![]() The Lake
Original:The Lake
Ano:2022•País:Tailândia, Austrália Direção:Lee Thongkham Roteiro:Lee Thongkham Produção:Nimit Sattayakul, Nathaporn Siriphakcharath Elenco:Chakrit Boonkeaw, Naiyana Bumee, Wanmai Chatborirak, Palita Chueasawathee, Wang Dongping, Lamyai Haithongkham, Chartchai Ketnust |
Se eu dissesse para vocês que o tailandês The Lake (2022) envolve um monstro gigante que emerge das águas e possui efeitos especiais muito bem concebidos, aumentaria suas expectativas de que se trata de algo interessante? Ora, o cinema asiático já deixou rastros de filmes divertidos e significativos dentro da mesma proposta sem que eu precise mencionar Godzilla. Quem não se lembra do profundo O Hospedeiro, de Bong Joon Ho, sobre uma criatura que emerge do Rio Han e que teve até passagens pelos cinemas brasileiros? Com toda essa bagagem e o intenso crescimento da produção tailandesa, The Lake tinha todas as ferramentas para desenvolver um novo clássico contemporâneo. Contudo, nem sempre o ter à disposição significa fazer algo bem feito.
Com direção e roteiro de Lee Thongkham (de The Maid, 2020), o filme emula cenas de O Hospedeiro e até de Parque dos Dinossauros. Começa em uma pequena aldeia tailandesa às margens de um lago, onde a pequena May (Wilawan Chatborirak) encontrou um gigantesco ovo, provavelmente pré-histórico. Nessa mesma noite, um monstro desponta das águas e faz as primeiras vítimas, enquanto May desaparece e intriga sua irmã Lin (Suchar Manayang). A criatura chegará à cidade, passando por cima de qualquer pessoa que cruzar seu caminho, exigindo ações do policial James (Teerapat Sajakul) e do Professor Yang (Zang Jinsheng) e sua assistente Chen (Ren Youxuan).
Inicialmente dinâmico, com vários ataques do monstro acertadamente em noites chuvosas – algo que ajuda na concepção dos efeitos -, logo o filme amplia a quantidade de monstros assim como seus dramas, numa tentativa forçada de dar ao longa profundidades que não funcionam bem. Por exemplo, James tenta se reaproximar de sua filha Pam (Supansa Wedkama) sem muito sucesso até um ataque de uma versão gigante do monstro ao carro onde ela está com a reencontrada May, na tal cena inteiramente copiada do filme de Steven Spielberg. Lin passa a se preocupar com seu irmão Keng (Thanachat Tunyachat) depois que este se mostra conectado à criatura que o atacou: se ela for ferida, ele também se machucará da mesma forma.
No entanto, assim que a primeira criatura chega à cidade, curiosamente sugerida por James de que se trata de um jacaré mesmo sendo bípede, a polícia local e os cidadãos se mobilizam pela captura. E conseguem. Durante muito tempo, o veículo onde ela está é circundado por populares em gritos para que ela seja morta. A versão gigante desponta para a mesma direção, e demora horrores para alguém perceber que ela está atrás do filhote. Em dado momento, alguém percebe o óbvio e pede para falar com o encarregado da operação, como se estivesse prestes a revelar um ponto fraco ou a descoberta da cura do câncer: “Eu já sei o que o monstro quer.”
Há cenas muito bem feitas mesmo, com destaque para a perseguição em um arrozal, mas estão perdidas entre outras como o próprio roteiro. Embora não seja tão longo, The Lake parece interminável. Quando você imagina que finalmente encontraram um caminho, há epílogo atrás de outro para que James finalmente entenda os propósitos de tudo ali. Apesar da boa direção, Lee Thongkham deixa transparecer que está dirigindo algo que fará diferença na indústria de cinema, ousando na trilha sonora, nas rimas narrativas e no melodrama dos personagens. Só não soube alinhar o roteiro à proposta, fazendo uso do humor na expressão de medo das vítimas mesmo não sendo uma comédia, e remetendo a diversos outros filmes similares.
The Lake se mostra caro, mas com problemas que impedem sua relevância. É uma pena porque muitas produções enfrentam o efeito contrário: até possuem boas ideias, mas são influenciadas pelos aspectos técnicos.