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I-Lived (2015) (3)

I-Lived
Original:I-Lived
Ano:2015•País:EUA
Direção:Franck Khalfoun
Roteiro:Franck Khalfoun, Brian Breiter
Produção:Ehud Bleiberg, Pavlina Hatoupis, Franck Khalfoun, Alix Taylor
Elenco:Jeremiah Watkins, Brian Breiter, Jan Broberg, Shannon Collis, Josh Cowdery, Nic D'Avirro, Luis Fernandez-Gil, Franck Khalfoun

Atualmente a tecnologia e o uso dos modernos meios de comunicação tornou a vida das pessoas mais fácil, ao mesmo tempo em que a comunicação permitida através dos aplicativos às vezes toma o lugar de um carinho real, de um afeto real e torna fluida e rasa qualquer relação que se estabeleça através da internet e/ou dos smartphones. Algumas vezes as pessoas conseguem ficar mais tempo conectadas do que efetivamente vivendo suas vidas, como se a tecnologia controlasse suas mentes e suas ações.

Não, isso não foi o começo de um texto sobre como a tecnologia atual influencia nossa vida social e mental, mas sim o tema do mais novo trabalho de Franck Khalfoun (do ótimo Maníaco) chamado I-Lived, que utiliza a premissa de um aplicativo “do mal” que pode fazer milagres na vida do assinante, desde que o mesmo esteja disposto a executar missões que ele indica.

I-Lived (2015) (2)

Na trama acompanhamos Josh (Watkins), um jovem adulto que mora sozinho e sonha ser um grande magnata no ramo da tecnologia, enquanto tenta ganhar a vida com seu vlog, onde faz resenhas de aplicativos para smartphones. Seu canal não tem lá muitas inscrições, o aluguel da suntuosa casa onde vive está atrasado e sua vida amorosa é um fiasco, principalmente depois que seu relacionamento anterior terminou por causa de uma traição da moça. Resumindo bem, a vida de Josh vai de mal a pior e as coisas só começam a mudar quando ele conhece o app I-Lived, que, basicamente, solicita que o assinante tire a bunda do sofá e vá atrás daquilo que deseja, quase como um livro de autoajuda – ironicamente o aplicativo original apenas diz aquilo que as pessoas fariam normalmente caso desligassem um pouco seus aparelhos.

Para cada desejo inserido no app o usuário deve executar uma missão. Por exemplo, em dado momento da trama Josh recebe várias missões para que possa conquistar e namorar Greta (Power), o interesse sexual/romântico do rapaz, entre elas fazer gentilezas para desconhecidos e aprender a dançar e a cozinhar. Até aí tudo bem, mas depois que Josh atinge tudo aquilo que desejara, ele desiste do aplicativo, e ele perde tudo que havia conquistado. Acreditando que foi o app que transformou sua vida, ele o assina novamente, mas desta vez as missões envolvem coisas que fogem de sua zona de conforto e do que seria considerado moralmente aceitável.

“Você é um escravo. Eu sou um escravo. Somos todos escravos”

Diferentemente do virtuosismo técnico e estético de seu trabalho anterior, Khalfoun emprega aqui uma estrutura fílmica simples, sem grandes chamarizes para ilustrar as metáforas que permeiam a trama, que são de fato interessantes, mas, por serem óbvias e utilizadas num roteiro simples e pouco ousado, acabam perdendo sua força. Jeremiah Watkins tem que segurar o filme nas costas, afinal ele ocupa a tela por mais de 90% no filme, e até que convence, assim como no uso de diálogos prosaicos que evocam certo realismo necessário para que a trama funcione. O roteiro também acerta ao incluir pequenos detalhes de maneira natural (como a mudança de status do relacionamento no Facebook e as estatísticas de inscritos em um canal) para ilustrar a força da tecnologia nos subtextos do filme.

I-Lived (2015) (1)

Por outro lado, a partir da metade da projeção, o filme que já continha um roteiro frágil se perde de vez. Há um didatismo irritante no final, tratando de como as pessoas nunca leem o contrato quando baixam um programa, ou como é extremamente fácil obter dados pessoais de qualquer pessoa que tenha conta em uma rede social – algo que funcionaria muito melhor nas entrelinhas, sem a necessidade de esfregar na cara do espectador informações tão óbvias. O pior, no entanto, é quando o filme abandona qualquer traço de sutileza e mistério que apresentava em prol de uma analogia que se faz entre o aplicativo e o próprio Diabo (que aliás, está em um dos pôsteres do filme e também ao se inverter o nome do aplicativo). Numa avaliação geral a impressão que fica é que Khalfoun queria tocar um projeto pessoal mais ambicioso, ainda que com orçamento menor, mas o resultado final ficou muito aquém do interessante conceito original.

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