Drácula
Original:Dracula
Ano:2020•País:UK Direção:Jonny Campbell, Paul McGuigan, Damon Thomas Roteiro:Mark Gatiss, Steven Moffat, Bram Stoker Produção:Larry Tanz, Louise Say Elenco:Claes Bang, Dolly Wells, Morfydd Clark, Jonathan Aris, John Heffernan, Lydia West, Matthew Beard, Sacha Dhawan, Mark Gatiss, Joanna Scanlan, Nathan Stewart-Jarrett, Chanel Cresswell |
As peripécias do Príncipe da Valáquia é a primeira novidade da Netflix em 2020. O monstro sanguinário, esculpido na literatura de Bram Stoker e que já passeou por diversos formatos e interpretações, chega ao sistema de streaming em três filmes (ou capítulos de uma série, se preferir) de 90 minutos, com bons efeitos especiais e de maquiagem, belíssima fotografia e mudanças significativas na história original. E esse último ponto é o que pode tanto incomodar quanto evidenciar um sinal de ousadia dos realizadores, dependendo do seu apreço pelo personagem e pela capacidade de aceitar um universo praticamente reestruturado. Pode-se dizer que boa parte das novidades são de fácil digestão, como uma espécie de fanfic com o lendário vampiro, porém a terceira parte…
Desenvolvida por Mark Gatiss e Steven Moffat, a série começou a ser desenvolvida em 2017, mas foi somente em 2018 que Claes Bang (Millennium: A Garota na Teia de Aranha) foi escolhido para assumir o personagem principal – para chegar a BBC e a Netflix apenas em janeiro de 2020. O Drácula de Bang quis manter a mesma essência que o cinema explorou na criatura – numa distância considerável da obra de Stoker -, que é a sensualidade e o poder de atração, fortalecido pelo conhecimento transmitido pelo líquido vital. Algumas de suas máximas são bem interessantes (“Você é um monstro.“, “E você é um advogado.“), assim como sua postura em cena, alternando elegância com um comportamento animalesco.
O primeiro capítulo, The Rules of the Beast, dirigido por Jonny Campbell, traz Jonathan Harker (John Heffernan) em um convento, sendo entrevistado por duas freiras. Debilitado, com feridas pustulentas e a maquiagem que destaca os ossos da face, ele conta a uma delas, Agatha (Dolly Wells), a que tem uma postura bem distante de qualquer preceito religioso, sua aventura no Castelo do Conde Drácula. Ele chega numa carruagem conduzida por um cocheiro monstruoso e fica encantado com a estrutura arquitetônica do imenso e sombrio ambiente até a chegada do anfitrião em condições caquéticas e deploráveis. Tendo que ficar no local, sabendo das peculiaridades do Conde, de só aparecer à noite, ele logo percebe que não está sozinho, ao mesmo tempo que sente uma fraqueza crescente a cada noite no labirinto de escadas, portas e entradas secretas. Quem conhece o enredo sabe que Drácula domina as “criaturas da noite” e mantém em seu castelo suas noivas (aqui só se conhece uma, além do próprio Jonathan, com insinuações de que ele possa também ser), aspectos que são bem trabalhados na narrativa.
A trama não se encerra com a visita de Jonathan ao Conde, pois há a chegada do vampiro ao convento, com a possibilidade de enfrentar freiras armadas e treinadas para o combate com o sobrenatural – sequência desnecessariamente engraçadinha. Aqui se descobre a identidade da eclesiástica falante, na primeira ousadia do enredo e que permite explorar uma nova forma de enxergar a clássica história; a segunda freira também esconde sua verdadeira natureza, embora revele uma falha no roteiro pela sua presença no local. Os mortos-vivos na tumba de Drácula podem despertar alguns arrepios, assim como o efeito de transformação rápido e gosmento de um lobo em um homem, contudo o bebê-vampiro foi a pior das bobagens desse primeiro capítulo, em um resultando grotesco e ridículo. Há algumas referências ao universo do vampiro no cinema, ao explorar, por exemplo, numa cena o aspecto que remete a Christopher Lee em O Vampiro da Noite, de Terence Fisher.
