Assassinato no Expresso do Inferno
Original:D-Railed
Ano:2018•País:EUA Direção:Dale Fabrigar Roteiro:Dale Fabrigar, Suzanne DeLaurentiis, Everette Wallin Produção:Suzanne DeLaurentiis Elenco:Lance Henriksen, Dwayne Standridge, Giovannie Espiritu, Catherine Healy, Marvin Ryan, Amanda Mayfield, Natalie Schneider, Frank Lammers, Carter Scott, Jack Betts, Gregg Christie, Shae Smolik, Leticia LaBelle, Logan Coffey, Daniel O'Reilly |
Um ano depois da ótima refilmagem Assassinato no Expresso do Oriente, de Kenneth Branagh, foi lançado o longa D-Railed, com o título nacional esperto Assassinato no Expresso do Inferno. A picaretagem até que faz sentido na primeira parte do filme de Dale Fabrigar (Área 407), quando um grupo de passageiros, na noite de Halloween, resolve participar de uma viagem de trem para resolver um jogo proposto: antes da noite terminar alguém será assassinado, cabendo aos presentes tentarem desvendar a identidade do vilão. Uma ideia interessante, como uma peça de teatro imersiva, convidando os passageiros à solução do mistério, sem a presença de um Hercule Poirot para entrevistar o grupo para encontrar as pistas. O problema é que a proposta não é essa; não se trata de um thriller claustrofóbico, mas uma típica produção de monstro, com o roteiro, desenvolvido pelo próprio Fabrigar, em parceria de Suzanne DeLaurentiis e Everette Wallin, buscando a todo momento se reinventar. E haja invenções!
A primeira delas acontece nos primeiros quinze minutos, quando o anfitrião (Frank Lammers) apresenta os passageiros, indo além do grupo de atores, parecendo saber os segredos de cada um, até ser golpeado nas costas e cair morto. A sensação de que tudo faz parte do espetáculo logo termina, quando um dos passageiros se revela assaltante e, com a ajuda de dois outros parceiros, passa uma sacola para recolher joias e outros itens de valor. Contudo, ao tentar pedir aos maquinistas que parem o trem, a reação deles faz com que o veículo acelere demais e perca seu controle. Na curva de um precipício, o trem descarrila e o vagão dos passageiros cai em um lago. Está conseguindo acompanhar?
Feridos, os sobreviventes Charlie (Dwayne Standridge), Evelyn (Carter Scott), Antonia (Leticia LaBelle), Abigail (Shae Smolik), Marcus (Daniel O’Reilly) e Eugene (Logan Coffey) logo descobrem que no local habita uma criatura, disposta a caçá-los, um a um. Com a ameaça do vagão afundar a qualquer momento, eles precisam encontrar meios de chegar à terra firme para buscar ajuda. E alguns até conseguirão, até porque o longa ainda reserva mais algumas surpresas fantasmagóricas. Sim, Assassinato no Expresso do Inferno atira para todos os lados sem se dedicar adequadamente a nenhum deles, apostando em seus plot twists para propor o entretenimento ao espectador.
Além dos excessos não contribuírem para tornar a produção interessante, ela ainda é ferida pelos fracos efeitos especiais – toda a movimentação do trem é feita em CGI, além, claro, do monstro. Demora um pouco para o infernauta entender sua forma de atacar, até porque algumas pessoas são puxadas para o fundo do lago, desaparecem momentaneamente, para depois emergirem como se nada tivesse acontecido. O roteiro, preocupado com suas mudanças constantes, esquece do básico, que seria explicar como Eugene conseguiu se soltar da madeira, por que, de repente, Antonia e outra personagem acharam que deviam se sacrificar, que local é aquele em que os sobreviventes chegam e qual a origem da criatura. Seria O Monstro da Lagoa Negra ou algum espécime fugido de Dagon?
Com boas atuações de Carter Scott e principalmente de Shae Smolik, Assassinato no Expresso do Inferno ainda conta com uma participação singela de Lance Henriksen. Com menos de três minutos em cena, o ator entrega um pouco de dignidade à colcha de retalhos, mas não a salva de sua mediocridade. Não vai empolgar os fãs de filmes de monstros, nem os de thrillers de mistério, figurando como uma obra Frankenstein, com pedaços de vários enredos, feita com muita inspiração e sem aprofundamento.