O cinema fantástico está tão carente de produções envolvendo alienígenas hostis e claustrofobia que já era possível se empolgar com o teaser trailer de Alien: Romulus, sétimo filme da franquia Alien. Com apenas um minuto de cenas, sem mostrar muito de alienígenas e confrontos, já se podia ter uma ideia positiva de que daí poderia sair uma produção no mínimo divertida e claustrofóbica, ainda que talvez não contribua para a mitologia desenvolvida nas demais produções. Contudo, confesso que fiquei com um pouco de pé atrás nas primeiras notícias sobre uma ficção teen com elementos de horror.
Um contraponto está na direção. Fede Alvarez era um nome desconhecido até dirigir a refilmagem de A Morte do Demônio, em 2013. Ali, já mostrou que tem boa visão de obras máximas, e fez um filme sangrento, com referências ao original sem precisar necessariamente copiá-lo. Poderia ser um acerto isolado, se o seu filme seguinte não fosse o intenso O Homem das Trevas, de 2016, contando com um elenco curto e promovendo momentos de tensão e também claustrofobia. Entre episódios de séries, ele dirigiu o elogiado thriller Millennium: A Garota na Teia de Aranha (2018), em um novo capítulo da hacker Lisbeth Salander, estrelada por Claire Foy, anteriormente vivida por Noomi Rapace e Rooney Mara. Assim, Alvarez ganhou um fácil voto de confiança para ser o nome ideal para apresentar um novo capítulo do universo Alien.
E ainda tem o nome de Ridley Scott na produção. Ele foi o responsável pelo primeiro, Alien, o Oitavo Passageiro, e depois dirigiu Prometheus, dentro do mesmo universo, e Alien: Covenant, lançado em 2017. Mesmo não assumindo a cadeira de diretor, Scott é o produtor principal do filme, com estreitos laços de realização e criatividade com Alvarez. Em outras palavras, assim como aconteceu com A Morte do Demônio, ele recebeu toda a bagagem clássica para realizar um novo respiro, explorando muito mais os elementos de terror do que a ficção científica.
Alien: Romulus é situado entre Alien, o Oitavo Passageiro e Aliens, o Resgate, então não terá, obviamente, a Tenente Ripley, mas talvez alguma referência ou menção. No enredo, um grupo de jovens catadores encontra uma nave de pesquisa abandonada, pertencente à Weyland-Yutani, em Romulus. Ao explorar o local desabitado, eles irão defrontar um terror além da compreensão com os temíveis xenomorfos, numa batalha pela sobrevivência contra a forma de vida mais aterrorizante do universo. O personagem de Cailee Spaeny será Rain, uma espécie de Tenente Ripley, assumindo as principais funções de combate às criaturas. Ela terá o apoio de seu irmão androide Andy (David Jonsson), e de outros interpretados por Isabela Merced, Archie Renaux, Spike Fearn e Aileen Wu.
Em recente entrevista, Alvarez falou sobre a relação dos irmãos: “Quando o pai dela estava morrendo, ele deixou Andy para ser uma espécie de tutor. Mas Andy está um pouco danificado e é um modelo mais antigo. Então, mais do que um pai substituto, ele se torna um irmão mais novo para ela. E esse sempre foi o cerne da história: esse relacionamento entre os dois… e como esse relacionamento se desenrola quando a merda atinge o ventilador.”
De acordo com curiosidades da produção, Merced teve uma cena de horror tão visceral que a própria equipe de produção não suportou assistir. Ela e os demais receberam um iPad para rever a cena já com um trato de imagem, e chegaram a ficar se contorcendo de angústia pelo que fizeram. São aquelas notas que acabam servindo tanto para ampliar o interesse, quanto para deixar um ar de desconfiança sobre exageros dos bastidores. Até que, enfim, foi divulgado um trailer completo, mais do que o petisco do teaser, indo além de qualquer expectativa, com boas doses de tensão e pistas sobre a dinâmica da produção.
Começa com uma edição antecipando cenas tensas da produção. “Este é o lugar onde você pretende passar o resto da sua vida?“, pergunta Andy, com a negativa da jovem. Eles adentram a nave de pesquisa e começam a explorá-la, notando chão dissolvido e ambientes escuros, aparentemente desertos. Com uma tecnologia, a personagem de Aileen percebe que há algo por detrás de suas costelas pedindo passagem. Então, entram em cena os xenomorfos em um ambiente tomado pela água, saltando sobre o personagem de Archie Renaux. Já tinha notado que as criaturas teriam mais participação nesse filme do que qualquer outro da série. “Esta coisa está caçando a gente.”
Mais xenomorfos até um minuto e meio, quando o Alien, em sua composição adulta, surge para os jovens que pensavam que a principal ameaça seria aqueles monstrinhos saltadores. Com a famosa tagline, “No espaço ninguém vai te ouvir” (uma adaptação de “No espaço ninguém vai te ouvir gritar“), o trailer traz uma junção de sequências tensas sem som – em uma ideia genial -, fugas e a movimentação da nave de pesquisa provavelmente impedindo qualquer possibilidade de escapatória. Provavelmente os sobreviventes, a partir da liderança de Rain, perceberão que a única saída será enfrentar a criatura.
Desta vez, os personagens serão os passageiros dessa nave já tomada pelo Alien. Uma ideia fantástica e que talvez mude a perspectiva sobre elenco ser composto por jovens. Destaque para a cena que emula o momento em que Alien se aproximou de Ripley no banheiro em Alien 3.
Inicialmente Alien: Romulus seria lançado diretamente pelo canal de streaming Hulu, mas a Disney viu potencial para as telas grandes, felizmente. Previsto para chegar aos cinemas no Reino Unido em 16 de agosto, o longa facilmente assume a posição de produção mais aguardada de 2024, pelo menos até surgirem as prévias de Nosferatu.
E vocês? O que acharam?
Desde que o Alien seja em efeitos práticos e o clima seja o mesmo do primeiro filme e do jogo Alien Isolation, pode vir algo bom