Alien, o Oitavo Passageiro (1979)

4.9
(8)
Alien (1979)
o vazio do espaço produz monstros

Alien, o Oitavo Passageiro
Original:Alien
Ano:1979•País:EUA, UK
Direção:Ridley Scott
Roteiro:Dan O'Bannon, Ronald Shusett
Produção:Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill
Elenco:Tom Skerritt, Sigourney Weaver, Veronica Cartwright, Harry Dean Stanton, John Hurt, Ian Holm, Yaphet Kotto, Bolaji Badejo, Helen Horton, Eddie Powell

Em 6 de julho de 1897 o navio Demeter partiu de Varna, na Bulgária, com destino à Abadia de Whitby, na Inglaterra, carregando uma estranha carga de areia fina e terra. Antes de chegar ao seu destino, todos os tripulantes estavam mortos. Aquelas caixas carregavam uma sedenta criatura das trevas, que, desperto do seu sono noturno, se alimentou do sangue de cada tripulante, um por um. Sem ter para onde fugir, eles pereceram, e o monstro, satisfeito, voltou a dormir.

225 anos depois, no ainda distante 2122, a nave Nostromo, carregando uma carga de minério de ferro para o planeta Terra, recebe um chamado de socorro em um planeta estranho. Seguindo o protocolo, o capitão Dallas (Tom Skerrit) faz a aterrissagem e prossegue com sua equipe para atender o chamado. Dentro de uma gigantesca espaçonave alienígena, Dallas, Kane (John Hurt) e Lambert (Veronica Cartwright) fazem uma descoberta espetacular: um fóssil de uma raça alienígena desconhecida. Kane descobre também estranhos ovos contendo uma criatura estranha, que, de supetão, o ataca, e gruda no seu rosto.

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Levado de volta à nave, sob os cuidados do misterioso oficial científico Ash (Ian Holm), Kane parece se recuperar, depois que a criatura presa ao seu rosto morre, aparentemente sem lhe deixar sequelas. Mas apenas aparentemente. Pois logo um horror ainda maior vai tomar conta da Nostromo, assim como aconteceu com o Demeter, e vai caber à tenente Ripley (Sigourney Weaver) enfrentar o monstro conhecido apenas como Alien, uma máquina de matar perfeita e implacável. Mas se no mar sempre há chance de resgate, no espaço ninguém pode ouvir você gritar.

Subtítulos nacionais em filmes com título em língua estrangeira costumam cumprir apenas a irritante função de acrescentar algumas palavras em português para atrair o espectador que não tem dicionário. Mas neste caso, o subtítulo “O Oitavo Passageiro” foi adotado na maior parte do mundo, muitas vezes como título oficial. Isso porque ele não apenas anuncia de forma marcante e enigmática o nosso vilão, como também define precisamente a alma do filme: os outro sete passageiros. O fato de o filme ser sobre uma criatura que dizima um grupo de personagens um a um seria terreno ideal para criar um slasher banal, apenas com a diferença de o assassino ser um extraterrestre. Mas o verdadeiro motor de Alien são os seus personagens humanos.

Favorecido com um elenco de feras (além dos citados, temos os sempre excelentes Yaphet Kotto e Harry Dean Stanton como os mecânicos da nave) e pela direção do então desconhecido Ridley Scott, o verdadeiro trunfo de Alien é o roteiro perfeito de Ronald Shusett e Dan O’Bannon (que seis anos depois dirigiria A Volta dos Mortos-Vivos). A criatura assassina surge quase na marca de uma hora de metragem, de forma (literalmente) explosiva. Até esse ponto, os personagens são desenvolvidos de forma adulta e crível, e a transição da rotina da nave para o horror e tensão é feita com maestria, ao contrário de tantos filmes que parecem marcar no relógio a hora que a apresentação de personagens dá lugar à carnificina.

