O remake de Poltergeist – O Fenômeno finalmente estreou. Com a nova versão, é hora também das constantes comparações entre a refilmagem e a obra original. Para quem não lembra, ou nunca assistiu, a trama de 1982 apresentava a família Freeling, cuja filha mais nova, Carol Anne, acaba sendo “sequestrada” por espíritos. Começa então uma dramática e assustadora corrida contra o tempo para que a garota seja resgatada.
Com direção de Tobe Hooper (O Massacre da Serra Elétrica) e produção de Steven Spielberg, Poltergeist marcou época e é lembrado até hoje como um das melhores produções de horror não apenas da década de 1980, mas dos últimos 33 anos. Cenas marcantes, frases de feitos e personagens cativantes foram alguns dos pontos que costumam ser destacados por qualquer crítica sobre a obra original. Com a estreia do remake, que segue basicamente a mesma estrutura narrativa, o Boca do Inferno listou 10 tópicos sobre o que funciona melhor em cada filme.
1- Introdução
No filme de 1982, a ação começa mostrando o interior da casa dos Freelings. É tarde da noite e todos estão dormindo. A câmera passeia lentamente pelos cômodos. Conhecemos então cada um dos membros da família. Ao final desta sequência, Carol Anne se levanta da cama e desce até a sala, onde o pai está dormindo com a TV ligada e fora de sintonia. A garotinha se aproxima da televisão e começa a “conversar” com o aparelho. Poucas palavras são ditas, mas o suficiente para a família inteira acordar. Ao final, Carol Anne toca a tela do aparelho com as duas mãos, em alusão ao cartaz do filme.
No remake, a ação começa dentro de um carro onde conhecemos a família Bowen, que está em busca de uma nova casa para morar. Ao chegarem ao novo endereço, descobrimos que o chefe da família perdeu o emprego e todos estão se adaptando a esta realidade. A nova casa parece ser tudo o que eles precisam e podem pagar. Nada de muito sobrenatural acontece nesta introdução.
Quem ganha: a abertura do original que já causa um certo estranhamento.
2- Família
A família original era composta pelo pai Steve (Craig T Nelson), a mãe Diane (JoBeth Williams), a filha mais velha Dana (Dominique Dunne), o filho do meio Robbie (Oliver Robins) e a caçula Carol Anne (Heather O’Rouke). Um dos pontos mais funcionais da trama foi o de trabalhar com o drama que estes personagens passaram a sofrer depois que a pequena Carol Anne foi sequestrada. Aqui, a figura de Diane acaba respondendo com fio mais dramático da trama. É uma história de terror, mas guiada pelo medo e desespero de perder um ente querido. Neste contexto, o público sofre com Diane, que chora quando a alma da garota atravessa a dela. E uma das cenas mais icônicas, Diane precisa ir ao mundo espiritual buscar a filha. Ela grita com os espíritos e manda que se afastem das crianças. Outra cena clássica envolvendo a senhora Freeling acontece quando ela cai em uma piscina cheia de esqueletos.
No remake, a família é composta pelo pai Sam (Sam Rockwell), a mãe Amy (Rosemarie DeWitt), a filha mais velha Kendra (Saxon Sharbino), o filho Griffin (Kyle Catlett) e a pequena Madison (Kennedi Clements). Diferente da trama original, em momento algum é possível ficar comovido com o sofrimento da nova família. Além disso, a figura da mãe pouco faz além do que é esperando neste tipo de filme.
Quem ganha: ponto positivo para o original.
3- Carol Anne x Madison
Heather O’Rourke tinha participado apenas de um capítulo de uma série de TV quando conseguiu, aos seis anos, o papel de Carol Anne. De olhar meigo, era impossível não simpatizar com a garota e ficar arrepiado quando ela estava em perigo. O’Rourke retornaria como Carol Anne em Poltergeist 2 – O Outro Lado (1986) e em Poltergeist 3 (1988). Estes dois filmes não fizeram sucesso. O’Rourke faleceu vítima de um grave problema no intestino logo após as filmagens principais do terceiro Poltergeist, em 01 de fevereiro de 1988. Ela tinha 12 anos.
No remake, o papel de Madison ficou com Kennedi Clements, que já tinha participado de algumas produções lançadas diretamente em DVD. Meiga como Heather, Kennedi está sendo apontada como um dos destaques do novo filme.
Quem ganha: Heather permanecerá guardada para sempre na memória dos fãs do original, mas Kennedi está muito bem no papel.
4- O sequestro
No original, Carol Anne é levada para o mundo dos espíritos durante uma tempestade quando o armário se abre e suga a garota para dentro. A sequência possui um grande impacto dentro da narrativa fílmica.