“Blood Vessel“, de Damon Thomas, é basicamente um outro filme. Ambientado no famoso Demeter, embarcação que conduziu Drácula para a Inglaterra, a trama apresenta o vampiro, os tripulantes e passageiros durante a viagem, acompanhada por uma intensa neblina. Entre eles, destacam-se o Capitão Sokolov (Jonathan Aris), o Dr. Sharma (Sacha Dhawan) e sua filha surda-muda Yamini (Lily Kakkar), Lord Ruthven (Patrick Walshe McBride) e sua esposa Dorabella (Lily Dodsworth-Evans), além de um viajante disfarçado, Piotr (Samuel Blenkin). Não demora muito para o vilão começar a se alimentar dos presentes, como uma antiga conhecida, a Duquesa Valéria (Catherine Schell) em sua última dança.
Cria-se pânico na viagem, com o sumiço dos passageiros, e os sobreviventes passam a procurar o assassino responsável, com alguma relação ao compartimento 9. É claro que a diminuição das possibilidades, principalmente quando se sobra poucos desconhecidos a bordo, facilitaria a identificação do assassino, mas o grupo parece encontrar dificuldades para isso. Ao mesmo tempo em que há a sensação ameaçadora de claustrofobia num espaço reduzido, o enredo divide as atenções para uma partida de xadrez entre Drácula e Agatha, numa referência ao clássico Sétimo Selo, para questionar algumas das ações do vampiro, enquanto deixa no infernauta uma dúvida sobre quando isso estaria acontecendo. A resposta só virá no ato final, reservando uma grande surpresa na última cena. Ainda que seja interessante acompanhar Drácula nessa jornada à Inglaterra, o episódio apresenta grandes falhas na trama, com personagens agindo de maneira estúpida no confronto com o inimigo sobrenatural, seja por heroísmo inconsequente ou por aceitar determinadas condições propostas.
Se até então a série trazia filmes que exploravam a inteligência e voracidade de Drácula, o último, “The Dark Compass“, dirigido por Paul McGuigan, colocou tudo a perder num enredo fraco, destoando de tudo o que fora mostrado, incluindo uma lamentável e absoluta descaracterização do personagem. Drácula agora está vivendo nos tempos atuais, estranhando toda a evolução da ciência com seus helicópteros e modo prático de comunicação. Esses mesmos tempos modernos mostram que Jonathan Hacker inspirou uma fundação de estudos do vampirismo e de Drácula, ao passo que outros nomes conhecidos da literatura de Stoker, representados por seus descendentes, estão ali jogados numa espécie de fan service.
Aparecem brevemente Quincey (Phil Dunster), Jack Seward (Matthew Beard), Renfield (Mark Gatiss) e, com uma desnecessária importância, Lucy (Lydia West), que ocupa o papel de Mina como aquela que terá a admiração do Conde – todos atualizados para uma versão 2020, trocando mensagens de celular e usando tablets. E ainda incluem viagens oníricas, lembranças, pesadelos, tudo em um nível bem capenga de efeitos e direção. Lembra no mesmo nível de ruindade o longa Drácula 2000, de Patrick Lussier, que ainda teria uma continuação pior, Drácula 3000, em 2004; passando longe de boas atualizações com o famoso vampiro como Drácula no Mundo da Minissaia, com Christopher Lee, atuando novamente como a criatura imortal.
Com um episódio bom, o segundo mediano e o terceiro medíocre, Drácula é o primeiro grande erro da Netflix de 2020. Produção e aspectos técnicos razoáveis não são suficientes para recomendar uma série ou filme, se o roteiro se perde em liberdades criativas insanas e ousadia desconexa. Não era preciso copiar fórmulas já desenvolvidas para o personagem, até porque algumas produções da Hammer foram além de Bram Stoker, mas honrá-lo pela sua grandiosidade no Cinema de Horror, sem que ele precise pesquisar na internet por um descendente de Renfield para ajudá-lo a escapar de uma prisão especial.
