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Nosferatu – não parece esta palavra o chamado do pássaro da morte à meia noite? Não vos atreveis a dizê-la, pois as imagens da vida transformar-se-ão em negras sombras. Sonhos fantasmagóricos emergirão dos vossos corações e alimentar-se-ão de vosso sangue.

No dia 4 de março de 1922, há exatos 100 anos, era realizada a primeira exibição pública de Nosferatu – Eine Symphonie Des Grauens, do alemão Friedrich Wilhelm Murnau. Este é até hoje, talvez, o mais icônico filme de horror de todos os tempos, e foi a primeira adaptação (ainda que não oficial) do Drácula, de Bram Stoker, publicado em 1897.

A pré-estreia de Nosferatu aconteceu no Jardim Zoológico de Berlim, Alemanha, no chamado Salão de Mármore. Conforme o autor Art Maglio, em seu livro Nosferatu – A Sinfonia do Vampiro, as pessoas compareceram à exibição com vestimenta especial, a pedidos da produção do evento, que ainda trouxe um prólogo inspirado no poeta Goethe.

Após a exibição do filme, uma dançarina da Ópera Estatal de Berlim apresentou a peça Die Serenade (“A Serenata”), escrita por Edmann. Em seguida, uma festa à fantasia atraiu diversos cineastas berlinenses. A estreia oficial do filme, por sua vez, ocorreu no Primus-Palast, um cinema localizado em Krefeld, Alemanha, no dia 15 de março de 1922.

Nosferatu é uma figura que consta no imaginário popular, de forma mais presente talvez que o próprio Drácula – o original do livro de Bram Stoker. Em parte pelo pioneirismo em ser umas das primeiras produções de horror para o cinema e o primeiro filme de vampiro da história, em parte pela influência que exerce até os dias de hoje entre os realizadores. A estética gótica e expressionista, aliada à narrativa atemporal de Stoker, fizeram dessa primeira adaptação um marco do cinema mundial.

As técnicas utilizadas por F. W. Murnau em Nosferatu ainda são observadas e estudadas nos cursos de cinema. O cineasta foi responsável por aprofundar as técnicas expressionistas, bem características do cinema mudo alemão, que tiveram n’O Gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Wiene, suas primeiras aplicações. O jogo de sombras utilizado em Nosferatu, por exemplo, é algo que impressiona e provoca arrepios mesmo hoje, 100 anos depois.

A influência da obra também é facilmente sentida atualmente, não apenas pela característica “vampiresca” da narrativa, mas pela própria mitologia que se criou em torno da produção. As histórias dão conta, por exemplo, de que o ator, então novato, Max Schreck, intérprete de Nosferatu, era uma figura tão estranha e soturna que acreditavam se tratar de um vampiro de verdade. Essa “lenda” deu origem ao ótimo filme A Sombra do Vampiro (2000), mistura de ficção e realidade dirigida por E. Elias Merhige e com John Malkovich e Willem Dafoe no elenco.

O ano de 1979 viu a estreia de um excelente remake chamado Nosferatu: Phanton der Nacht. Com a direção de Werner Herzog e Klaus Kinski e Isabelle Adjani no elenco, trata-se um remake fiel, mas dessa vez resgatando os nomes dos personagens originais de Bram Stoker – os quais Murnau não teve acesso em 1922.

Há a promessa de um novo remake para breve, e os rumores dão conta de Robert Eggers (de A Bruxa e O Farol) na direção, e a presença de Anya Taylor-Joy e Robert Pattinson no elenco. Se os rumores se confirmarem podemos esperar mais um grande trabalho de Eggers, que terá como principal missão apresentar esse mal – literalmente imortal – às novas gerações. Vida longa a Nosferatu!

O filme está disponível nos catálogos do Telecine, Darkflix, e gratuitamente no Youtube.

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1 comentário

  1. Clássico absoluto. Continua fantástico até hoje.

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