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Inner Demons
Original:Inner Demons
Ano:2014•País:EUA
Direção:Seth Grossman
Roteiro: Glenn Gers
Produção:Robin Schorr
Elenco:Lara Vosburgh, Kevan McClellan, Kate Whitney, Brian Flaherty, Colleen McGrann, Christopher Parker, Ashley Sutton, Susan Ateh, Sewell Whitney, Adrian Gaeta, Andi René Christensen, Leslie Coutterand

Quando A Morte do Demônio (Evil Dead, 2013) foi lançado, os fãs mais entusiastas viram na proposta uma releitura que extraia de sua essência a atmosfera claustrofóbica e o estilo horror caseiro, tendo personagens oriundos de uma Malhação internacional e bem distantes da profundidade de Ash, Cheryl, Scott, Linda e Shelly. Mas, a despeito de suas diferenças de ambientação e exageros gráficos, o longa de Fede Alvarez deve ser enaltecido pelo ótimo argumento, co-escrito por Rodo Sayagues, que estabelece uma conexão interessante entre abstinência e possessão. Mia (Jane Levy) estava em um isolamento social para se livrar da dependência química, atravessando sintomas de insanidade, descontrole psicológico e agressividade, o que permite uma confusão divertida com os de uma possessão demoníaca como o cinema soube nos prover.

Inner Demons, lançado um ano depois, parte da mesma ideia, explorando o exausto estilo “found footage“. O conceito parte de uma justificativa até curiosa e plausível ao acompanhar o reality show de intervenção a viciados “Step Inside Recovery“, cuja proposta é mostrar aos espectadores os caminhos para se livrar da dependência química, em cada um dos processos que inclui aceitação, internação e socialização. Entre os realizadores do programa há a produtora Suzanne Tully (Kate Whitney) e os operadores de câmera, Tim (Brian Flaherty), e o recém-contratado Jason Hurwitz (Kevan McClellan). Eles pretendem seguir a rotina da jovem Carson Morris (Lara Vosburgh), viciada em heroína, registrando entrevistas com os pais dela, Steve (Christopher Parker) e Beth (Colleen McGrann), além da amiga McKee Littlefield (Ashley Sutton), que a conheceu na Eastlake Academy, uma escola católica.

Depois de acompanhar algumas rotinas da jovem, apresentar sua infância e capacidade de decorar passagens da Bíblia até se tornar gótica e guardar em seu quarto livros de estudo sobre demônios, o programa entrevista o reverendo James Foley (Sewell Whitney), da Primeira Igreja Presbiteriana em Westchester, CA, que relata um episódio de agressividade da garota. Com a chegada do apresentador, Dr. Dean Pretiss (Richard Wilkinson), o grupo se reúne para convencê-la a aceitar a internação, somente para, em mais um ataque de fúria, Carson se manifestar com voz demoníaca e agredir McKee, antes de finalmente concordar com o tratamento.

Carson revela que se tornou viciada em heroína para impedir a manifestação de um demônio que habita seu corpo. É claro que a revelação será motivo de gozação dos realizadores do programa, à exceção de Jason, e dos que frequentam a Hope Center, o centro de reabilitação conduzido pelo Dr. Kordis (John Cragen). Além de Jason, que nutre uma afeição imediata pela garota, a enfermeira Shanti (Susan Ateh) diz ter presenciado uma situação parecida em sua comunidade natal e realmente acredita que uma entidade esteja por trás das atitudes agressivas de Carson e que isso irá piorar depois dos cinco dias do processo de limpeza de seu organismo e os sintomas de abstinência.

A ideia é funcional pelas características em comum que pessoas possuídas e viciados possuem. Porém, o longa de Seth Grossman, a partir de um roteiro escrito por Glenn Gers, opta por seguir duas cartilhas em mãos: a dos found footages e dos longas de possessão demoníaca. Assim, além de câmeras afixadas em cômodos e pessoas que a utilizam para registrar até momentos em que estão sendo ameaçadas ou discutindo banalidades – coisas que eu duvido que iriam para o ar no reality show -, você acaba sujo de vômitos, ouve Carson dizer coisas em línguas estranhas e apontar particularidades de quem está próximo.

É claro que seria difícil se afastar muito do autofragelo, do contorcionismo da possuída e do espelho que revela uma movimentação estranha, mas Inner Demons mergulha de cabeça em todos os clichês possíveis. Da narrativa didática às facilidades do roteiro como o vídeo que por ventura McKee e seus colegas fizeram quando resolveram brincar de possuir a amiga, com direito a pentagrama, velas e invocação do demônio Moloch a partir do livro Codex Daemonis. Devia fazer parte das campanhas que mostram jovens sem o uso do celular, apenas aproveitando o momento livre para aprendizados e brincadeiras inocentes.

Quando você percebe que os únicos momentos assustadores do filme envolvem uma bola acertada na janela de um veículo e uma lâmpada que estoura, é porque Inner Demons não cumpre seu papel de interesse e terá dificuldade de habitar uma prateleira superior do subgênero. Excessos de maquiagem, efeitos bregas de filtros demoníacos – hoje facilmente realizado com aplicativo e redes sociais – e quase nenhuma novidade, o longa mantém uma chama acesa apenas pelo final levemente ousado e por não incomodar como outros exemplares ruins do estilo. Deixa uma sensação que poderia ir mais longe, mesmo que não precise de uma mata densa e uma cabana isolada.

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