2001, Uma Odisseia no Espaço
Original:2001: A Space Odyssey
Ano:1968•País:EUA, UK Direção:Stanley Kubrick Roteiro:Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke Produção:Stanley Kubrick Elenco:Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Daniel Richter, Leonard Rossiter, Margaret Tyzack, Robert Beatty, Ed Bishop, Edwina Carroll |
Parece ficção científica, mas não é. No passado não muito longínquo, os cientistas e, principalmente, os escritores, sonhavam com o ano 2001 como se ele fosse algo utópico, confinada a preencher os espaços vazios das páginas de ficção científica.
Entretanto, após 2001, tudo voltou à tranquilidade e à rotina, perdendo grande parte de seu encanto. Grande parte, mas não tudo. Os mais românticos e nostálgicos meditaram acerca do tema, mas para a maioria esmagadora da humanidade, a decorrência do fato não alterou em nada sua maneira de pensar, sua maneira de ver e analisar os acontecimentos científicos e os progressos da civilização. Foi apenas mais um ano. É verdade que antes disso, muito antes, toda sorte de lendas e mitos foram criados para aguardar a entrada do aparentemente tão distante século XXI.
Cientistas, entusiastas, religiosos, mistificadores, puderam finalmente ver até que ponto suas ideias estavam dentro dos limites da possibilidade. Profecias, previsões, antecipações, tudo – agora sabem o que, de fato, se realizou, ou chegou próximo de se realizar, e o que, inevitavelmente, não passou de pura especulação utópica e exagerada. O mundo não acabou num cataclismo nuclear, como afirmavam alguns, e tão pouco foi vítima de uma divindade vingadora, como afirmavam outros.
Em si, o ano de 2001 não significou nada, mas era inevitável que se criasse uma auréola de esperanças em torno de sua chegada. Em 1969 – o ano emblemático em que o Homem finalmente pôs os pés na Lua – o cientista e escritor de ficção científica britânico Arthur C. Clarke, ao lado do falecido cineasta Stanley Kubrick, mostrou ao mundo uma das mais impressionantes histórias de ficção científica de todos os tempos, e seu título… bem, seu título passou a alimentar ainda mais as esperanças de se entrar no século XXI com o máximo daquilo que a única raça inteligente do planeta tem o orgulho de chamar civilização.
Em essência, apesar de se tratar de pura ficção científica, a história pode ser considerada uma das mais sólidas e maduras do gênero. Foi reescrita na década de 60 tendo como base o conto “O sentinela”, escrito por Clarke em dezembro de 1948, e onde sugeria a possibilidade de termos sido guiados, em determinada época do passado, por uma civilização intergaláctica altamente desenvolvida tecnologicamente, num momento crítico da existência humana na Terra – num momento em que tudo levava a crer que ela pereceria.
Deixando uma sonda automática na praticamente inalterável superfície lunar, essa presumivelmente distante civilização poderia manter-se informada com relação à Terra e seu lento e inexorável processo de evolução, até chegar o momento de, finalmente, seguirmos em direção às estrelas. Segundo Clarke, “o descobrimento – e disparo – de um detector de inteligência, enterrado na Lua desde longuíssimas eras, forneceria toda desculpa para justificar a exploração do Universo”. Em outras palavras, uma odisseia no espaço.
Consequentemente, isso inevitavelmente levaria o Homem em direção ao cosmos, ainda que a tecnologia usada para tal pudesse, instintivamente, “rebelar-se”. E essa tecnologia atinge seu ponto culminante com o supercomputador HAL 9000, que, ironicamente, no decorrer do processo, passa a representar o vilão, pondo em risco a odisseia.
Desligando um por um os seus programas de comando, um dos astronautas sobreviventes faz com que HAL 9000 regrida até o ponto de atingir a primitiva capacidade de racionalização de, por exemplo, uma criança… ou um hominídio ancestral, cujo primeiro “instinto tecnológico” seria utilizar-se de uma arma para dominar o seu meio.
Assim, o ciclo se completa; num piscar de olhos, todo o otimismo se transforma em pessimismo, na visão alucinada e controversa de Stanley Kubrick, que, ainda assim, não deixa de inspirar discretas esperanças.
Mas a realidade não transformou estas esperanças, e o Homem ainda não é dono das estrelas. Muita coisa foi descoberta e aperfeiçoada desde 1969, assim como muita coisa também o será até 2030, ou 2040, ou 2050. Mas será difícil transformar uma nova data em referência mitológica para as gerações futuras, assim como 2001 representou para as gerações passadas.
Os autores do filme não pretendiam, por certo, que suas especulações transmitissem a ideia de previsão científica. Arthur C. Clarke, sem sombra de dúvida o maior escritor de ficção científica de todos os tempos, apesar de ser extremamente otimista com relação ao progresso da tecnologia, tinha plena consciência da natureza fantástica de sua história, ambientando-a num futuro demasiadamente próximo; tão próximo que… já virou passado.
O mais frustrante disso tudo, no entanto, foi o simples fato de o Homem não ter dado o tão esperado salto para as estrelas, como tudo levava a crer que o faria. Fomos à Lua, e pronto. Aquilo foi prematuro, e, automaticamente, condicionou o cérebro humano a pensar que esta porta inatingível estava finalmente aberta. Não basta lançar sondas ultra-modernas para explorar os planetas – para os nostálgicos não tem a mesma graça. Temos que, pessoalmente, explorar estes planetas, ou tudo não passará de uma grande frustração.
Mas não importa a data, o ano; se tudo não sair fora dos eixos, é razoável supor que esse dia chegará… mais uma vez. E a Lua terá sido apenas uma brincadeira pré-escolar, destinada unicamente a fortalecer na alma humana a centelha já previamente existente da aventura. Sendo assim, podemos concluir que Clarke não estava de todo errado; ele só se equivocou com relação à data, jogando-a para um futuro longínquo e desnecessário, sendo que ela estava ali, debaixo de seu nariz.
Pois, quando os astronautas norte-americanos deixaram à Terra para seguir em direção à Lua, exatamente em 1969, o que mais eles estavam fazendo senão a verdadeira odisseia no espaço?
Nenhum outro filme espacial lançado depois chegou sequer aos pés de 2001. Alien é um clássico, mas são temáticas totalmente diferentes.
gatosmucky.blogspot.com.br/2013/03/uma-odisseia-no-espaco.html
Mais que um filmaço de ficção-científica, um verdadeiro marco da Sétima Arte. Mas o filme é de 68, hein?
Obra suprema da sétima arte.
Belo texto
Grande Stanley kubrik e Arthur c.Clark visionários um clássico indiscutível do cinema mundial.nota10