final será melhor do que se pular etapas ou demorar demais. São 3 finais possíveis.

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O jogo permanece usando continues infinitos, mas apresenta outra possibilidade. Agora temos Passwords. Já facilita um pouco. Pelo menos podemos descansar a jornada e continuar no dia seguinte, coisa que o original não permitia.

A Armas:

A arma principal continua firme e forte. O chicote Vampire Killer é a vantagem básica de Simon. Assim como no jogo anterior é possível fazer upgrades. A diferença é que não são itens achados no jogo. Você tem que pagar por isso nas lojas das vilas.

O dinheiro (representado pelos corações) é peça fundamental para compra de itens e armas. Para obtê-los Simon tem que matar inimigos. Diferente do primeiro, neste jogo não encontramos corações em velas e candelabros.

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Outro elemento de RPG presente no jogo é a possibilidade de aumentar de nível ficando mais resistente aos ataques. Quanto mais bestas Simon destrói, mais força ele adquire.

Armas secundárias também estão presentes, com a diferença que elas não são perdidas ao encontrar uma segunda. Ao obtê-las, ficam no inventário para serem usadas quando necessário. Podem ser compradas ou achadas no decorrer do jogo.

Além da famosa Água Benta, item de suma importância para encontrar locais secretos, ainda temos Louros, que servem para invencibilidade temporária, Cristais que permitem ver plataformas invisíveis, passagens em lagos ou invocar tornados nos locais corretos, a Chama Sagrada, que vira uma bola de fogo ao atingir o chão, Adagas e Facas para serem atiradas nos inimigos e o Alho, que mata as bestas ao ser deixado no chão e também pode ser usada para atrair o Barqueiro (Ferryman).

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As Cinco Mansões:

Como dito anteriormente Simon deve encontrar as partes do corpo de Drácula espalhadas pela Transylvania. E elas estão em poder de seus asseclas em cinco mansões diferentes.

Costela de Drácula: Encontra-se na mansão Berkeley. Não existem chefes nessa mansão. Basta ir até o fim para encontrar o item. A Costela de Drácula pode ser usada com escudo posteriormente.

Unha de Drácula: Pode ser achada na Mansão Bodley, que também não tem chefes de fase, e pode ser usada para que o chicote quebre blocos.

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Olho de Drácula: Encontrada na Mansão Brahms. Imagine meu desespero ao chegar no fim da mansão e encontrar nada mais, nada menos que “A Morte” em pessoa. Aqui estava eu, praticamente no começo do jogo e dou de cara com o chefe de fase mais difícil do primeiro jogo. Mas a coisa não é tão complicada dessa vez. Acho que “A Morte” não se recuperou direito do primeiro encontro com Simon e está relativamente fácil. Após derrotá-la, encontramos o olho, permitindo que Simon leia escrituras escondidas nas paredes.

Curiosamente, o jogo permite que você não enfrente “A Morte”. Basta passar correndo por ela até a sala seguinte onde se encontra o olho. Mas ela está tão fácil que não vale a pena. Destruir “A Morte” é vantajoso por que ganhamos uma faca mais potente. Minha raiva maior é que, ao retornar a esta sala, ela vai estar viva novamente. Ou seja…Não dá pra “matar a Morte

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Coração de Drácula: Após ser adquirida na Mansão Rover, pode ser mostrada ao Barqueiro. Assim não precisamos mais comprar alhos para navegar. Também sem chefes por aqui.

Anel de Drácula: Está na Mansão Laruba e não tem função extra além de usar para reviver o Conde. Aqui encontramos o segundo chefe do jogo. É a máscara da vampira Carmilla, possuída por seu espírito, protege com afinco o anel do Drácula. Ela é tão fácil que chega a dar raiva. Assim como “A Morte”, Carmilla pode ser evitada num primeiro momento. Passando reto, encontramos o anel. No entanto, derrotá-la é necessário, pois o item que ela libera é a Cruz Mágica, fundamental para entrar no Castelo de Drácula.

A Batalha contra Drácula:

Enfim, reunindo todas as partes do corpo do conde, Simon se dirige para as ruínas do castelo. Você imagina que vai passar por todo tipo de criatura para chegar até o local onde deve reviver o vampiro, não?

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Pois a decepção vem rápida. O castelo está vazio. Não tem nem um morceguinho para enfrentar. Apenas precisamos chegar na parte mais profunda do local e encontrar o altar.

Finalmente os itens são queimados e Drácula revive!

Agora resta a Simon, matar novamente o vampiro, se livrando em definitivo da maldição.

Drácula é relativamente fácil, como todos os chefes de Castlevania 2. O desafio do jogo não é o objetivo e sim a jornada.

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Finais:

A depender das suas ações, 3 finais diferentes podem ocorrer. Basicamente quanto mais rápido você terminar o jogo, melhor o final.

Final bom: Terminando o jogo em até 8 dias (da contagem do jogo) a maldição acaba e a Transylvania se livra do vampiro por mais 100 anos. Ou menos por que ao anoitecer a mão dele sai da cova! Apesar que eu acho que foi apenas um espasmo involuntário do cadáver pois ele só reaparece de verdade 100 anos depois no próximo jogo.

Final ruim 1: Terminando o jogo entre 8 a 15 dias, Drácula é derrotado, e a maldição foi quebrada. O problema é que Simon está tão ferido que não sobreviverá por muito tempo.

Final ruim 2: Com mais de 15 dias, Drácula é derrotado mas Simon morre na batalha. Resta a sua alma saber que seus feitos serão sempre lembrados.

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Considerações finais:

Apesar de ser um bom jogo, Castlevania 2 foi uma das continuações de menos sucesso entre os jogadores. Eles não aceitaram bem o novo estilo e deixaram de lado nas lojas e locadoras. Existem duas explicações pra isso. Na época em que foi lançado, os jogos que faziam a cabeça da molecada eram os de ação descerebrada. É bom lembrar que nos anos 80 os jogadores eram essencialmente crianças e pré-adolescentes que pouco se importavam com a história. No Brasil ainda tínhamos a dificuldade da língua inglesa. Hoje a garotada está mais em contato com o inglês, mas na época poucos sabiam o suficiente para seguir em frente.

Outro fator negativo é a pequena quantidade de chefes de fase, facilidade dos mesmos e excessivas passagens secretas. O jogo é lotado de plataformas invisíveis sem nenhuma indicação, o que tornava a exploração cansativa. Isso desestimulou muito jogador.

Pessoalmente este foi o Castlevania para o sistema 8 bits que eu mais gostei, mas meus amigos odiavam chegar na minha casa para jogar e descobrir que eu tinha alugado o Simon’s Quest. Pior pra eles…Eu jogava sozinho!

De qualquer forma, a Konami aprendeu a lição e os jogos seguintes foram todos no estilo do primeiro jogo, com poucas pitadas de RPG.

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1 comentário

  1. Esse foi um dos jogos que mais joguei na vida, mas só consegui concluí-lo anos mais tarde, quando ja havia emuladores de NES e paginas explicando como invocar o maldito redemoinho no Deborah Cliff hehehehe. Otimo artigo, valeu pela nostalgia!

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