Grande destaque vai também para a direção de arte, com os cenários espetaculares da Nostromo, e também da assombrosa nave alienígena. Mas é claro que não se pode falar de Alien sem mencionar o design da criatura, obra-prima do artista conceitual H.R. Giger. Impossível imaginar o filme sendo tão bem sucedido com um monstro diferente, sem aquela cabeça gigante e boca dupla que se tornaram lenda no horror.

A série Alien virou praticamente sinônimo de Sigourney Weaver, mas é interessante notar como Ripley começa como apenas mais um membro da tripulação da Nostromo, e aos poucos cresce dentro da trama. Os filmes seguintes trariam a personagem de volta, cada vez mais anabolizada, até chegar no absurdo Alien: Ressurreição, onde Ripley se torna uma criatura sobre-humana, algo que foge completamente da proposta original.

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Quanto ao Demeter, sua tripulação pereceu completamente, e o vampiro que carregava espalhou horror por muito tempo ainda. Mas quanto ao Alien, ao menos podemos respirar aliviados por enquanto, pois a maioria de nós ainda está livre dos segredos do espaço… não é, Ridley Scott?

13 Coisas que você deve saber sobre Alien

Os personagens humanos foram chamados apenas pelo sobrenome no roteiro, o que garantia que cada um pudesse ser interpretado tanto por homens quanto por mulheres.

Além de Sigourney Weaver, a outra finalista para o papel de Ripley era Meryl Streep. Naquele mesmo ano, Streep ganhou o Oscar de atriz coadjuvante por Kramer Vs. Kramer.

O Alien foi interpretado pelo nigeriano Bolaji Badejo, que tinha um físico único, adequado ao traje da criatura. Badejo nunca mais teve outro papel no cinema.

Na famosa cena em que o Alien sai do peito de John Hurt, o espanto na cara dos atores é real: eles não foram avisados de que haveria tanto sangue em cena.

Duas grandes influências no filme foram Planeta dos Vampiros, de Mario Bava, e It! The Terror From Beyond Space, de Edward L. Cahn. A trama do alienígena a solta na nave foi tirada diretamente deste último, e os produtores de Alien quase levaram um processo por conta disso.

Veronica Cartwright fez testes para interpretar Ripley, e pensava ter sido contratada para o papel, até que foi chamada para fazer o teste de figurino de Lambert.

No livro O Apanhador de Sonhos, de Stephen King (transformado em filme por Lawrence Kasdan), os militares chamam um fungo alienígena de Ripley, em homenagem ao personagem de Weaver.

Em 1980, um ano após o sucesso de Alien, o italiano Luigi Cozzi lançou Alien Contamination, que também traz ovos alienígenas pulsantes, mas que desta vez atacam na terra. Outros rip-offs italianos incluem Alien 2: Sulla Terra (também de 1980), onde alienígenas atacam uma equipe de exploradores de caverna; e Shocking Dark (de 1990), que apesar de ter sido lançado como Terminator 2, é na verdade um plágio de Aliens: O Resgate.

Peter Mayhew, intérprete de Chewbacca em Star Wars, foi um dos finalistas para o papel do Alien.

H.R. Giger teve de ser controlado várias vezes pelos produtores, que achavam que os seus desenhos de produção estavam “sensuais demais“.

Ridley Scott citou O Massacre da Serra-Elétrica de Tobe Hooper como influência na hora de criar cenas de suspense.

O sangue ácido do monstro foi ideia do artista conceitual Ron Cobb, e veio para explicar a razão pela qual a população da Nostromo não usava armas de fogo para combatê-lo.

Nostromo” e “Narcissus” (a nave alienígena) são nomes de livros do escritor soviético Joseph Conrad. No mesmo ano de Alien, foi lançado Apocalipse Now, de Francis Ford Coppola, com roteiro baseado no livro O Coração das Trevas, de Conrad.

Eu não posso mentir sobre suas chances… mas vocês têm minha simpatia.
Ash

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Matheus Ferraz

Mineiro, autor publicado e mestre em Biografia pela University of Buckingham

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