No remake, a ação é desacelerada com Madison sendo enganada pelos espíritos para entrar no armário. Uma vez lá dentro, a garota se vira para a porta e, como em um pesadelo, percebe o quanto está distante.
Quem ganha: o remake levou a melhor.
5- Palhaço
Um das cenas mais emblemáticas do Poltergeist original era com um palhaço que ficava no quarto das crianças. O tal brinquedo era aparentemente normal, mas ao cair da noite, Robbie simplesmente não consegui dormir de medo. Sentado em uma cadeira, o palhaço ficava sempre parado e era isso que o tornava tão assustador. O público tinha a certeza de que algo de ruim poderia acontecer.
No remake, o palhaço é super esquisito e dificilmente um pai deixaria um brinquedo daquele, e que foi encontrado em um cômodo secreto da casa, passar a noite no quarto do filho. Diferente do original, o novo palhaço anda e podemos ver claramente este movimento em cena.
Quem ganha: A sutileza do original é muito mais assustadora do que o palhaço creepy do remake.
6- Dra Lesh x Dra Brooke
Quando Carol Anne desaparece, os Freelings vão buscar ajuda com a investigadora paranormal Dra Lesh (Beatrice Straight). Esta personagem vai explicar para a família o que está acontecendo. Segura e esclarecida, a Dra Lesh vai caminhar ao lado dos Freeelings como uma amiga.
O remake erra feio ao apresentar a Dra Brooke (Jane Adams) como uma pesquisadora esquisita. Todo o conforto e segurança que a Dra Lesh trazia se perde com Brooke, que faz a linha paranormal estranha que parece se relacionar melhor com os fantasmas do que com os vivos.
Quem ganha: Dra Lesh
7- Medo x susto
O roteiro do original trabalha com uma eficiente construção de medo. Cada sequência, por mais simples que pareça, faz parte de um todo capaz de provocar medo no público que sempre se pega pensando que algo de errado está acontecendo. Além disso, o filme de 1982 possui sequências que são elegantemente construídas e tem-se um encantamento para depois racionalizar o medo. Um dos melhores exemplos desta característica no original acontece quando os espíritos descem as escadas da casa dos Freelings. Antes do medo, a cena é bonita e triste quando a Dra Lesh afirma como aqueles espíritos são solitários.
No remake não existe esta elegância ou eficiente construção de medo. O filme acaba apelando para o susto fácil com sequências totalmente desnecessárias. Aqui um dos piores exemplos acontece quando o pai pensa ver Madison dentro do armário. Ao se aproximar, a garota de rosto deformado se vira bruscamente para assustar o pai. Além disso, boa parte dos sustos são provocados por movimentos de câmera e efeitos sonoros.
Quem ganha: o original provoca medo e o remake sustos genéricos.
8- Tangina x Burke
A “limpadora de casas” Tangina (Zelda Rubinstein) é um dos grandes trunfos do filme original. Baixinha, gordinha e de fala infantil, é esta mulher quem vai comandar a operação para resgatar Carol Anne. A frase “Vá para a luz” dita por ela se tornou um bordão do gênero. A personagem retorna nos filmes 2 e 3.
Cientes de que seria impossível recriar Tangina, os produtores do remake optaram por apagá-la no sentido que criaram um personagem masculino, o investigador paranormal Burke (Jared Harris), que está mais para o Peter Vincent, de A Hora do Espanto, de 1985.
Quem ganha: Tangina é uma personagem bastante querida dos fãs. Impossível substituí-la.
9- Trilha sonora
Aqui vamos direto ao ponto. Jerry Goldsmith assinou a trilha sonora do original. Ele simplesmente recebeu em sua carreira 17 indicações ao Oscar de trilha sonora, tendo vencido pelo seu trabalho no filme A Profecia, em 1976. O tema de Carol Anne é um dos mais conhecidos do horror.
Marc Streitenfeld já participou de trilhas de grandes filmes como Gladiador, de 2000. O remake de Poltergeist não traz nada de impactante ou diferente do que produções genéricas de terror.
Quem ganha: Goldsmith.
10- O outro lado
No original, Diane entra no plano espectral, conhecido como o outro lado, e passamos a acompanhar a ação no mundo dos vivos. Logo Diane retorna com Carol Anne. Mas mesmo sendo uma passagem rápida pelo outro lado, a ação na casa dos Freelings é tão intensa que não sobre tempo para pensar no que está acontecendo no mundo espiritual. A verdade é que o outro lado não foi mostrado por não ter funcionado nos testes de efeitos especiais. Mas o roteiro é tão bem amarrado que isto nunca foi um problema.
No remake não apenas temos o outro lado como o vemos com uma riqueza de detalhes. A ambientação é até interessante, mas o excesso, assim como o exagero de CGI, derrubam a sequência.
