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Dossiê Drácula
Original:The Dracula Dossier
Ano:2008•País:EUA
Autor:James Reese•Editora: Planeta Brasil

Em 31 de Agosto de 1888, Mary Ann Nichols foi encontrada morta em um beco no distrito de Whitechapel em Londres. Este foi o primeiro de uma série de crimes cometidos pelo assassino conhecido como Jack, o estripador.

A verdadeira identidade do assassino nunca foi descoberta e o mistério e a mitologia em torno daquele que viria a ser o mais famoso assassino serial de todos os tempos, se fixou no imaginário popular. A figura de Jack gerou diversos filmes, peças de teatro e, principalmente, livros investigativos, teóricos e fictícios que buscam lançar uma luz sobre sua identidade ou apenas expandir a mitologia ao redor do cruel estripador.

Alguns autores vão mais longe, colocando o assassino frente a frente com figuras reais ou imaginárias, como The Ripper File, de Edwin Jones, que coloca Sherlock Holmes investigando os crimes de Whitechapel e deu origem ao ótimo filme “Assassinato por Decreto” de 1979. Alan Moore, o mago escritor de quadrinhos, criador de Watchmen e V de Vingança, fez um excelente apanhado de toda a mitologia envolvendo Jack em sua graphic novel Do Inferno, adaptada para o cinema no razoável filme homônimo com Johnny Depp. Nem o Batman ficou de fora quando o cavaleiro das trevas numa versão vitoriana investiga um novo criminoso nas ruas de Gotham em “Gotham City: 1889” uma HQ desenhada por Mike Mignola, criador do Hellboy.

É nesta categoria que se encaixa o livro Dossiê Drácula de James Reese, editado no Brasil pela Editora Planeta.

A história começa quando um famoso colecionador arremata um lote de cartas e páginas do diário de Bram Stoker, criador de Drácula, em um leilão de antiguidades. As cartas e páginas do diário, colocados em ordem cronológica pelo colecionador para trazer à tona um mistério guardado a sete chaves pelo escritor irlandês.

Stoker conhece o estranho Dr. Francis Tumblety, que foi preso em 1865 como cúmplice na morte de Abraham Lincolm, através de um amigo íntimo do escritor, o também escritor Hall Caine e, após um ritual secreto recheado de celebridades vitorianas, uma força demoníaca aparentemente se apossa de Tumblety o levando a cometer a série de crimes mais famosa da história. A arma do crime? Uma faca Gurkha roubada do próprio Stoker, que coloca o criador de Drácula em uma corrida desesperada para limpar o seu nome enquanto luta para não ser a próxima vítima do assassino.

O livro amarra muito bem todas as pontas e conexões entre os personagens, alguns reais, outros, bem poucos, fictícios, e como outros exemplos de literatura do gênero, tem sua maior força na investigação e estudo que Reese faz da época e das pessoas.

Hall Caine realmente esteve em um encontro entre amigos na casa de Tumblety quando ele mostrou a todos a sua coleção de úteros femininos, e viveu em Whitechapel na época dos assassinatos, tendo partido para os EUA logo depois, pouco antes dos crimes cessarem.

Infelizmente, um dos pontos negativos do livro é o personagem principal. Bram Stoker passa a maior parte do tempo choramingando e perdido. O que, em principio serve para demonstrar como um homem comum de hábitos simples se sente ao ser jogado em uma situação de terror e desespero, acaba tornando o personagem principal um tanto quanto chato. Um crime grave para um romance de mistério.

Também me incomoda um pouco, embora confesso ser uma questão de gosto pessoal, o excesso de descrições de ambientes, roupas, cenários, tempo e clima. Apesar de ser uma característica dos escritores vitorianos que o autor emula para reforçar o aspecto documental de Dossiê Drácula e a maneira que Reese desenrola sua história, através de cartas e diários, exatamente como Stoker escreveu seu romance mais célebre, junto da esmiuçada descrição dos ambientes e cenários da época, descontando os exageros torna tudo mais crível e palpável. Deixando aquele ar de “isso poderia realmente ter acontecido”.

Dossiê Drácula mostra o que teria acontecido se Bram Stoker tivesse enfrentado Jack, o Estripador. De que maneira isso influenciaria seu trabalho? Como aqueles incidentes terríveis ficariam gravados na memória do autor? O leitor vai descobrindo referências a cada página, identificando passagens “reais” que seriam transcritas nas páginas de Drácula anos depois por Stoker, numa tentativa de exorcizar os demônios daquele fatídico ano de 1888.

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