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Império dos Mortos - Primeiro Ato
Original:Empire of the Dead - Act One
Ano:2014/2015•País:EUA
Páginas:128• Autor:George A. Romero; Alex Maleev•Editora: Panini

Em 1968, George A. Romero redefiniu o mito dos zumbis para sempre, trocando os servos desmortos haitianos por mortos-vivos, sedentos por carne e sangue, violentos, descerebrados e perigosos. Não só isso, Romero também transformou os zumbis em um reflexo distorcido da sociedade, carregando suas histórias de horror com critica social, politica e econômica. O primeiro filme de sua longa saga envolvendo zumbis, A Noite dos Mortos-Vivos (1968) redefiniu o cinema de horror e estabeleceu um padrão imitado e homenageado por uma infinidade de filmes e diretores nos anos que se seguiriam.

Com o sucesso vieram as ótimas continuações, O Despertar dos Mortos (1978), Dia dos Mortos (1985), Terra dos Mortos (2005) e os não tão bons assim, Diário dos Mortos (2007) e Ilha dos Mortos (2009). Com o baixo desempenho destes dois últimos, Romero, aparentemente, abandonara os zumbis para sempre, até que em 2014 o celebrado diretor se juntaria ao artista Alex Mallev (Demolidor: Revelado) e à Marvel para criar a HQ Império dos Mortos (Empire of the Dead). Uma minissérie em 15 capítulos, publicada nos EUA entre 2014 e 2015 que traz Romero fazendo aquilo que faz de melhor: zumbis!

Império dos Mortos (2015) (2)

Império dos Mortos mostra Nova Iorque cinco anos depois de uma epidemia de zumbis. Aparentemente a “Grande Maçã” conseguiu se adaptar à praga de desmortos comedores de carne humana. Enquanto o prefeito Chandrake mantém as ruas seguras graças à uma violenta polícia militarista, a população da cidade se diverte assistindo aos confrontos entre zumbis que ocorrem em uma arena localizada no Central Park. Mas o status quo está prestes a mudar novamente, uma vez que os zumbis não são mais os únicos monstros que habitam a cidade.

Embora não fique claro ao longo da leitura, dá-se a entender que Império dos Mortos é uma continuação direta da mitologia criada por Romero lá nos longínquos anos 60. Algumas pistas aparecem aqui e ali que apontam para a evolução do desenvolvimento de consciência e inteligência dos mortos-vivos conforme visto em Dia dos Mortos e Terra dos Mortos. Aliás, este é um dos pontos fortes da revista, permitindo que os leitores acompanhem os pensamentos confusos dos zumbis enquanto aos poucos se tornam mais inteligentes, inclusive mostrando uma moral rudimentar que acompanha o morto-vivo diretamente a partir de sua vida pregressa. Aparentemente, se o zumbi era uma boa pessoa, ele pode vir a se tornar um bom zumbi, lutando contra seus instintos famintos e sanguinários. Este aspecto da HQ ainda precisa se desenvolver e se mostra um fator bastante promissor para os futuros arcos.

Distante das amarras orçamentárias e com a imaginação livre, Romero entrega uma de suas melhores histórias sobre zumbis desde O Despertar dos Mortos. Os quadrinhos permitem uma ousadia maior do que um orçamento de filme independente permitiria e a arte espetacular de Alex Maleev se mostra o suporte ideal para o texto de Romero. Bastante cinematográficos, os desenhos de Maleev, experiente em retratar Nova Iorque desde seus tempos à frente de Demolidor, são sujos e realistas na medida certa para uma boa história de horror. Há algum problema no desenvolvimento dos personagens neste primeiro ato da história, mas que pode melhorar nas próximas edições.

Império dos Mortos (2015) (1)

Em maio de 2015, foi anunciado que a produtora Demarest estava desenvolvendo uma série de TV baseada em Império dos Mortos e que o programa teria produção executiva e roteiros de Romero. Em novembro, a AMC adquiriu os direitos da série e está trabalhando no projeto neste exato momento.

A edição da Panini reúne as primeiras cinco edições da minissérie original e, apesar do aspecto de novidade em meio à mesmice dos títulos da editora, carece de divulgação e um pouco mais de esmero. São diversos erros de revisão de texto, culminando até na inédita ausência de preço de capa na revista. Provavelmente, o lançamento da revista tenha sido apressado devido ao anúncio da presença de Maleev na CCXP no ano passado. Infelizmente o artista acabou cancelando sua vinda ao Brasil e o título acabou sendo lançado de maneira tímida durante o evento. Mas estes pequenos defeitos não tiram o brilho do aguardado retorno de Romero ao gênero que o consagrou.

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1 comentário

  1. muito legal nao vejo a hora do 3º ato sair

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