A Carga Maldita
Original:Palmer's Pick Up
Ano:1999•País:EUA Direção:Christopher Coppola Roteiro:Christopher Coppola, Nick Johnson Produção:Alain Silver Elenco:Robert Carradine, Richard Hillman, Patrick Kilpatrick, Neil Giuntoli, Rosanna Arquette, Talia Shire, Morton Downey Jr., Charles Fleischer, Alice Ghostley, Grace Jones |
Há filmes que deveriam ser queimados em praça pública e os restos espalhados por toda a cidade, devido a sua ruindade excessiva. Ou então, as fitas poderiam vir com aquele artefato utilizado pelos Homens de Preto para esquecimento sem danos à saúde mental do espectador desavisado. Então, que sirva de aviso: leia com bastante atenção esta crítica para evitar que uma bomba chamada A Carga Maldita (Palmer´s Pick Up, 1999) exploda em suas mãos.
Como se fosse mais um episódio da série Carga Pesada, dois amigos que trabalham numa transportadora decidem aceitar mais um serviço sem saber do valor religioso da carga. Trata-se uma enorme e pesada caixa que pode dar ao Diabo a oportunidade de dominar a Terra, aliás contém o próprio em pessoa na forma de um apresentador de TV. Os dois idiotas são incumbidos de conduzir a carga sem abrí-la da Califórnia até a Flórida, passando por vários pontos (não explicam o porquê) e devem chegar ao destino antes da meia-noite do dia 31 de dezembro de 1999, ou seja, antes da virada do milênio. Quando eles chegarem ao local, um helicóptero estará esperando para jogar a caixa no Triângulo das Bermudas (?). Detalhe: se a caixa for aberta antes da meia-noite, ativará a bomba do Armaggedon e a Terra será destruída numa explosão. (??)
Contratada por um padre, a dupla de imbecis, formada por Bruce Palmer (Robert Carradine, de Django Livre) e Pearl (Richard Hillman, de Teenagers – As Apimentadas, falecido em 2009), é surpreendida por diversos contratempos no percurso como um ex-presidiário gay, contratado por uma mulher vestida de homem; uma jovem burra, uma tarada (Rosanna Arquette, de O Abrigo) – que os estupra na cena mais bizarra da história do cinema -, além de uma celebridade da TV (Morton Downey Jr) – o único que presta no filme. E no caminho ainda são incomodados pela voz no rádio de uma evangelista totalmente exagerada em suas previsões do fim do mundo.
Se já não bastasse o roteiro ruim e sem graça, A Carga Maldita, dirigido por Christopher Coppola, sobrinho de Francis Ford Coppola e meio-irmão de Nicolas Cage, utiliza uma irritante trilha sonora de filmes de naves espaciais antigos, tem péssimas atuações (como a mãe de Palmer quando chora ao saber que passará o Natal longe do filho e pede que ele ligue todo dia), uma fotografia pobre que dá à produção um aspecto de filme da sessão da tarde e as diversas piadinhas ridículas como:
– Você sabe por que os mafiosos mataram Einstein?
– Não.
– Porque ele sabia demais.– Você sabe o que o saci disse ao homem que lhe deu carona?
– Não.
– Pode parar que é aqui que eu salto.
A Carga Maldita ainda tenta de forma infeliz criar um drama com o suicídio da namorada de Pearl (que depois de morta aparece com a face refletida em diversos lugares, inclusive no rosto de uma santa) e apela para diálogos sérios sobre a importância de salvar o mundo, num filme sem pé nem cabeça. Como único ponto positivo, temos o hilariante apresentador de uma programa de entrevistas da TV, Dick Cash (Morton Downey Jr., em seu último trabalho, falecido em 2001), que inicia o filme com o interessante monólogo cuja reprodução quase perfeita se faz necessária:
– Bem Vindos a mais um Dick Cash Show! Hoje teremos a presença de uma celebridade que nunca apareceu na televisão antes. Vocês já sabem quem é, né? Isso mesmo, Jesus Cristo! [salva de palmas] Ele virá com exclusividade no nosso programa. É uma benção ter aqui conosco essa pessoa tão iluminada (…)
[Duas ajudantes de palco se aproximam do apresentador e lhe entregam um bilhete]
– Obrigada, Cashetes. Vocês sabem que quando vocês estão por perto o Dick fica feliz. (trocadilho) [Dick Cash lê o bilhete e depois continua falando]…humm…pessoal, sinto muito, mas acabei de receber a notícia que Jesus Cristo não poderá estar aqui hoje. Ele foi crucificado. È verdade…vocês sabem, não é a primeira vez que isso acontece…
Depois de tantas tentativas frustradas de diversão, o espectador, em sua santa paciência, espera pelo menos um final interessante ou pelo menos alguma surpresa que sirva de consolo para tamanha bobagem. Nem uma, nem outro. Surpreende pela ruindade de um final que consegue ser pior do que o filme inteiro. Só posso dizer que Palmer terá um acesso de serenidade e quando faltar três minutos para a conclusão do prazo de entrega, depois de tudo pelo qual passaram, ele tentará abrir a caixa por não acreditar que ali haja algo valioso, gerando um conflito totalmente inútil entre os dois amigos e uma raiva do tamanho do mundo no espectador. E ainda acrescento: o filme ainda reserva algo ainda mais bizarro e terrível em sua conclusão, capaz de trazer lágrimas de raiva aos sobreviventes.
Enfim, caso esta crítica não o tenha convencido de que esse filme é péssimo, termino o texto com uma curiosidade sobre a produção: A Carga Maldita quase não tem análises em sites internacionais e é bastante difícil encontrar algo sobre ele na internet. É realmente um filme maldito!
Com certeza esse será um daqueles que eu nem passarei perto, apesar de gostar muito da série Carga Pesada, kkkkkkkkkkkkkkk
vish,deve ser uma desgraça mesmo hahaha.