Intruders
Original:Intruders
Ano:2014•País:EUA Direção:Daniel Stamm, Eduardo Sánchez Roteiro:Glen Morgan, Michael Marshall Smith, Kristen Cloke, Darin Morgan Produção:Angie Stephenson, John Martini Elenco:James Frain, Millie Bobby Brown, Tory Kittles, Mira Sorvino, John Simm, Sonya Salomaa, Daryl Shuttleworth, Andrew Airlie, Karin Konoval, Tom Butler, Toby Hargrave, Mathias Retamal, Trieu Tran, Robert Forster, Tasya TelesAlex Diakun, Rukiya Bernard |
Desde Twin Peaks, séries que apresentam mistérios, conexões estranhas, conspirações e assassinatos passaram a ser uma boa pedida. O público se vê envolvido pelos acontecimentos e, a conta-gotas, vai encontrando as respostas que anseia, mesmo que nem todas as perguntas sejam respondidas, permitindo que a imaginação complemente o resultado. Intruders, baseado no livro “The Intruders“, de Michael Marshall Smith, traz uma mescla de todos esses ingredientes, intrigando e conduzindo o espectador à reflexões metafísicas, ainda que a concepção funcione melhor do que a realização.
Produzida pela BBC americana, a trama envolve uma sociedade secreta chamada de Qui Reverti, que descobriu os caminhos para a imortalidade através do “despertar” de uma segunda alma. Começa com o suicídio de uma garota recém despertada e o desaparecimento repentino de Amy Whelan (a plasticada Mira Sorvino), esposa do ex-policial Jack (John Simm), e da pequena Madison O’Donnell (Millie Bobby Brown). Enquanto todas as pistas levam a acreditar que Amy possa estar numa relação extra-conjugal, algo que o policial desconfia durante boa parte da série, o público já sabe da complexidade da situação, principalmente devido ao envolvimento de um assassino, Richard (James Frain), numa missão de busca de uma peça fundamental para a manutenção do grupo.
Para ajudar Jack, há o advogado Gary Fischer (Tory Kittles), que enfrenta um problema pessoal e busca na destruição dessa sociedade uma forma de alívio temporário. E é exatamente essa personagem que dilui a força da série, quando muda completamente de atitude de um episódio para outro: passa de um advogado em busca de respostas para um louco, obcecado pela sociedade, àquela mesma em que ele “fingiu” não saber de nada, agindo com consciência nas ações do amigo – tanto que, o que ele sabe, diminui a importância de encontrar o procurado Bill Anderson (Sean Devine). Outro efeito negativo a ser considerado é a atuação da jovem Millie Bobby Brown, cuja personagem teve o corpo ocupado por um terrível serial killer, Marcus Fox (Alex Diakun), despertado erroneamente por Richard. Em nenhum momento, mesmo quando a garota tenta falar grosso ou com seriedade, ela convence de que se trata de um adulto violento e frio, capaz de atos insanos, apenas por diversão.
Confesso que também não me senti envolvido pelos acontecimentos com Amy. Não sei se foi a apatia pela atuação de Mira Sorvino, ou se a transformação da personagem tenha ocorrido tão rapidamente, a ponto de ter tido tempo de me afeiçoar a ela. Talvez uma atriz mais carismática ou tempo maior para desenvolver suas ações funcionasse melhor.
Intruders foi desenvolvida por Glen Morgan, nome comumente associado à franquia Premonição. Para comandar os oito episódios, a função foi ocupada por apenas dois diretores: Eduardo Sánchez (do filme A Bruxa de Blair, 1999), nos primeiro quatro episódios, e Daniel Stamm, de O Último Exorcismo, 2010. Ambos fazem um trabalho burocrático, sem nada que os destaque ou atrapalhe. Provavelmente um enredo mais acertado poderia permitir uma relação maior com os cineastas, apagados por um argumento bom, mas realizado de forma simplória.
Ressurreição, corpo com duas almas, pastores, assassino em série…tudo parecia caminhar para uma série maior, com, no mínimo, duas temporadas. Contudo, as falhas e a baixa audiência foram mais do que suficientes para que Intruders tivesse vida curta, e sem possibilidade de retorno.
Tenho que admitir que o final foi bem ruim, mas saber que a serie não teria uma sobrevida, acabou comigo.