A Fera Assassina
Original:Big Bad Wolf
Ano:2006•País:EUA Direção:Lance W. Dreesen Roteiro:Lance W. Dreesen Produção:Lance W. Dreesen, Clint Hutchison Elenco:Trevor Duke-Moretz, Kimberly J. Brown, Richard Tyson, Sarah Aldrich, Christopher Shyer, Andrew Bowen, Sarah Christine Smith, Jason Alan Smith, Adam Grimes, Robin Sydney |
Aquele momento clássico da literatura infantil em que o Lobo Mau ameaça derrubar a casa dos Três Porquinhos, da obra de Joseph Jacobs, nunca teve uma representação tão adequada no cinema como em A Fera Assassina (Big Bad Wolf, 2006). E isso só seria possível em uma história de lobisomens, desde que o vilão possa se expressar verbalmente. Para alguns, essa habilidade pode ferir a mitologia original em mais uma falha da liberdade poética – caso fosse usado erroneamente como em Amaldiçoados, de Wes Craven -; já para outros, aqueles que estão dispostos a aceitar novidades se forem bem contextualizadas, pode ser interessante. E não é que funcionou bem até demais?
Quando você imagina que nada é capaz de ter surpreender no subgênero e que os melhores tratamentos já foram feitos, principalmente na década de 80, esse pequeno filme de Lance W. Dreesen (de A Casa do Terror Tract, 2000) pode ser capaz de lhe estampar um sorriso. Não que seja uma obra-prima do horror, com chances de encontrar espaço na galeria das mais bem conceituadas, mas pela narrativa curiosa e envolvente e com um dos começos de filme mais legais do gênero. Exagero? Bom, vejamos…
Tudo tem início em Camarões, numa expedição de caça, durante a Lua Cheia. Com o desaparecimento de um integrante, e os sons estranhos na selva, uma criatura imensa surge de súbito e arranca a perna de um deles e a devora na noite escura. Antes que possa finalizar o serviço, recebe um tiro do outro rapaz e foge, deixando-o desesperado com o conhecido morto. Anos mais tarde, o jovem Derek (Trevor Duke-Moretz, irmão mais velho de Chloë Grace Moretz) está com a intenção de fazer parte de uma irmandade universitária e, para isso, resolve roubar a chave da cabana de seu padrasto Mitchell Toblat (Richard Tyson, de Bound to Vengeance, 2015). Assim que consegue o agrado do grupo, e aguarda a amiga Sam (Kimberly J. Brown), ele parte para a viagem, sem imaginar o que está por vir.
Se a sinopse acabasse aí, e o filme fosse ambientado apenas na cabana como muitos outros do gênero, não teria nada de especial. Mas, a sequência no local dura apenas uns dez minutos, quando o lobisomem ataca os jovens em atos de violência e humor negro. Ela profere a famosa frase do Lobo Mau da literatura, e destroça o grupo com uma agressividade impressionante, sobrando até mesmo para a gatinha Cassie (Sarah Christine Smith, The Open Door, 2008), que era virgem até ser estuprada pela fera. Derek e Sam conseguem escapar do pesadelo, e tentam retornar para suas rotinas até serem contactados pelo tio Charlie Cowley (J. Edgar, 2011), aquele rapaz da cena inicial que atirou no lobisomem e esbravejou pela perda do irmão.
Ele acredita que o ataque foi realizado por um lobisomem, ninguém menos que o padrasto Mitchell Toblat (percebeu o anagrama do segundo nome, em homenagem Talbot, o lobisomem de Lon Chaney Jr.?). Sem o convencimento dos jovens, ele sugere que consigam uma prova da dupla natureza do padrasto, conseguindo fios de cabelo ou encontrando sinais de ferida em seu corpo. Assim, Derek e Sam partem para a investigação, enquanto Mitch percebe o que está acontecendo e fará de tudo para estragar os planos e evitar que sua identidade secreta seja revelada para a polícia.