Todas as críticas que li vão pela mesma impressão: de que o primeiro episódio é o melhor, o segundo mediano e o terceiro ruim… Eu já não gostei do primeiro episódio, que sinceramente não me conquistou em NENHUM aspecto. Então dificilmente vou ter coragem de ver o resto.
Não sou contra atualizações, desde que elas sejam bem feitas, o que pra mim não foi.
Amei a serie, primeiro episódio eu pirei achei excelente todos aqueles enigmas no castelo, cada pedaço muito bem aproveitado, o Conde é desenvolvido como o verdadeiro monstro que ele é, nada de sexualidade exagerada, sexo adoidado, ou então meloso de mais…mas no terceiro episódio, achei que ficou muito corrido, poderiam ter aproveitado mais cada personagem, parecia o final de game of thrones, correndo pra acabar logo.
Aguardo a continuação caso haja.
Posso resumir essa série até o momento como uma versão vampírica do Coringa.
Muito boa a mini-série Dracula da Netflix. Dividida em três capítulos de 1:30 cada episódio, mas inspirada na estrutura do romance de Bram Stoker, mas com muita liberdade na adaptação. O famoso romance já tripudiado em dezenas de adaptações desde Nosferatu de Murnau, por sinal um dos melhores Draculas do cinema. A única adaptação fiel, e não foi a de Coppola, mas de um filme B de Jesus Franco, com Christopher Lee, que infelizmente é medíocre. Esta adaptação, dos criadores de Sherlock e Doutor Who, Mark Gatiss e Steven Moffat, seguiu o estilo que marcaram suas séries anteriores, com humor mordaz, personagens homo-sexuais e bissexuais, inclusive o próprio Dracula, um eterno Macho Alpha da mitologia gótica, e tresloucadas variações e guinadas de roteiro.
Os dois primeiros episódios são magníficos. O 1º com a melhor ambientação de Castelo de Dracula do Cinema até hoje, e o 2º episódio sobre a misteriosa viagem que levou o Rei dos Vampiros de sua Terra natal para a Inglaterra, à bordo no navio Deméter. No romance Stoker fez breves descrições da viagem através do diário de bordo do Capitão, e nas adaptações do cinema apenas o Dracula de Frank Langella e de Coppola, foram realizados cenas que não duram nem um minuto de duração.
Durante todos os episódios, Mark Gatiss e Steven Moffat, fizeram questão de homenagear os principais filmes de Dracula, de Nosferatu, Dracula de Lugosi, Dracula de Coppola e a obra prima da Hammer, O Vampiro da Noite (1958), ainda notamos homenagens a filmes de horror como O Iluminado de Kubrick (o 2º maior filme de horror da história). As mudanças na características básicas da mitologia de Dracula e de vampiros, foram interessantes e significativas, já que foram fundamentos para o Plot twist, e as revelações finais, em uma das melhores cenas finais de filmes de vampiro. É claro que tem algumas falhas no roteiro, bizarrices e muita liberdade criativa, mas no final de todo o projeto, esta obra acabou sendo uma das melhores adaptações do romance, ao lado dos clássicos: Nosferatu (as duas versões), de 1931, 1958, 1976(BBC), 1979(John Badham), 1993 (Coppola).
Muito boa a mini-série Dracula da Netflix. Dividida em três capítulos de 1:30 cada episódio, mas inspirada na estrutura do romance de Bram Stoker, mas com muita liberdade na adaptação. O famoso romance já tripudiado em dezenas de adaptações desde Nosferatu de Murnau, por sinal um dos melhores Draculas do cinema. A única adaptação fiel, e não foi a de Coppola, mas de um filme B de Jesus Franco, com Christopher Lee, que infelizmente é medíocre. Esta adaptação, dos criadores de Sherlock e Doutor Who, Mark Gatiss e Steven Moffat, seguiu o estilo que marcaram suas séries anteriores, com humor mordaz, personagens homo-sexuais e bissexuais, inclusive o próprio Dracula, um eterno Macho Alpha da mitologia gótica, e tresloucadas variações e guinadas de roteiro.
