Hospital Maldito
Original:Boo
Ano:2005•País:EUA Direção:Anthony C. Ferrante Roteiro:Anthony C. Ferrante Produção:David E. Allen Elenco:Trish Coren, Rachel Harland, Jilon VanOver, Happy Mahaney, Shirlene Quigley, Algie Hamilton, Dig Wayne, Nicole Rayburn, Josh Holt, M. Steven Felty, Michael Samluk |
Hospital Maldito tem início com uma citação direta ao cultuado filme teen Pânico. Uma jovem loira, aparentemente sozinha em casa, preparando uma abóbora na noite de Halloween, recebe um telefonema enquanto aguarda a chegada do namorado. Do outro lado da linha, uma voz tétrica pronuncia seu nome, fazendo com que a garota rapidamente tranque as portas. Logo que volta a falar ao telefone, descobre que se trata de uma brincadeira de sua amiga Marie. A campainha toca. Vemos no reflexo da televisão um vulto mascarado, observando seus passos. Após atender uma garotinha em busca de doces, a jovem é atacada pelo estranho, que passa uma faca sobre sua garganta, deixando um rastro vermelho. Calma…era apenas uma brincadeira do namorado Kevin, com uma máscara de borracha e uma faca com lâmina falsa. Ela diz: “Quem você pensa que é? Um fantasma?“, ao passo que ele responde: “Buuu, Jessie!“.
“Boo” ou “bu” (em português) é uma expressão que se refere diretamente à intenção de causar susto. É bastante comum encontrá-la relacionada a eventos que sugerem arrepios e sustos fáceis como as sextas-feiras 13 e a típica festa americana Halloween, festejada no dia 31 de outubro, num ritual envolvendo fantasias e as mais diversas brincadeiras como a tradicional “trick or treat” (gostosuras ou travessuras).
Fazendo uso desse argumento, todos os anos uma infinidade de produções de terror chega às locadoras e cinemas, trazendo assassinos mascarados, vinganças sobrenaturais, lendas urbanas e principalmente bruxaria. Um dos maiores clichês – e que sempre funciona – desses longas é mostrar um grupo de adolescentes invadindo um local abandonado e misterioso com a desculpa de explorar alguma maldição ou lenda. Em A Noite dos Demônios 2, por exemplo, durante o Halloween, alguns adolescentes resolveram brincar num velho casarão, onde no passado morou (e ainda morava) um demônio em forma de mulher. O resultado não poderia ser diferente: sangue, mortes violentas, tripas expostas e pesadelo sem fim – ainda que, nesse caso, contenha alguns toques de humor.
No filme Hospital Maldito, do diretor e roteirista Anthony C. Ferrante (que depois faria o trash Sharknado), a história é a mesma. Em busca de algumas risadas e bons sustos, um grupo formado por dois casais entra sem ser convidado em um hospital abandonado, o aterrorizante Vista Mira Hospital, em Los Angeles, para a realização de uma festa particular. Não demorará muito e o local será o palco para todo tipo de manifestação sobrenatural já vista num filme de horror: mensagens no espelho embaçado, garotinha fantasma, vultos e sombras, bolinha misteriosa, visões do passado, corpos decompostos, possessão, sons estranhos, elevador sinistro…
O grupo é composto por personagens já vistos em centenas de outros filmes: Jessie (Trish Coren, de Sharknado), a jovem do começo do filme, sensitiva, comunica-se com a mãe morta através de telefonemas; ela namora com o já apresentado valentão Kevin (Jilon Ghai, de Alien Abduction); Marie (Nicole Rayburn, The Sex Tape) é a garota fogosa e interesseira, que está com o tipo “gay” Freddy (Josh Holt), mas que guarda algum “sentimento” pelo namorado de Jessie.
Se esses já são conhecidos, Hospital Maldito também desfila outros tipos comuns: Emmett (Happy Mahaney, de Hollywood Kills) e seu cachorro Duchess, que resolvem visitar o local antes para preparar armadilhas para assustar seus amigos; Allan (Michael Samluk, de Evilution), que está atrás de sua irmã, Meg (Rachel Melvin, de Zombeavers), que desapareceu há alguns dias nesse mesmo hospital em outro evento proibido, e que pede ajuda ao policial Arlo Baines (Dig Wayne, Visible Scars), um astro de produções blaxploitation, que utiliza o apelido “Dynamite Jones“. Apesar de ser um herói nas telinhas, Arlon foge dos compromissos – evita até entrar no hospital mesmo tendo ouvido tiros – enquanto ensaia em vão um dos golpes de seu personagem: acender um fósforo apenas com a mão e chutá-lo em direção ao inimigo.
Combinado com Kevin, Emmett entra sorrateiramente no apavorante hospital – curiosamente, um lugar real que inspirou o diretor a desenvolver o filme – e, em companhia de seu fiel cão, começa a preparar surpresas para seus amigos, com sangue falso, linha de pesca que puxa uma cadeira de rodas e esqueletos…”Não é preciso fazer muita coisa, esse local já é assustador por si só.“, diz Emmett. “Não esqueça de preparar o terceiro andar.“, avisa Kevin.
Possivelmente, a fala de Emmett tenha sido pronunciada também pelo diretor Anthony C. Ferrante, durante a produção deste seu primeiro filme. Ele apenas faz o que foi sucesso em outras produções, tentando ao máximo desenvolver uma atmosfera assustadora, mas falhando exageradamente por conta de um roteiro já batido e um elenco fraquinho. Ainda assim, Hospital Maldito consegue até divertir, tem bons efeitos especiais, e pode ser facilmente digerido com o acompanhamento de alguma pipoca, num sábado à noite.
À medida em que os personagens conhecem o edifício, alguns morrem e o público nem percebe, pois há um fantasma maligno que possui seus corpos para a realização de seu intento. Quando a máscara cai, com direito a rosto derretido e gosmas, basta um tiro para seu corpo explodir em pedaços de carne humana – num recurso já visto no filme Os Espíritos. Nesse ponto, conhecemos a “jogada” do diretor: qualquer um pode estar possuído, assim como há os injustiçados que, por conta de algumas gotas de sangue na camisa, são acusados e condenados.
Enquanto o público se diverte ao tentar descobrir os falsos-vivos, o diretor ainda reserva um momento que vai arrepiar os coulrofóbicos. Cansado de somente possuir os mortos, o espírito maligno entra numa fantasia de palhaço, na melhor cena do longa e que serviu para a ilustração de algumas versões do cartaz Ver a fantasia assustadora flutuando rapidamente em direção aos jovens já vale a conferida.
Filminho bobo e cansativo feito para adolescentes. Parece que a fórmula do bom terror se esgotou e os produtores e escritores chupam ideias que deram mais ou menos certo em outras obras, colocam tudo na mesma salada e o resultado é indigesto. Aqui vemos o de sempre, além dos erros de continuidade, diálogos pífios e situações que carecem de um melhor acabamento, sem contar as personagens insossas. Não sei se esse filme seria digerivel mesmo com a pipoca sugerida pelo crítico.
deve ser fraco demais,me interessei não.