
Em outubro de 1950, Kirby uniu-se novamente ao parceiro Joe Simon para criar uma antologia de terror chamada Black Magic para a Prize Publications. A dupla seguiu criando histórias macabras envolvendo fantasmas, assassinato, aberrações e bruxaria até a edição 33 da revista, lançada em dezembro de 1954. A genialidade de Kirby, aliada à criatividade de Simon, à frente de Black Magic de destacou de tal maneira que a edição de número 29 foi utilizada para estabelecer os parâmetros do Comics Code devido ao seu conteúdo considerado subversivo demais para a época.
Black Magic foi cancelada em novembro de 1961 após onze anos de publicação ininterrupta. Durante os anos em que Kirby deixou de trabalhar para a Marvel devido a discordâncias sobre o método de pagamento de direitos autorais e devolução de originais, o artista migrou para a DC Comics, que republicou algumas histórias de Black Magic no formato encadernado entre 1973 e 1974. The Simon & Kirby Library reuniu estas narrativas de horror do rei dos quadrinhos junto de seu eterno parceiro em uma edição gigante publicada pela Titan Books em 2014.
Durante a década de 50, Kirby ainda trabalhou em edições esporádicas das antologias de horror da DC Comics, House of Mistery, House of Secrets e Tales of Unexpected, além das antologias Black Cat Mistery e Black Cat Mystic da Harvey Comics. Em 1958, Kirby começou a trabalhar como freelancer para a Atlas, em vias de se tornar a Marvel Comics, estreando nas páginas de Strange Worlds #1, com histórias de ficção científica envolvendo criaturas de outras dimensões e seres de outros planetas em dezembro de 1958.
Kirby ilustrou diversas histórias de ficção científica e fantasia sobrenatural para Tales of Suspense, Tales to Astonish, Strange Worlds, Strange Tales e Journey Into Mistery. Muitas destas histórias foram escritas por Stan Lee, outro grande parceiro criativo de Kirby, e envolviam monstros gigantes com nomes engraçados e onomatopéicos como Lo-karr, Grottu, Gargantua, Fing Fang Foon e Groot, o monstro de madeira que tempos depois passou a integrar a superequipe Guardiões da Galáxia, em uma versão bem diferente daquela concebida por Lee e Kirby.

No final dos anos 60, após diversas brigas com a Marvel por divergências contratuais, Kirby voltou para a DC Comics onde criou diversos conceitos de ficção científica, entre eles o Quarto Mundo, OMAC e Kamandi, onde seus monstros sempre marcaram presença, seja na forma dos terríveis parademônios de Darkseid ou nas criaturas híbridas de humanos e animais pós-apocalípticos de Kamandi, mas sua maior criação dentro do gênero horror chegou às bancas americanas apenas em agosto de 1972 nas páginas de The Demon #01 como Etrigan, O Demônio.
O demônio rimador de Kirby foi um grande sucesso, misturando horror e super-heróis em uma história cheia de misticismo com elementos arturianos. O artista, descontente com seu trabalho após o cancelamento de The Fourth World, não imaginava que The Demon vendesse tanto e não ficou satisfeito quando a DC Comics pediu que ele preparasse 16 edições. Kirby estava mais interessado em criar histórias de ficção científica elaboradas e carregadas de mitologia, achando que o horror não tinha mais nada a lhe oferecer criativamente. Esse foi o começo do fim de namoro entre o artista e a DC Comics.
De volta à Marvel por um breve período, Kirby criou os Celestiais, Devil Dinossaur e trabalhou em uma adaptação para os quadrinhos do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço, até 1979, quando cansado da vida de freelancer, o artista conseguiu um emprego como concept designer para a Hannh-Barbera onde criou designs para, entre outras animações, Thundarr, O Bárbaro, cheia de criaturas bizarras em um futuro pós-apocalíptico.
Nos anos 80 e começo dos anos 90, Jack Kirby trabalhou em esporádicos títulos menores de super-heróis e continuou produzindo até falecer em 6 de fevereiro de 1994 devido a uma parada cardíaca, deixando um legado inestimável para a nona arte. Suas obras permanecem sendo revisitadas e admiradas até hoje. Seus designs e o dinamismo e energia que imprimia a suas páginas mudaram a maneira de se fazer quadrinhos com seus enquadramentos que explodiam nas páginas de seus super-heróis, mas Kirby foi muito mais do que aventureiros coloridos e marcou também, ainda que muitas vezes se esqueçam disso, as histórias em quadrinhos de horror.


























Kirby era um mestre, não importava o gênero. Acho que melhor que ele só o Will Eisner.
Também acho o Esiner melhor. Kirby era mais popular, trabalhava com super-heróis, mas Eisner criava narrativas mais humanas com roteiro e artes excepcionais! Dois gênios que fazem muita falta nos quadrinhos hoje…