Noite Infeliz
Original:Violent Night
Ano:2022•País:EUA Direção:Tommy Wirkola Roteiro:Pat Casei, Josh Miller Produção:Kelly McCormick, David Leitch, Guy Danella Elenco:David Harbour, Beverly D'Angelo, John Leguizamo, Leah Brady, Alexis Louder e Alex Hassel. |
Na véspera de Natal, uma família rica é mantida como refém em um elaborado assalto feito por criminosos armados e acaba sobrando para o Papai Noel salvar Trudy (que está na lista de crianças boazinhas) e seus parentes dos assaltantes que, claro, estão na lista dos malvados.
Com essa trama simples, o diretor Tommy Wirkola entrega um filme com uma curiosa e inusitada mistura de conto de Natal com muita violência e pancadaria. Noite Infeliz se aproveita do carisma e simpatia de David Harbour, que aqui encarna o próprio Papai Noel, desanimado e desiludido com as pessoas que estão cada vez mais gananciosas e não acreditam no verdadeiro significado do Natal.
Um Papai Noel bem diferente do que se espera do Bom Velhinho, que xinga, é mal-humorado e ranzinza, com alguns toques de preguiçoso e muito amigo de uma boa bebida alcoólica. Harbour brilha ao fazer esse personagem ser tudo isso e, ao mesmo tempo, um figura carismática e que, de alguma forma, consegue fazer o público gostar dele. Suas lamúrias e ranhetices são divertidas e engraçadas, exageradas na medida certa.
Ao descer para entregar mais um presente, o velho Noel para um pouco para aproveitar os biscoitos deixados para ele… acompanhados pelas boas bebidas guardadas no armário da família… Mas, acaba ouvindo tiros e percebe que está no meio de um crime em andamento. Um cruel criminoso que autodenomina “Sr. Scrooge” (John Leguizamo) comanda um assalto grandioso, eliminando os seguranças, os funcionários e tudo mais, sobrando na casa apenas a família e seus capangas, anteriormente infiltrados como serviçais contratados para festa de Natal. Leguizamo interpreta um bandido que é praticamente uma pequena encarnação do mal, que odeia o Natal e faz o bingo de tudo que alguém malvado faria. Mesmo numa interpretação simples e pouco inspirada, Leguizamo entrega o que queremos, um cara malvado que torcemos para que morra logo.
A abastada família Lighstone esconde um segredo na forma de uma fortuna desviada, que está guardada no cofre na casa. A própria família também é composta de pessoas que estão longe de serem consideradas legais sob circunstâncias normais. Os parentes puxam o saco da matriarca Gertrude (Beverly D’Angelo), embora ninguém pareça exatamente uma pessoa bacana que se importa com a outra. O primogênito Jason só está lá numa tentativa de reatar com a esposa Linda (Alexis Louder) e a filha Trudy (Leah Brady), com um plano secreto que seria revelado durante o Natal. Pena que os assaltantes chegaram primeiro.
De uma forma curiosa e divertida (uma forçada do roteiro que funciona muito bem), a garota Trudy consegue falar com o Papai Noel, que, sem que ela soubesse, só queria sair dali o mais rápido possível, e pede ajuda a ele para salvar a sua família. O que se segue é uma sequência de ação e humor violento e engraçado, com Noel apanhando e batendo em igual quantidade.
O filme usa todas as oportunidades possíveis para fazer piadas com temas natalinos, em frases de efeito, respostas, comentários, cenas bobinhas e soluções de lutas e escapadas. Também faz referências a outros filmes que se passam no Natal, como Duro de Matar e Esquecerem de Mim, de forma até não muito criativa, mas fazendo piada inclusive disso.
Harbour e Alexis Louder salvam o filme, com a amizade previsível e óbvia, usando inúmeros clichés, até mesmo os batidos “você me salvou”, “não, foi você que me salvou”. Um dos elementos curiosos, e que em outras mãos certamente não funcionaria, é a alternância de violência explícita, humor sarcástico e momentos comoventes. O diretor Wirkola tem a capacidade de unir esses elementos muito bem, fazendo um estranho filme de Natal, com todos os elemento bonitinhos, família, festa, real significado do Natal… e muito sangue e violência.
Noel lembra de sua vida antes de ser um velhinho que entrega presentes, seu passado violento e sangrento (de onde vem o “vermelho” em sua vida atual), e isso é usado como uma desculpa para justificar que ele é mais que alguém que sobe e desce chaminés entregando presentes. E para explicar em partes como ele trucida os criminosos de forma cruel. Mas tudo bem, eles estão na lista dos malvados.
Uma comédia violenta e engraçada, que faz jus à piada do nome original (“Violent Night”, algo como Noite Violenta), que consegue usar um monte de clichés e elementos batidos num filme divertido, que se passa no Natal. Divertido, mas que, definitivamente, não é recomendado para crianças.
Só se salva mesmo pelo carisma do Xerife Jim Hopper como Papai Noel. Ele carrega nas costas um filme caricato com roteiro capenga e cheio de buracos que só serve como pretexto para derramar baldes de sangue.
ALERTA DE SPOILER – todos os bandidos estão na lista de malvados do Papai Noel mas ninguém da família Lightstone, que é cheia de gente interesseira e gananciosa, sequer aparece na mesma lista. (Especialmente a matriarca boca-suja e corrupta).
Fosse apenas o Noel socando os meliante estaria de bom tamanho, talvez um baita média metragem. Mas o elenco “humano”, o draminha familiar, a guriazinha Esqueceram de Mim, são insuportáveis. Mesmo assim, o Harbour entrega um papel incrível. Poderia ter rendido BEM mais.
Gostei do filme, faz tempo que não tínhamos um filme de ação com essa pegada Duro de Matar que eu gosto muito, só não gostei muito do humor vergonha alheia do filme, sem contar o Papai Noel do Harbour e suas situações absurdas, todos os outros personagens possuem um humor muito forçado e sem graça, de cada 10 “cenas engraçadas” apenas 3 são realmente engraçadas como a cena do “Esqueceram de Mim” que inclusive agora eu quero um Esqueceram de Mim (ou algo parecido) com a classificação R kkkk