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De todos os gêneros dos jogos, o terror sempre me pareceu o mais versátil. É possível usar elementos do terror tanto para causar o básico medo, como ao mesmo tempo criar criar ação, ou suspense, tramas psicológicas complexas, mistérios profundos com diversas camadas e até mesmo divertir.

Para a indústria de games, 2019 foi definitivamente um grande ano. Próximo do fim dessa geração de consoles e com a nova já marcada para o final de 2020, vimos diversos estúdios entre grandes e pequenos apresentarem seus produtos para o gênero, com produções marcantes e que ousaram até mesmo em mudar narrativas e jogabilidades.

Um começo arrasador

Já no dia 11 de janeiro, fomos apresentados a um dos melhores jogos do ano e que se manterá em nosso imaginário por muito tempo. O aguardado remake de Resident Evil 2 nos recoloca na pele de Leon Kennedy e Claire Redfield, que chegam ao mesmo tempo em Raccoon City, destruída por um acidente biológico de proporções catastróficas que aniquilou parte da cidade e transformou a outra em monstros sanguinários.

Resident Evil 2 tem tudo que amamos num jogo de terror. É assustador, tem ação na medida certa, um excelente enredo, personagens carismáticos, um gráfico digno das plataformas atuais e um vilão épico. A máquina de matar Mister X é de longe uma das melhores coisas do jogo. Ainda assim, RE2 não é perfeito, com a notável pressa da Capcom em entregar o jogo, dando praticamente dois caminhos iguais para os personagens quando rotas diferentes fariam mais sentido.

Em seguida, fomos agraciados com a produção ucraniana Metro Exodus, um FPS muito bem equilibrado entre a narrativa de um grupo de soldados que tenta desvendar um mundo devastado após uma guerra nuclear, com elementos de horror e ação militar em primeira pessoa. Ainda que muito bem produzido, o jogo chegou em seus primeiros dias carregado de bugs, mas o clima envolvente e a história bem contada garantem horas de diversão.

Já em março, fomos marcados por dois jogos de ação que a sua maneira se apropriam do terror em facetas bem diferentes. Devil May Cry 5 nos entrega um título hack and slash viciante em uma luta incessante contra demônios, enquanto Sekiro, aclamado pela The Game Awards como o melhor jogo do ano, se consolida como a obra mais primorosa da FromSoftware, onde num Japão Feudal tomado por monstros demoníacos, assumimos o controle de um samurai em busca da salvação do mundo, num game desafiador, mas acima de tudo recompensador.

Entre o sangrento, o suspense e o divertido

Uma das maiores franquias de jogos de luta da história, Mortal Kombat chegou neste ano a sua edição número 11. Famosa por trazer uma história que abusa dos elementos do horror e mais famosa ainda por seus sangrentos fatalities, Mortal Kombat 11 aprimorou tudo que havia sido bem feito no X para deixar ainda melhor. Com um pacote de personagens extras que ainda não acabou de ser lançado, o jogo inclusive se mantém vívido e disputado.

Já o sucesso inesperado do jogo Man of Medan veio dos mesmos produtores de Until Dawn. Continuando com a fórmula de terror narrativo, onde a jogabilidade é mínima, mas as possibilidades de escolhas são inúmeras, o game faz parte do projeto Dark Pictures Anthology, uma sequência que vai abordar diferentes clichês do terror. Com o primeiro episódio voltado para uma aventura de jovens que encontram um navio fantasma, uma história angustiante é contada, ainda que de curta duração.

E claro que nem mesmo a Nintendo ficaria de fora dos destaques do ano, ao nos entregar um dos mais divertidos jogos de 2019 justamente no Halloween, o ótimo Luigi’s Mansion 3, onde mais uma vez controlamos o irmão de Mario em uma jornada de caça fantasmas, incluindo ainda uma versão fantasma de Luigi, capaz de acessar espaços que o de carne e osso não consegue.

