A Maldição do Necrotério
Original:The Boneyard
Ano:1991•País:EUA Direção:James Cummins Roteiro:James Cummins Produção:Richard F. Brophy Elenco:Ed Nelson, Deborah Rose, Norman Fell, James Eustermann, Denise Young, Willie Stratford Jr., Phyllis Diller, Robert Yun Ju Ahn, Rick Brophy, Sallie Middleton Kaltreider, Janice Dever, Cindy Dollar-Smith, Michael Haun, Brian Ahn |
Não preciso ficar gastando muitas linhas para dizer o quão divertido e interessante é A Volta dos Mortos-Vivos, um clássico moderno do terror e do humor negro e que, se você não assistiu, interrompa agora esta leitura e adquira cultura rapaz! hehehe… Considerando a importância que esta produção teve em sua época e até hoje, tanto pela qualidade nos aspectos técnicos quanto pela sua rentabilidade financeira (pagou seu custo de produção só no fim de semana de estreia), não é de se admirar que diversos outros produtores gananciosos se deixem levar pela cor das verdinhas e comecem a criar cópias picaretas sem o menor sentido de existir, a não ser enganar o público para faturar.
Mas existe ao menos um filme que se destaca dos demais por não ser uma cópia escrachada – ao contrário -, podendo ser considerado realmente inspirado na fonte, demonstrando uma boa dose de personalidade própria. Divertindo, sem ser picareta de copiar páginas inteiras do roteiro de sua influência, conduzindo o espectador a um viagem interessante e ao mesmo tempo sangrenta.
A Maldição do Necrotério, o filme sobre o qual estou falando, lançado em 1991, é uma daquelas produções para se ver com os amigos a fim de passar momentos de pura descontração. Mas não se deixe enganar pelo encarte (onde um poodle está carregando ossos de um braço humano cheio de sangue), é um filme de baixo orçamento, sem ser trash.
Alley Cates (Deborah Rose) é uma parapsicóloga que no passado ajudou a polícia a solucionar casos com um toque mais sobrenatural – pense nela como sendo uma versão feminina e obesa de Frank Black (do seriado Millenium) – cujas dores causadas em suas visões fizeram com que ela parasse com este ofício e vivesse reclusa em sua residência.
Entretanto o detetive veterano Jersey Callum (Ed Nelson, participou de vários filmes B cinquentistas como A Bucked of Blood e Attack of the Crab Monsters, ambos dirigidos por Roger Corman) e seu parceiro novato Gordon Mullin (James Eustermann) vão precisar da ajuda dela mais uma vez, para tentar resolver um caso que desafia os métodos convencionais de investigação: a morte de três crianças chinesas, provavelmente em um ritual de magia, que foram forçadas a comer carne de cadáveres humanos (caraca!).
A muito custo, Callum convence Alley a ajudar a polícia por uma última vez com a única pista que a polícia tem: uma confissão muito mal explicada, onde um tal de Sr. Chen (Robert Yun Ju Ahn), o único suspeito e o agente funerário do lugar onde o ritual aconteceu, afirma que o fez por medo, que este tipo de ritual se repete a três séculos e que se os corpos não forem alimentados eles irão se alimentar por conta própria. Não explica muita coisa, mas já é um princípio.
O trio resolve ir ao necrotério. Quem sabe vendo os corpos as coisas fiquem esclarecidas? Mas lá chegando encontram a barreira burocrática, a chatice e o humor sarcástico da Srta. Poopinplatz (Phyllis Diller a voz da monstra velha em A Festa do Monstro Maluco), a recepcionista de plantão. Depois de muita conversa mole a equipe consegue ver os três corpos apenas através de um monitor, onde o Dr. Sheppard (Norman Fell de C.H.U.D. II e A Primeira Noite de um Homem) conduzirá a autópsia baseado nas instruções dos investigadores. A pedido de Alley, Sheppard manda uma mecha de cabelo de uma das crianças, onde a paranormal irá tentar visualizar o que realmente aconteceu.