Os dois primeiros episódios são magníficos. O 1º com a melhor ambientação de Castelo de Dracula do Cinema até hoje, e o 2º episódio sobre a misteriosa viagem que levou o Rei dos Vampiros de sua Terra natal para a Inglaterra, à bordo no navio Deméter. No romance Stoker fez breves descrições da viagem através do diário de bordo do Capitão, e nas adaptações do cinema apenas o Dracula de Frank Langella e de Coppola, foram realizados cenas que não duram nem um minuto de duração.
O terceiro episódio é o desdobramento do romance quando Dracula já esta na Inglaterra, só que 120 anos após as aventuras no Deméter, em uma Londres contemporânea que fascina o Conde Vampiro pela tecnologia e avança da ciência. Este interesse pelo progresso e ciência se encontra no romance e no filme de Coppola. Assim que foi lançado o livro, Karl Marx sugeriu que o personagem do nobre europeu que suga o sangue de seus vassalos era uma perfeita metáfora do capitalista que suga as forças vitais da classe trabalhadora através da mais valia. Dracula se sente confortável neste cenário tecnológico e impiedoso do poder econômico neoliberal, posando de executivo em um requintado apartamento de Londres, discutindo seus negócios de dominação mundial com seu subalterno, o advogado sem nenhuma ética Renfield. Também neste episódio, os personagens do livro como o Texano Quincey, rico e superficial, a sedutora e narcisista Lucy e seu apaixonado e servil ex-namorado, o medico romântico médico Dr Stewart. Como no romance, Dracula seduz Lucy em vistas noturnas, e passa a sugar seu sangue até a morte da bela jovem. Lucy é a própria Madame Bovary elevada a 3º potência, superficial, vazia, narcisista e fantasista. No romance de Stendhal, Madame Bovary era casada, mas traia o seu marido em diversas situações, e seu mundo era a de aparência e uma certa compulsão por compra de vestidos e perfumes. Freud cunho o termo Bovarismo para diagnosticar vários casos de mulheres burguesas de Viena que sofriam de histeria e tinha um perfil próximo a da personagem de Stendhal. No romance de Stoker, Lucy era como Madame Bovary, um tipo feminino da Era Vitoriana obcecada pelo exótico e por sexo, e gostava de brincar e seduzir seus três pretendentes, ou três noivos, assim como Dracula com suas três noivas. Neste período da Era Vitoriana, o fascínio por livros, quadros e estátuas de imagens eróticas virou uma febre na pequena burguesia Londrina, principalmente pela descoberta dos livros, que o explorador Richard Burton trouxe para a Inglaterra, o Kama Sutra e As Mil e Uma Noites. O próprio Dracula, vindo do oriente, com sua estatura alta e o nariz adunco, despertava este fascínio nas mulheres, apesar de Stoker sempre descreve-lo como abjeto e cheirando a morte. Nada mais interessante do que explorar esta veia pulsante do romance, a do bovarismo elevado a máxima potência, típica de nossa época de pessoas vazias, gananciosas, narcisistas, que se alto proclamam como dueses e deusas ao espalharem seus selfies nas redes sociais em busca de centenas de likes de pessoas ocas. Dracula e sua noiva Lucy são a representação de um casal típico de nossa época, talvez até mais significativo do que no período que foi criado, e o desenvolver deste plot nesta mini-série foi oportuno e dramaticamente bem construido até o desenlace poderoso e trágico, repaginando com muita propriedade este clássico das trevas. Só não dou mais informações para não frustar o possível leitor que ainda não assistiu esta obra-prima.
Durante todos os episódios, Mark Gatiss e Steven Moffat, fizeram questão de homenagear os principais filmes de Dracula, de Nosferatu, Dracula de Lugosi, Dracula de Coppola e a obra prima da Hammer, O Vampiro da Noite (1958), ainda notamos homenagens a filmes de horror como Nasce um Monstro, na sequencia do bebe vampiro (possível homenagem ao seu criador, o diretor Larry Coehn, falecido em 2019), e até mesmo O Iluminado de Kubrick (o 2º maior filme de horror da história). As mudanças na características básicas da mitologia de Dracula e de vampiros, foram interessantes e significativas, já que foram fundamentos para o Plot twist, e as revelações finais, em uma das melhores cenas finais de filmes de vampiro. É claro que tem algumas pequenas falhas no roteiro, bizarrices e muita liberdade criativa, mas no final de todo o projeto, esta obra acabou sendo uma das melhores adaptações do romance, ao lado dos clássicos: Nosferatu (as duas versões), de 1931, 1958, 1976(BBC), 1979(John Badham), 1993 (Coppola).
