Hora de Acordar – Five Nights at Freddy’s: Pavores de Fazbear 3
Original:1:35 A.M. – Five Nights at Freddy’s: Fazbear Frights 3 Ano:2024•País:EUA Autor:Scott Cawthon, Elley Cooper, Andrea Waggener•Editora: Intrínseca |
O universo dos animatrônicos demoníacos continua espalhando pesadelos e horrores vizinhanças afora em Pavores de Fazbear. Em seu terceiro volume, a solidão é algo recorrente na vida dos protagonistas dos três contos presentes. Fazendo de tudo para ficarem menos solitários, vão descobrir que o ditado “antes só do que mal acompanhado” é mais verdadeiro do que imaginam.
Em Hora de Acordar, o primeiro conto é intitulado de 01:35 – que é também o título original desse volume -, e nele conhecemos Delilah, uma moça que mora sozinha em seu apartamento após o divórcio e tem como péssimo hábito perder o horário para acordar. Claro que isso causa muitos problemas em sua vida, especialmente no trabalho, já que vive se atrasando ou mesmo perdendo seus turnos como gerente de um restaurante, e seus despertadores aparentemente nunca funcionam. Em uma tarde, Delilah passa por uma venda de garagem, seu ponto fraco. Adora fuçar e explorar as relíquias e velharias, sem a intenção de comprar nada, até que se depara com uma adorável boneca que chama sua atenção. Segundo o manual, o brinquedo tem diversas funções muito modernas, mesmo parecendo bem antiga, mas infelizmente apenas uma delas continua funcionando: a função de despertador. A boneca despertou um estranho fascínio em Delilah, que imediatamente paga e a leva para casa, certa de que finalmente seus problemas estariam resolvidos e enfim acordaria na hora com seu novo despertador. Que belo engano. O despertador não funcionou, ela se atrasou novamente. Furiosa, joga a boneca no lixo a caminho do trabalho, e a partir daquele dia suas noites nunca mais serão as mesmas, e muito menos o seu sono.
Diferente dos dois volumes anteriores, cujos primeiros contos eram interessantes e envolventes, 01:35 se mostra bem maçante. É uma história longa, onde as coisas demoram a acontecer e de forma exaustivamente repetida, de modo que a única sensação que o final desperta é o de alívio por finalmente ter acabado, sem impacto algum. Há alguns momentos que deveriam ser assustadores, mas o conto é tão entediante que acaba não dando certo.
O segundo conto, Espaço para Mais Uma, conta a história de Stanley, vigia noturno de uma fábrica que acabara de ser chutado pela sua agora ex-namorada. Seu trabalho consiste em ficar de olho para que nada saia de lá, coisa que o homem estranhou na época que foi contratado. Em outros empregos, sua função era se certificar de que nada entrasse no local. De qualquer modo, sem mais perguntas, aceitou o emprego e, durante um ano e meio, tudo correu perfeitamente bem. Uma noite, o sensor de movimento disparou, mas Stanley não viu nada de errado ali e voltou a tirar um cochilo durante o turno. Quando acorda, se depara com uma pequena bailarina em seu painel, daquelas que falam frases pré-programadas. Mais um cochilo, um pesadelo estranho que o faz acordar sobressaltado e, quando olha ao redor, a pequena bailarina não está mais ali. Estranho, já que ele é o único presente no local, mas não dá muita importância a isso. Quando seu turno acaba, nota que sua garganta parece machucada, dói para engolir, e isso só piora nos dias que estão por vir, enquanto mais bailarinas misteriosas continuam a aparecer noite após noite.
Aqui, temos o mesmo problema do conto anterior: muita repetição e demora, porém, por ser um conto menor, acaba não sendo tão cansativo, além de ter um enredo um pouco mais interessante. As páginas finais são agoniantes, assim como seu encerramento.
Por último, O Garoto Novo nos apresenta a Devon e Mick, dois adolescentes excluídos na escola e que tem apenas um ao outro. Mick, com seus gostos por leituras e heróis, fica perfeitamente bem com apenas seu amigo de infância a seu lado, mas Devon está cansado de ser invisível, cansado de ter um clubinho de criança com seu único amigo que tem os mesmos gostos desde os 7 anos de idade, cansado de não ser popular e, além de tudo, é apaixonado por Heather, a garota mais popular da escola e que claramente despreza Devon, mas só ele não percebe. De repente, um aluno novo entra no colégio e, para surpresa dos dois adolescentes, vai falar com eles. Kelsey é bonito e popular, todos cumprimentam ele, e mesmo assim ali está o garoto, com os dois excluídos, e dando total atenção a eles ao invés de estar com o grupo de atletas ou com as meninas que se derretem por ele. Mick está radiante com o novo amigo, que conversa com eles de igual pra igual, mas Devon não compartilha do mesmo sentimento. Um dia, após a escola, Devon leva os amigos num local abandonado que descobriu, cheio de fantasias de animatrônicos, e pretende dar um pequeno susto no perfeito garoto novo, mas é claro que tudo vai dar muito errado para ele.
De longe, essa é a melhor história do volume. Longo, mas com bom desenvolvimento de história e personagens, com um ritmo que nos deixa apreensivos pelo que vai acontecer desde a sua apresentação, especialmente pelo protagonista mostrar ter um lado obscuro e problemático desde o início. Possui um enredo sombrio, especialmente a partir da metade, com um ótimo desfecho.
Para finalizar, temos a terceira parte de Aparição de Sutura, história que será revelada aos poucos ao longo dos volumes.
Hora de Acordar é, até o momento, o mais fraco dos volumes de Pavores de Fazbear. Há tensão, mas a enrolação – especialmente no primeiro conto – é tanta que acaba esfriando, não há tantos momentos assustadores ou desperta identificação pelos pavores que os protagonistas estão enfrentando como nos volumes anteriores. A primeira história poderia ser menor e mais direta ao ponto e, justamente por ser o conto que abre a antologia, acaba sendo um anti-clímax. Mas vale continuar a leitura pelos dois contos seguintes que, apesar de não serem melhores do que alguns presentes nos volumes 1 e 2, ainda assim proporcionam bons momentos de terror.