Poopinplatz arruma uma treta com o entregador de presuntos Marty (Willie Stratford Jr.), que tenta encaminhar uma nova entrega pelo elevador de serviço, pois a entrada específica para isto estava quebrada. Jersey consegue apaziguar o conflito e segue com Marty e Mullin para o necrotério, mas, para a surpresa de todos, no início da autópsia da garota suicida de nome Dana (Denise Young), descobre-se que ela não está morta! Apenas ficou inconsciente.
Neste meio tempo, Alley tem uma visão não muito agradável: as crianças mortas estão voltando a vida como pequenos monstros zumbis que parecem mumificados. A mulher se assusta e corre para o necrotério. Entretanto, para sua infelicidade e alegria do público, a visão aconteceu mesmo e agora Alley, a dupla de investigadores, o Doutor Sheppard e a suicida fracassada Dana precisam sobreviver às intempéries daquela noite e arrumar um jeito de acabar de vez com as crianças assassinas.
O roteiro escrito por James Cummings, apesar de muito parecido com A Volta… consegue colocar um “quê” de novidade e originalidade quando introduz os zumbis chineses e sacadas como a forma com que os cativos conseguem suas armas e outras situações inusitadas. Claro que há algumas coisas a mais e eu seria maldoso se contasse as peculiaridades do roteiro e da produção sem estragar surpresas – as mesmas que eu tive quando assisti pela primeira vez -, portanto deixo esta parte para que o público interessado descubra por si só.
Entretanto é preciso assumir que certas coisas não funcionam adequadamente, como o dom da paranormal Allie, que simplesmente não serve de nada depois que os monstrinhos aparecem, e algumas passagens bobas como o envolvimento romântico entre a garota suicida e o policial novato, que poderiam ser facilmente limadas.
Cummings também manda na direção e consegue imprimir o ritmo adequado à proposta do filme na maior parte do tempo. A única falha mais grave ao meu ver é que começa em um tom mais sóbrio, até uns 20 minutos de filme, e ainda depois, de vez em quando, a ação é interrompida para que o diretor explique mais do passado das personagens de maneira dramática; o que além de quebrar a movimentação, deixa o público um pouco confuso se este é um filme para ser levado a sério ou não.
Um grande ponto deve ser dado à equipe de efeitos especiais: a maquiagem de primeira das crianças zumbis e os monstros animados exagerados que aparecem no decorrer do filme são muito bem feitos, acima da média, alguns causando risos e outros nojo, mas tudo propositadamente.
O elenco é muito bom e também é digno de menção. Todos eles sem exceção desempenham bem o seu papel (o casal é um pouco meloso, mas é bom também) e ajudam a criar aquele climão de “isso não pode estar acontecendo!” que acompanha todas as sequências que se passam no necrotério.
Portanto, se você gostou de A Volta dos Mortos-Vivos, vasculhe, procure e se encontrar um poodle com uma ossada humana na boca, não hesite em comprar o VHS em algum sebo, pois você tem grandes chances de curtir A Maldição do Necrotério.
Curiosidades:
– Em seu lançamento em vídeo nos Estados Unidos, A Maldição do Necrotério saiu com duas versões nas caixas do VHS. A primeira o promovia como um filme de horror (com um monstro na capa), a segunda (vagamente parecida com a nacional, com o poodle) como comédia.
– Os produtores procuraram primeiramente o rockeiro Alice Cooper (Monster Dog) e o ator veterano Clu Gulager (Do Sussurro ao Grito, A Hora do Pesadelo 2, The Hidden) para os papéis principais, curiosamente Gulager também participou de A Volta dos Mortos-Vivos no papel de Burt Wilson.
Assisti na minha infância há séculos atrás. na época tive medo dele, mas eu era criança.
Temei as crianças-múmias-zumbis-canibais-chinesas! Foi ótimo!!! Kkkkkkkkkkkkkkk Vi umas cenas deste filme uma vez quando o mesmo passou no TV Terror da Rede TV à um século atrás. Vou procurar para ver.
Crianças chinesas zumbis e o poodle assassino gigante , esse filme é demais ! Uma pérola obrigatória da década de 90 .
cara, que legal que deve ser isso,vou caça-lo na net.
As crianças-mumificadas-canibais-zumbis são ótimas,adorei o filme.