Águas misteriosas com ficção científica

Transitando pelo gênero do terror, alguns jogos foram divisores de água entre a crítica. A mais recente obra baseada nos escritos de Lovecraft, o jogo The Sinking City tinha até boas expectativas junto ao seu lançamento, mas o resultado final não agradou a maioria. Situado nos anos 20, The Sinking City é um jogo de aventura e investigação em mundo aberto, todo em terceira pessoa com visão sobre o ombro. Os jogadores assumem o controlo de um investigador privado que chega à cidade de Oakmont, no Massachusetts – um lugar afetado por cheias sem precedentes resultantes de fenômenos sobrenaturais. A premissa boa infelizmente foi ofuscada por mecânicas simples demais e um enredo que é considerado bastante confuso.

Na contramão, acumulando uma estrondosa crítica positiva, ainda que altos gritos de negatividade, o suspense Control foi de longe um dos maiores destaques do ano. Com um bizarro enredo que mistura paranormalidade com ficção científica, mergulhamos numa narrativa cinematográfica da agente Jesse Faden, que explora um departamento de investigação do governo em busca do irmão, desaparecido 17 anos atrás, num caso que, aos olhos da protagonista, foi encoberto pela agência. Ainda que surpreendente e inovador em alguns pontos, o jogo é repleto de firulas e suas mecânicas de mapa não são exatamente as mais divertidas.

E claro, não podemos deixar de falar um pouco do último jogo de Hideo Kojima. O lendário diretor de games já havia dito que Death Stranding não seria um jogo de terror, mas é difícil não aceitar que muitos caminhos do gênero foram tomados. Kojima reuniu um mega elenco de amigos e produtores para entregar uma trama poderosa, insana, num mundo que tenta sobreviver a um cataclisma, onde o plano dos vivos e o plano dos mortos passou a se misturar, destruindo todas as funcionalidades existentes até então e exigindo uma conexão entre todos os sobreviventes para evitar o fim da humanidade. Diferente de tudo que é entregue hoje no mercado de jogos, Death Stranding não é para todos. O simulador de entregas protagonizado por Norman Reedus é denso e se mostra uma experiência inesquecível para quem abraça o diferente, mas pode ser entediante e pirado demais em suas pretensões para outra parcela do público.

E o melhor jogo de terror de 2019 é…

Sem dúvidas dou este prêmio para Blair Witch. Superando de longe as continuações cinematográficas do clássico do terror de 1999, o legado de A Bruxa de Blair sobrevive agora muito bem nesse jogo de terror profundo e macabro.

Desenvolvido pela Bloober Team, o jogo Blair Witch se passa em 1996, quando mais uma criança desaparece na floresta de Black Hills. E no meio da comoção, passamos logo de cara a controlar Ellis, um ex-policial afastado por problemas psiquiátricos que procura provar sua recuperação encontrando o menino com uma arma secreta poderosíssima: seu cachorro e amigo fiel Bullet.

Voltado ao terror psicológico, em Blair Witch não temos momentos de ação ou armas à disposição. Ainda assim, mesmo com enredo e acontecimentos lineares, suas opções de jogabilidade são bem diversificadas e razoavelmente inovadoras até mesmo quando comparada a jogos da mesma pegada, como Outlast, sendo o principal destaque o controle de Bullet. O jogo é crescente e envolvente, ficando difícil ser indiferente a seus acontecimentos.

Ainda que com uma série de limitações técnicas e gráficos que não condizem com a atual geração, Blair Witch conseguiu se sustentar sobre o legado de sua franquia, algo que tem se tentado cada vez mais no mundo dos games mesmo que por outros gêneros, como os recentemente apresentados jogos dos Vingadores e Velozes e Furiosos.

No fim das contas, 2019 foi um grande ano para a indústria dos jogos e muito bom para o gênero do terror e tudo que é possível dentro dele. Que 2020 seja ainda mais grandioso para os controles em nossas mãos.

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1 comentário

  1. Resident Evil 2 remake, foi um dos grandes jogos de 2019, um jogão com muito terror do jeito que a franquia merece, e foi muito bom poder jogar um clássico desse tipo, agora gráficos atuais, um som bom, eu só achei o modo hard core meio fácil, eu queria que fosse mais difícil mesmo, enfim.
    Acho que todos devem jogar, é diversão garantida, e olha que em menos de 2 meses já teremos o Resident Evil 3 Nemesis de volta, não vejo a hora de poder jogar.

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