É claro que o ritmo (lê-se banho de sangue) após o primeiro ato diminui bastante, partindo para o suspense tradicional. No entanto, o enredo prende o espectador em cenas tensas, fazendo-o realmente se preocupar com a vida dos envolvidos, incluindo a mãe de Derek, Gwen (Sarah Aldrich). Com a fisionomia típica de um bad boy, desde o clássico da Sessão da Tarde Te Pego Lá Fora (1986), Richard Tyson cria um vilão assustador, impondo suas ações com violência e intimidação. Quando se transforma no lobisomem, em um conceito bem criativo e amedrontador, ele expõe toda a agressividade e o sarcasmo em frases sempre bem divertidas e incômodas, sem evitar sua consciência de que é uma vítima amargurada de uma maldição. Mesmo sem uma grande transformação, por conta dos recursos modestos, o visual da fera dá conta do recado satisfatoriamente, não precisando esconde-lo até a sequência final.
Também valem como curiosidade as homenagens ao subgênero, com ênfase ao clássico absoluto Um Lobisomem Americano em Londres (81). Desde o diálogo dos jovens que estão do lado de fora da cabana (“tem alguma coisa nos rodeando…“) até a presença especial do ator que interpretou o lobisomem, David Naughton, como o xerife Ruben. Além, é claro, das lembranças a filmes como A Hora de Lobisomem (85) – na investigação das feridas do padrasto – e Lua Negra (1996), com o tio que surge do nada em busca de uma aproximação. E O Lobisomem, de Lon Chaney, também é lembrado na ponta de Clint Howard como o caipira Fulton CHANEY!
Por outro lado, entre os aspectos negativos, pode-se mencionar a presença descartável dos jovens repórteres da faculdade, com o objetivo único de aumentar o número de vítimas e cenas de violência. E a volta para a cabana, no final, também soa apenas como um caminho fácil do roteiro para reaproveitar o local abandonado. Se Mitchell tinha consciência de sua condição animal, era mais fácil eliminar cada um aos poucos, esconder o corpo e fugir, sem precisar levá-los a um lugar tão distante, onde uma tragédia já havia acontecido recentemente. Mas, vale pela sacanagem com outra jovem, deixando o espectador apenas com a imaginação.
Ainda que tenha suas falhas e quebra de ritmo, A Fera Assassina vale uma caçada pela selva da internet – até mesmo porque o filme já deve estar fora de catálogo há um bom tempo. Vale principalmente por ser violento e sangrento, com cenas de assassinato por conta de uma fera descontrolada e risonha, capaz de soprar sua casa sem pensar duas vezes.
Gosto muito do seu texto. A Fera Assassina pode realmente não estar na lista de clássicos mas se existir uma lista de bons filmes de Lobisomem fora os melhores esse estaria na lista sem sombra de dúvidas. História interessante. Gore legal. Excelente filme (dentro da sua proposta claro) um filme despretencioso e prositalmente para não ser levado a sério. Recomendo. Sempre que posso releio seu review.
Filme meia-boca e para piorar, com o canastrão Richard Tyson no elenco.
A hora do lobisomem é o meu preferido. O ambiente de suspense, aquela música horripilante e no fim o horrendo lobisomem e de dar medo. Mas também gostei do lobisomem americano em Londres ( pra mim tem a melhor transformação de todos os tempos) e lua negra que tem o confronto entre o Michael pare que é o lobisomem do filme, e o cão Thor que se desafiam o tempo todo e no fim do filme aquela briga terrível entre o pastor alemão Thor que luta para salvar seus donos das garras da besta fera, e o lobisomem que luta para não ter seus crimes e a identidade reveladas!
” A Fera Assassina ” é muito foda , pra mim depois dele não teve nada a seu nível !
Merecedor das 5 caveiras sem dúvidas , gore com um humor negro incrível e a cena do lobisomem estuprando a virgem Cassie é INESQUECÍVEL !
” A Fera Assassina ” orgulhosamente está na minha coleção e nos meus filmes favoritos de lobisomens !
Adoro esse filme!