Omega Code
Original:The Omega Code
Ano:1999•País:EUA Direção:Robert Marcarelli Roteiro:Stephan Blinn, Hollis Barton Produção:Matthew Crouch, Robert Marcarelli, Lawrence Mortorff Elenco:Casper Van Dien, Michael York, Catherine Oxenberg, Michael Ironside, Devon Odessa, William Hootkins, Robert Ito, Janet Carroll |
Através dos tempos, o homem tem saqueado Jerusalém à procura de artefatos antigos de poder sobrenatural. Esta busca continua, enquanto eruditos procuram desvendar uma das relíquias mais misteriosas….o Código Bíblico, um fenômeno matemático que esconde mensagens onde está contida toda a história da humanidade. Embora estejam usando a tecnologia de ponta para desvendar o códico bíblico, há algo mais secreto – a chave para Jerusalém. O Livro das Revelações de Daniel profetiza no apocalipse que aquele que controlar os últimos dias de Jerusalém controlará o mundo.
Não há nada mais interessante do que pesquisar e discutir mistérios da humanidade. À medida em que nos aprofundamos nesses temas, mais nos sentimos próximos de uma força desconhecida e que nos leva a perceber o quanto somos uma mísera partícula em meio a um universo de infinitas descobertas. Como são assuntos delicados e extremamente complicados, é preciso uma boa condução e narrativa para que o interesse não seja desviado por coisas mais comuns como uma simples regada nas plantas do quintal. Era algo que acontecia com frequência quando eu era pequeno em minha residência na Vila Carioca, com meu irmão e meu pai discutindo a Bíblia, profecias de Nostradamus, Código da Vinci, mensagens subliminares, entre outros temas também explorados no filme de Robert Marcarelli, Omega Code (1999), estrelado por Casper Van Dien e Michael York.
Aproveitando a proximidade da virada do milênio e as teorias sobre o Código Bíblico em pauta nas revistas e jornais da época, Marcarelli, que também tinha à disposição um bom elenco, belas locações e uma boa experiência com produções similares, poderia ter realizado um interessante trabalho científico e ao mesmo tempo religioso sobre o tema, no entanto pecou pelos excessos: muitos efeitos especiais pouco convincentes, explosões, tiroteios, perseguições, viagens, visões e o uso do sobrenatural – o que afasta qualquer possibilidade de envolvimento com o tema.
Omega Code é mais um filme sobre o fim do mundo. A ideia surgiu a a partir da indagação: o que aconteceria se o Código Bíblico, mensagens cifradas escondidas em todos os originais, gregos e hebraicos da Bíblia, fosse decifrado e as principais respostas sobre o passado, o presente e o futuro caíssem nas mãos de um tirano? Os praticantes medievais da Cabala, uma forma de misticismo judeu, acreditavam que o Código poderia trazer uma relação mais profunda com Deus, maior do que a oferecida pelos textos sagrados. Com a ajuda da matemática e a relação entre letras e números, foram descobertas mensagens secretas na Bíblia, trazendo previsões de tragédias e de acontecimentos importantes para o mundo em todas as épocas, como, por exemplo, a morte do Presidente Kennedy e da Princesa Diana. Interessante, né? Mas, o filme, não.
Casper Van Dien (Tropas Estelares) atua como Dr.Gillen Lane, um famoso guru da motivação e especialista em mitologia. Depois de participar do programa de entrevistas da respeitada jornalista Cassandra Barashe (Catherine Oxemberg), é convidado a se aliar ao Presidente da União Européia, Stone Alexander (Michael York), a fim de criar uma Nova Ordem Mundial. Com a ajuda do ex-padre e assassino, Dominic (Michael Ironside), Stone rouba um poderoso software capaz de traduzir o Código Bíblico e passa a usar as profecias como alicerce ao poder maior. Quando Gillen descobre os planos maléficos de dominação do mundo de Stone, resolve interferir no processo e contar à mídia os segredos do vilão. Nesse ponto de virada, Dominic surge no momento da descoberta de Gillen e atira com sua arma silenciadora, mas acaba ferindo mortalmente Stone. Aproveitando a fuga de Gillen, ele o acusa de ter assassinado o famoso e estimado líder, fazendo com que a polícia do mundo inteiro comece a caçá-lo pelo crime.
Até esse momento, apesar do pouco uso do Código, o filme até caminhava bem. Era uma trama política e religiosa, com muitas intrigas e algumas cenas de ação. Porém, a partir daí, o roteiro começou a apresentar os primeiros absurdos: dado como morto, Stone renasce muito mais poderoso do que nunca. Gillen, que não sabe se volta ou não para a esposa, busca a ajuda da jornalista Cassandra, e recebe o apoio de dois profetas, seres místicos que, assim como o Mestre dos Magos, aparecem e somem quando querem. Os tais profetas entregam a Gillen a última revelação do Código, que é o que falta para Stone se tornar definitivamente o Anticristo. Não é facilmente compreendido porque os profetas fizeram isso, já que sabiam que Gillen estava sendo caçado e que mais cedo ou mais tarde iria ser pego.
De qualquer modo, fica evidente que Omega Code está longe de ser um filme interessante. Sem apostar no Código como um elemento intrigante do enredo – podia ter aprendido a lição com Stigmata ou O Último Portal –, o longa ainda traz um final esquisito, cheio de luzes coloridas e raios vindos do céu, e ainda a dificuldade de permitir ao espectador entender se acabou realmente bem ou não. Para quem não sabe, essa produção fez um relativo sucesso nas bilheterias e deu fruto a uma continuação ainda mais bizarra e ruim, Megiddo, algo ainda mais difícil de acreditar do que as tais profecias do Código e profetas que somem e aparecem do nada.