O enfrentamento da freira Agatha no portão do convento, para mim é uma cena icônica, fora o fato que ela tem tiradas engraçadíssimas, como quando explica sua relação com Jesus comparando com um casamento tedioso ou quando responde para a Madre que as forças do mal não devem lidar muito bem com críticas.
O problema é o segundo capítulo inteiro, a solução dada ao destino de Mina, mesmo assim, assistível.
Quando chega o terceiro capítulo, tudo soa datado, rídiculo.
[SPOILER]
Porque não mataram o advogado, e com a ajuda de um hacker não entraram no tablet do Drácula e dispensaram a firma de advocacia?
Fora a Lucy e todo aquela pegada de filme soft porn ruim
O terceiro episódio é o desdobramento do romance quando Dracula já esta na Inglaterra, só que 120 anos após as aventuras no Deméter, em uma Londres contemporânea que fascina o Conde Vampiro pela tecnologia e avança da ciência. Este interesse pelo progresso e ciência se encontra no romance e no filme de Coppola. Assim que foi lançado o livro, Karl Marx sugeriu que o personagem do nobre europeu que suga o sangue de seus vassalos era uma perfeita metáfora do capitalista que suga as forças vitais da classe trabalhadora através da mais valia. Dracula se sente confortável neste cenário tecnológico e impiedoso do poder econômico neoliberal, posando de executivo em um requintado apartamento de Londres, discutindo seus negócios de dominação mundial com seu subalterno, o advogado sem nenhuma ética Renfield. Também neste episódio, os personagens do livro como o Texano Quincey, rico e superficial, a sedutora e narcisista Lucy e seu apaixonado e servil ex-namorado, o medico romântico médico Dr Stewart. Como no romance, Dracula seduz Lucy em vistas noturnas, e passa a sugar seu sangue até a morte da bela jovem. Lucy é a própria Madame Bovary elevada a 3º potência, superficial, vazia, narcisista e fantasista. No romance de Stendhal, Madame Bovary era casada, mas traia o seu marido em diversas situações, e seu mundo era a de aparência e uma certa compulsão por compra de vestidos e perfumes. Freud cunho o termo Bovarismo para diagnosticar vários casos de mulheres burguesas de Viena que sofriam de histeria e tinha um perfil próximo a da personagem de Stendhal. No romance de Stoker, Lucy era como Madame Bovary, um tipo feminino da Era Vitoriana obcecada pelo exótico e por sexo, e gostava de brincar e seduzir seus três pretendentes, ou três noivos, assim como Dracula com suas três noivas. Neste período da Era Vitoriana, o fascínio por livros, quadros e estátuas de imagens eróticas virou uma febre na pequena burguesia Londrina, principalmente pela descoberta dos livros, que o explorador Richard Burton trouxe para a Inglaterra, o Kama Sutra e As Mil e Uma Noites. O próprio Dracula, vindo do oriente, com sua estatura alta e o nariz adunco, despertava este fascínio nas mulheres, apesar de Stoker sempre descreve-lo como abjeto e cheirando a morte. Nada mais interessante do que explorar esta veia pulsante do romance, a do bovarismo elevado a máxima potência, típica de nossa época de pessoas vazias, gananciosas, narcisistas, que se alto proclamam como dueses e deusas ao espalharem seus selfies nas redes sociais em busca de centenas de likes de pessoas ocas. Dracula e sua noiva Lucy são a representação de um casal típico de nossa época, talvez até mais significativo do que no período que foi criado, e o desenvolver deste plot nesta mini-série foi oportuno e dramaticamente bem construido até o desenlace poderoso e trágico, repaginando com muita propriedade este clássico das trevas. Só não dou mais informações para não frustar o possível leitor que ainda não assistiu esta obra-prima.