![]() Round 6 - 3ª Temporada
Original:Ojing-eo geim / Squid Game
Ano:2024•País:Coreia do Sul Direção:Hwang Dong-hyuk, Kim Ji-yong Roteiro:Hwang Dong-hyuk Produção:Kim Ji-yeon Elenco:Lee Jung-jae, Wi Ha-joon, Lee Byung-hun, Yim Si-wan, Jo Yuri, Jun Suk-ho, Lee Seo-hwan, Tom Choi, Greg Chun, Jeon Young-soo, Jun Suk-ho, Oh Dal-su, Halley Kim, Rich Ting, Harrison Xu, James Tang Park Gyuyoung, Lee Jin-wook |
A necessidade de manter o público para mais tempo na plataforma fez a Netflix dividir a segunda temporada de Round 6 em duas partes, como já havia feito com A Casa de Papel. Criou-se uma expectativa pelo retorno dos jogos, ainda mais com a divulgação de um bonequinho para representação de um dos desafios e a informação sobre a série se encerrar nesses episódios finais. Em 27 de junho, o jogo da lula enfim retornou para os seis últimos capítulos, a partir da tentativa de revolta do final da temporada, atando as pontas soltas e trazendo mais momentos de emoção. Infelizmente, Round 6 não se encerrou como se imaginava, com tudo o que foi proposto, deixando os fãs da série como uma notada sensação de decepção.
Começa exatamente onde a temporada havia sido pausada, quando os organizadores dos jogos conseguiram conter Seong Gi-hoon (Lee Jung-jae) e Kang Dae-ho (Kang Ha-neul) sem executá-los, como os demais. Enquanto o líder dos rebeldes retornava para o grupo de sobreviventes, Kang No-eul (Park Gyuyoung) deu um tiro não fatal no Jogador 246, Gyeong-seok (Lee Jin-wook), e pediu que ele se fingisse de morto, partindo para uma ação na sala de cirurgias para livrá-lo da ilha, pensando na criança doente, uma conexão com o seu próprio passado. Mantido algemado sem possibilidade de participar da votação sobre continuar ou não o jogo, logo o protagonista e os demais competidores partiririam para o round 4, um jogo de esconde-esconde em que os jogadores são divididos em dois grupos, os que se escondem e os que perseguem e matam.
Disposto a se vingar de Dae-ho por ter desistido de continuar a rebelião, Gi-hoon aproveita o labirinto para caçá-lo, enquanto os demais vivem numa longa disputa de luta pela sobrevivência com traições e formação de grupos. É um jogo até interessante, apesar de não transparecer a grandiosidade da arena, dando a impressão que os personagens não se cruzam por puro acaso. O que vale mencionar nesse jogo é a importância da droga do falecido Thanos na viagem alucinógena de alguns personagens – algo que teria papel também importante no embate final -, o trabalho de parto de Kim Jun-hee (Jo Yuri) em pleno conflito, os lados opostos da senhorinha simpática Geum-ja (Kang Ae-sim) e seu filho Yong-sik (Yang Dong-geun) e a morte de Hyun-ju (Park Sung-hoon), uma das mais sentidas de toda a temporada.
As ações são intercaladas pela busca do policial Jun-ho (Wi Ha-joon) pela descoberta da ilha e reencontrar o irmão, In-ho (Lee Byung-hun), uma sequência que se arrasta desde a temporada anterior e se conclui de maneira boba, sem servir a nada. Com o bebê de Jun-hee como participante dos jogos, o seguinte envolve uma ponte em que os jogadores precisam atravessar pulando uma corda de aço. Não aparenta ser tão complicado quanto os participantes parecem tornar, mas a ganância de alguns elimina vários oponentes. O jogo se conclui de maneira emocionante, numa ação que acabará se repetindo no jogo final, o da lula, que será desenvolvido em uma imensa altura.
Se a forma como tudo se encerra já incomodou o público – ainda mais por realmente não terminar a série e ainda deixar uma ponta para um spinoff americano com a participação surpreendente de uma atriz de Hollywood -, o que dirá da presença desnecessária e irritante dos chamados VIPs. Surgem como comentaristas idiotas, apostando em jogadores, com falas absurdamente ridículas como as de um espectador acéfalo de Big Brother, a partir de uma dublagem horrenda. Cada vez que as ações são alternadas para esse núcleo “americano“, é impossível não sentir um asco por todos ali, desejar que a qualquer momento alguém entre no local com uma metralhadora e os finalize.
É claro que a maioria do público se decepcionou pela morte de um personagem e o modo como aconteceu. Ela até é justa e ousada pelo que foi mostrado em todas as temporadas, na própria evolução do personagem como ser humano, justificando sua fala final. A minha se deve à sobrevivência de quem não devia sobreviver, algumas mortes realmente sentidas, o policial não servir para absolutamente nada que não seja propor algumas cenas de tensão no mar e o final inconclusivo, deixando uma ponta que poderia sugerir versões em outros países.
Ao final, Round 6 deixou uma sensação de excesso de gordura, de que podia ter terminado na primeira temporada, aproveitando todo o sucesso de seu desenvolvimento, sem precisar continuar – mesmo erro cometido por A Casa de Papel e provavelmente Stranger Things. É como o próprio jogo proposto em que a sobrevida garante lucro para os envolvidos, ainda que para tal precise matar o bom senso e personagens carismáticos.