4.5
(4)

por Michel Goulart da Silva

Dez anos atrás, no dia 23 de janeiro de 2015, foi exibido no Festival de Sundance o filme A Bruxa (“The Witch”, no original), dirigido por Robert Eggers e protagonizado pela então desconhecida atriz Anya Taylor-Joy. Por suas muitas qualidades de roteiro e direção, o filme foi imediatamente celebrado como um clássico contemporâneo do cinema de horror, colocando Eggers como um dos principais expoentes recentes do gênero, ao lado de nomes como Mike Flanagan e Jordan Peele.

O filme A Bruxa, ambientado na Nova Inglaterra do século XVII, explora temas como superstição, fé e repressão sexual. Na história contada no filme, uma família é banida de sua comunidade e se estabelece em uma fazenda isolada na floresta. Contudo, o que poderia ser um recomeço acaba se tornando uma tragédia com o misterioso desaparecimento de Samuel, ainda um bebê, filho mais novo da família.

O núcleo de protagonistas é mostrado como extremamente religioso, havendo um rígido controle dos pais sobre os filhos. No caso de Thomasin, a filha mais velha, soma-se ao fanatismo religioso a repressão à sua sexualidade. O filme critica a intolerância e o fanatismo religioso, expresso em diferentes situações pela família. O filme mostra a família se decompondo em seu próprio fanatismo, cercada por uma floresta cheia de mistérios e perigos que desconhecem. O temor do desconhecido eleva ainda mais sua paranoia e superstição, em especial depois do desaparecimento da criança.

Com exceção do final, que pode tanto ser algo real como parte da imaginação da protagonista, a bruxa a que o título faz menção é algo apenas sugerido na história. O que poderia ser uma bruxa talvez seja apenas uma mulher que vive na floresta, aparentemente isolada do resto do mundo. Não são mostradas informações precisas, mas essa mulher pode também ter passado por um processo de exclusão por parte de sua colônia. O filme, portanto, deixa em aberto a presença ou mesmo a existência de uma bruxa, remetendo muito mais à paranoia e desconfiança de seus personagens.

O filme A Bruxa é uma das melhores produções de horror dos últimos anos, tanto mostrando originalidade na temática como trazendo elementos de clássicos de gênero. Embora não se encaixe nos tipos mais comuns do gênero, remetendo ao folk horror, é uma das produções mais importantes do processo de renovação do horror, ocorrido nas últimas décadas, e mostra muito da potencialidade que ainda pode ser trabalhada pelo gênero.

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3 Comentários

  1. processo de renovação do Horror,um Caralho, decadência isso sim,um filme de horror precisa ter uma história convincente e não algo enrolado inconclusivo e sem emoção e pior ausência de medo,parece mais um filme espiritual e conflitos entre Cristãos e o mal,filme fraco, consegue ser pior que a Bruxa de Blair,que também não tem nada de Bruxa,mas enfim se até hoje metade do mundo acha que o Axel Rose é um vocalista quem sou eu na fila do pão para contestar a turma do Boca do Inferno que é um site bem informativo sobre filmes de Terror, porém não dá pra acreditar,muito menos levar a sério as resenhas de vocês,pois vocês pegaram a época do clássico do terror, porém falar do filme da Bruxa,que deveria se chamar Black Philip o Pacto,enfim,falar desse filme como se fosse um Alien o oitavo Passageiro aí não meu,enfim esse Eggers parece produtor de New metal,achando que está produzindo um Álbum de metal,mas no fundo está fazendo algo completamente longe do gênero,mas deixa o Sr Milíci transformar esse conto sombrio mediano em uma obra de Stephen King,sem mais.

    1. Avatar photo

      “Mas deixa o Sr Milíci transformar esse conto sombrio mediano em uma obra de Stephen King,sem mais.”

      Humm….vou tentar. Mas Stephen King termina mal suas publicações.

      Abs

  2. Ótimo texto e ótimo filme. Talvez “A Bruxa” não seja o melhor filme de terror da década passada, mas com certeza é o mais importante. Certamente será considerado um clássico do terror daqui mais uns dez ou quinze anos.

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