Quem ganha: não ver o outro lado é muito mais assustador do que ver um mundo espiritual repleto de esqueletos em CGI. Perda total para esta ideia do remake.
“Boa parte dos sustos são provocados por movimentos de câmera e efeitos sonoros” Eu ODEIO isso em filmes de terror. Parece que gostam de nos fazer de trouxas.
Mais uma ótima matéria escrita por quem entende do assunto. Concordo em vários aspectos, o filme original é uma obra prima! é um filme inteligente e muito bem construído (mas sempre temos que pensar nele como um “terror light, ou “terror família”), O filme original apresenta muito bem os personagens e a casa onde irá ocorrer tudo, depois passa a apresentar fenômeno de forma sutil , e esse desenvolvimento vai nos prendendo na frente da tela e nos fazendo querer conhecer mais as coisas e os personagens para só depois partir para a ação propriamente dita, chegando ao clímax no final. No remake a única coisa que foi feita foi tentar ATUALIZAR o filme para os nossos dias: um pai brincalhão desempregado, uma adolescente vidrada no celular, uma mãe “independente”, um filho com traumas atuais, e uma menina que fala sozinha (com certeza a melhor coisa do filme foi a atriz mirim, que tem muito talento e fez muito bem o seu papel)…agora de resto do filme não acrescenta em nada o que já havia sido feito, pelo contrário, é muito mal apresentado e elaborado: o que é aquilo, um DRONE indo para o além? no além o sinal pega muito bem né, e ainda é transmitido em full hd, que ótimo! A árvore, ícone no outro filme, não da medo em ninguém, e o cemitério então, nem chegam a aparecer de fato, uma ou outra ceninha isolada…O remake não é péssimo, mas está longe de ser uma homenagem decente ao original. Falta desenvolvimento de personagem, falta climax, faltam cenas inéditas e falta muito as cenas de homenagem ao original, ou são cópias mal elaboradas ou são cenas sem nexo algum. Para mim esse filme está entre um remake mal feito e nada! Vale a pena assistir, não é péssimo, mas jamais será um filme memorável como foi o primeiro, se forem fazer um novo remake será do original e não dessa versão!….!
Mais uma ótima matéria escrita por quem entende do assunto. Concordo em vários aspectos, o filme original é uma obra prima! é um filme inteligente e muito bem construído (mas sempre temos que pensar nele como um “terror light, ou “terror família”), O filme original apresenta muito bem os personagens e a casa onde irá ocorrer tudo, depois passa a apresentar fenômeno de forma sutil , e esse desenvolvimento vai nos prendendo na frente da tela e nos fazendo querer conhecer mais as coisas e os personagens para só depois partir para a ação propriamente dita, chegando ao clímax no final. No remake a única coisa que foi feita foi tentar ATUALIZAR o filme para os nossos dias: um pai brincalhão desempregado, uma adolescente vidrada no celular, uma mãe “independente”, um filho com traumas atuais, e uma menina que fala sozinha (com certeza a melhor coisa do filme foi a atriz mirim, que tem muito talento e fez muito bem o seu papel)…agora de resto do filme não acrescenta em nada o que já havia sido feito, pelo contrário, é muito mal apresentado e elaborado: o que é aquilo, um DRONE indo para o além? no além o sinal pega muito bem né, e ainda é transmitido em full hd, que ótimo! A árvore, ícone no outro filme, não da medo em ninguém, e o cemitério então, nem chegam a aparecer de fato, uma ou outra ceninha isolada…O remake não é péssimo, mas está longe de ser uma homenagem decente ao original. Falta desenvolvimento de personagem, falta climax, faltam cenas inéditas e falta muito as cenas de homenagem ao original, ou são cópias mal elaboradas ou são cenas sem nexo algum. Para mim esse filme está entre um remake mal feito e nada! Vale a pena assistir, não é péssimo, mas jamais será um filme memorável como foi o primeiro, se forem fazer um novo remake será do original e não dessa versão!
Gostei das comparações, me perdoem os odiadores de remake, mas o filme original eu acho bem chato. Mostrar o plano espectral (umbral), mesmo recheado de CGI, ganhou muitos pontos comigo, e a atriz mirim principal é ótima. Por essas , fico com o remake.
òtima essa comparação.
Lembro de uma matéria parecida que li na época em que estreou VIAGEM MALDITA.
Olha, concordo na maioria das partes,o remake mostra pouca emoção diante dos fatos apresentados,até mesmo da família, que não parece comovida com um membro desta capturado por espíritos.
Porém, desde o início do post, acho que estas listas são pra tirar conclusões que já manjam ser óbvias, claro que os originais continuam ganhando dos remakes mesmo, então às vezes não vejo necessidade de ainda comparar.