Bata Antes de Entrar
Original:Knock Knock
Ano:2015•País:Chile, EUA Direção:Eli Roth Roteiro:Eli Roth, Nicolás López, Guillermo Amoedo, Anthony Overman, Michael Ronald Ross Produção:Miguel Asensio, Colleen Camp, John T. Degraye, Cassian Elwes, Nicolás López, Eli Roth Elenco:Keanu Reeves, Lorenza Izzo, Ana de Armas, Aaron Burns, Ignacia Allamand, Dan Baily, Megan Baily, Colleen Camp, Antonio Quercia |
Depois de um hiato de oito anos desde o lançamento de O Albergue 2 (2007) finalmente Eli Roth resolve trabalhar atrás das câmeras de um longa metragem, após passar um tempo produzindo e fazendo pontas em outras produções. Curioso é que não apenas um, mas DOIS filmes do diretor foram lançados num intervalo de menos de 1 mês nos Estados Unidos, Canibais/Green Inferno (na gaveta desde 2003) e Knock Knock/Bata Antes de Entrar.
Interessante também que são filmes tão diferentes no tom que parecem feitos por pessoas distintas, especificamente no que diz respeito a violência e o nível de pretensão de cada um, mas não vou forçar esta comparação para o leitor no momento. Minha missão é dissecar apenas Bata Antes de Entrar, estrelando um dos mais terríveis atores milionários de Hollywood em um dos mais burlescos e ridículos filmes de 2015. Imprevisivelmente a mistura gera risos, arrepios e, acima de tudo, diversão.
O filme abre com um elegante movimento de câmera, nos mostrando os detalhes da casa ampla da família Webber. Cheia de retratos espalhados, somos apresentados a um casal unido com dois filhos pequenos felizes. Evan (Keanu Reeves, que também é um dos produtores) é um arquiteto requisitado casado com Karen (Ignacia Allamand), uma artista plástica prestes a inaugurar uma exposição em uma importante galeria.
É manhã dos dias dos pais, e Evan e Karen tem seu coito matinal interrompido pelos filhos carregando um bolo para comemorar, em uma cena escorrendo doce na tela com único propósito de mostrar o quanto todos estão felizes e como alguém seria idiota de estragar este sentimento tão bom… Mas nós homens sempre temos que pensar com a cabeça errada, certo?
Todos vão viajar para a praia e descansar um pouco antes da grande exposição de Karen, porém Evan precisa terminar um trabalho de última hora. É noite e cai uma tempestade lá fora, a campainha toca. Evan abre a porta e lá estão Genesis (Lorenza Izzo, esposa na vida real de Eli Roth) e Bel (Ana de Armas), duas lindas, indefesas, molhadas e sumariamente vestidas garotas que estão perdidas a caminho de uma festa perguntando se podem entrar para se secar e ligar para um táxi… É pizza grátis! Como poderia dar errado?
Calha que em questão de minutos as garotas estão dançando músicas sugestivas com robes, fazendo perguntas indiscretas e aumentando dramaticamente a tensão sexual. Depois de esperar 45 minutos pelo carro solicitado pelo Uber (em que fim de mundo os Webber vivem?), Evan se entrega aos prazeres do menage à trois prometido em uma noite tórrida de sexo.
Na manhã seguinte, as coisas começam a ir para o inferno. No melhor estilo “rape and revenge“/”home invasion” às avessas, as garotas se mostram um par de lolitas psicopatas que não têm medo de usar todos os recursos à disposição para fazer o arquiteto pagar por sua traição pervertida.
Bata Antes de Entrar foi concebido para ser acompanhado como um guilty pleasure, talvez até maior do que qualquer outro filme do diretor. Significa que a medida que os pôsteres e trailers o vendem como um filme sério com influências de Menina Má.Com e Violência Gratuita, perde-se dois terços da diversão que de outra forma se teria ao considerar a falta de compromisso com a realidade conforme a trama vai se tornando totalmente insana. A piada é completada pela impagável cena final que não será contada aqui por óbvios spoilers.
Os métodos bizarros usados por Genesis e Bel são simples, como todas as soluções de roteiro por sinal, mas a cereja do bolo é como Keanu Reeves, muito à vontade no auge de suas limitações, reage a toda a situação, gritando e praguejando sem demonstrar um pingo de medo e repleto de sua própria caricatura… Só aguarde pelo memorável monólogo do personagem. Esta personalidade é fundamental para trazer todo este charme “guilty pleasure” que só encontra par nos filmes estrelados por Nicolas Cage e Christopher Walken.
Portanto não faça como a imprensa internacional procurando paralelos com coisas sérias tipo Atração Fatal, pense apenas em uma versão de Esqueceram de Mim com um Macaulay Culkin de 40 anos de cueca e bandidas ninfetas de roupas curtas. Fácil de fazer e difícil de esquecer, como a “pizza grátis” de Evan Webber.
Tem muita gente levando a sério demais esse filme quando não deveria. Bastante irônico, bem sacado. Cuidado com as free pizzas da vida, elas podem custar caro!!!!