O Sangue de Drácula (1970)

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O Sangue de Drácula (1970)

O Sangue de Drácula
Original:Taste the Blood of Dracula
Ano:1970•País:UK
Direção:Peter Sasdy
Roteiro:Anthony Hinds
Produção:Aida Young
Elenco:Christopher Lee, Geoffrey Keen, Gwen Watford, Linda Hayden, Peter Sallis, Anthony Higgins, Isla Blair, Martin Jarvis, Roy Kinnear

Entre os anos 1955 e 1979, a companhia cinematográfica inglesa Hammer Film Productions alimentou o gênero fantástico com séries de filmes de terror envolvendo as famosas criaturas da Universal, como o Monstro de Frankenstein, o Drácula e a Múmia, principalmente em seu auge na década de 60, com a participação da distribuidora norte-americana Warner Bros. Diversas estrelas eram figurinhas repetidas nas produções da empresa como Peter Cushing, Ingrid Pitt, Ralph Bates, Christopher Lee e muitos outros; assim como eram extremamente parecidas as histórias que envolviam esses atores em seus personagens diversos. Depois do filme de estreia do Monstro de FrankensteinThe Curse of Frankenstein (1957) -, logo viria o primeiro com o famoso vampiro – O Vampiro da Noite (1958) -, e essas duas criaturas disputariam a preferência do público nos anos seguintes.

Frankenstein seria o vilão-protagonista em sete longas, enquanto Drácula apareceria em nove filmes: As Noivas do Vampiro (1960), Drácula: O Príncipe das Trevas (1966), Drácula, o Perfil do Diabo (1968), O Sangue de Drácula (1970), O Conde Drácula (1970), Drácula no Mundo da Mini-Saia (1972), Os Ritos Satânicos de Drácula (1973) e A Lenda dos Sete Vampiros (1974). Obviamente que estas não eram as únicas produções envolvendo vampiros, já que ainda teria a erótica trilogia de Karstein, baseado na obra de Sheridan Le Fanu, por exemplo.

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As histórias envolvendo o Drácula da Hammer eram bem parecidas, tendo sempre a divisão em três partes: Drácula surgeDrácula mataDrácula é morto; e acabava aparecendo no filme seguinte, seguindo essa fórmula manjada, mas eficaz. Ainda assim, é muito melhor do que muita produção feita na atualidade, principalmente pelo respeito ao personagem criado por Bram Stoker, e pela interpretação genial de Christopher Lee, conhecido pelos papéis de vilão e, obviamente, pelo seu Conde de caninos alongados em vários filmes da produtora.

O Sangue de Drácula continua exatamente onde terminou o anterior – Drácula, o Perfil do Diabo – com o vampiro empalado por uma cruz dourada gigante, tendo seu corpo desintegrado, restando apenas seu sangue transformado em pó. Para sorte do vilão, no momento, passava pelo local uma carruagem, onde o chato vendedor Weller (Roy Kinnear) tentava vender suas tranqueiras até ser arremessado do veículo. Caminhando pela floresta deserta, ele é assombrado por gritos aterrorizantes até encontrar o vampiro em seu último suspiro. Rapidamente, ele recolhe o material de valor – a capa, o medalhão e o sangue em pó -, já pensando nos lucros que terá com o comércio dos produtos.

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Três distintos cavalheiros – William Hargood (Geoffrey Keen), Jonathon Secker (John Carson) e Samuel Paxton (Peter Sallis) – estão em busca de emoções em suas rotinas monótonas que se resumem a frequentar a igreja pela manhã e um bordel no período noturno. Resolvem pedir ajuda ao famoso Lorde Courtley (Ralph Bates, que no mesmo ano faria o papel de Victor Frankenstein em The Horror of Frankenstein), um aristocrata com experiência em Magia Negra. Ele pede aos cavalheiros para comprarem os produtos vendidos na loja de Weller relacionados ao mito denominado Conde Drácula e participar de um ritual de sangue nas ruínas de uma antiga capela. Durante o processo, os finos cavalheiros desistem de prosseguir e acabam matando o discípulo de Drácula, mas não conseguem impedir o seu retorno. O vampiro volta das cinzas prometendo matar os três e seus herdeiros, principalmente a filha de William, a deslumbrante Alice (Linda Hayden), a quem o vilão hipnotiza para exercer suas maldades.

Como na obra original, este também tem uma Lucy (Isla Blair) – mas sem o sobrenome Westenra -, embora também seja vampirizada e também envolva o velho dilema do matar ou não matar por alguém que a ama. No entanto, quem rouba o papel é obviamente o astro Christopher Lee, já que sem o monstro sagrado o filme poderia ser considerado apenas comum. Dizem as más línguas que o ator já estava cansado de interpretar o personagem, tendo os produtores uma certa dificuldade para convencê-lo, já que no mesmo ano, 1970, ele ainda aparecia em O Conde Drácula, de Jesus Franco, e O Conde Drácula, de Roy Ward Baker. O roteiro inicial não seria sobre Drácula, mas sobre outra criatura macabra que retornaria para se vingar dos desafetos, mas, com o convencimento de Lee, colocaram o vampiro como vilão-mor da película. É curiosa essa negativa do ator pois ele ainda interpretaria o Conde em mais três filmes até enterrar de vez a criatura: Drácula no Mundo da Mini-Saia (1972), Os Ritos Satânicos de Drácula (1973) e no francês Dracula père et fils (1976). Há uma outra curiosidade que indica o interesse dos produtores em colocar Vincent Price como um quarto cavalheiro a mexer com o ocultismo, mas o orçamento não foi suficiente para contratar o ator. Seria, então, a única produção da Hammer a contar com o ilustre ator!

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O Sangue de Drácula é mais um bom filme da Hammer, impecável nos figurinos e no clima gótico, embora os efeitos especiais sejam simples e comuns. A narrativa é um pouco arrastada, deixando o retorno de Drácula apenas para o final do segundo ato, porém nunca chega a incomodar, mantendo o interesse do espectador até o último minuto. Provavelmente, é o filme com a morte mais fraca do personagem de Christopher Lee, já que praticamente não envolve nenhum ato heroico ou enfrentamento, apenas a loucura do vampiro em seu ambiente outrora sagrado.

Ainda inédito em DVD, o filme foi exibido no SBT nas madrugadas com o título deste texto, tendo apenas alguns colecionadores a sua versão dublada. Resta aguardar o lançamento por alguma boa distribuidora para permitir o conhecimento do público dessa clássica obra do gênero!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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