Soma
Original:Soma Ano:2015•País:Suécia Desenvolvedora:Frictional Games•Distribuidora: Frictional Games |
Em geral, jogos de terror têm apostado numa mecânica que tem se tornado quase um padrão, a de primeiro nos envolverem em puro terror, para depois nos jogar em uma ação com algo mais diluído em mistério. Soma, jogo da Frictional Games, empresa desenvolvedora do aclamado Amnesia, inverte essa vertente de forma magistral. Mais do que isso, o jogo é uma rara ficção científica de horror, que aposta um enredo longo e complexo, que consegue nos aterrorizar e trazer interessantes reflexões até mesmo éticas e filosóficas.
Começamos o game em 2015, estando no controle de Simon Jarret, um jovem fotógrafo que sofreu um terrível acidente de trânsito. Ao andar por nosso apartamento, descobrimos que o acidente causou a morte de uma amiga e lhe causou um dano cerebral de extrema gravidade. Com risco de vida eminente, Simon aceita participar de um programa experimental de mapeamento cerebral, onde seu órgão será escaneado e digitalizado integralmente.
Ao ir ao laboratório para fazer o processo, Simon coloca um capacete e quando o exame acaba, ao retirá-lo, percebe que não está mais no Canadá, mas sim em PATHOS-2, uma estação remota subaquática… cem anos depois, com a superfície do planeta completamente destruída pela queda de um meteoro.
Sim, o enredo de Soma é de longe seu maior ponto positivo, com uma história muito bem construída e com um mistério crescente. É avançar no enredo o motor que nos faz se envolver tanto no game, querendo saber, afinal de contas, que loucura está envolvendo Simon.
O personagem caminha pela estação abandonada encontrando máquinas que acham que são humanos, e entidades biológicas que acham que são máquinas, criando insanidade em sua mente já perturbada sem as respostas de como foi parar ali. Aos poucos, principalmente ao encontrarmos a humana digitalizada Catherine, começamos a ter respostas e objetivos, o que não deixa o desenrolar do jogo menos angustiante, já que mergulhamos ainda mais em situações de terror.
Na jogabilidade, Soma se mostra extremamente simples. Em primeira pessoa, o jogo é um survival horror onde não controlamos um guerreiro. Simon é um fotógrafo e está desorientado. Sem armas a disposição, correr e se esconder são suas principais ações, além de ter que resolver dezenas de pluzzes, alguns bem instigantes, e caminhar bastante pelo fundo do oceano.
A ambientação é muito bem trabalhada e imersiva. A sensação de desolação ao ir cada vez mais fundo no oceano dá uma sensação de vivência pesada e transforma a experiência em algo quase sensorial. E o som é um dos elementos mais marcantes do game, pois além de causar sustos e uma baita aflição, é responsável por uma tensão frequente.
A riqueza de Soma como jogo de terror se encontra principalmente em seus detalhes. Documentos e arquivos de computadores espalhados pela PHATOS-2 contam os horrores que toda a tripulação viveu no confinamento debaixo do oceano antes do fim da humanidade. O distúrbio causado pela inteligência artificial do lugar também criou cenas memoráveis e desesperadoras, principalmente de humanos sendo “consumidos” por máquinas.
Alguns momentos do game entram para a galeria de grandes cenas dos jogos de terror, como a “troca de traje”, o momento em que podemos nos ver em um espelho, a descida pelo elevador para um abismo e um certo encontro no arco final que não vale revelar muito para não estragar a surpresa.
Além disso, em seus momentos finais Soma se mostra grandioso, mesmo que para os mais espertos ele seja um tanto previsível. Pessimista e cruel, o jogo beira o chocante, para após os créditos nos entregar uma cena jogável no mínimo conflituosa de emoções.
A existência humana é o tema que no fim das contas norteia Soma. Com suas capacidades de nos questionar sobre o que é existir, o jogo também é uma fábula da nossa pequenez e finitude e isso por si só faz deste simples jogo, algo tão marcante e grandioso.
Soma está disponível para PlayStation 4 e PC. A análise do jogo foi feita num PlayStation 4.
nota 10,0
jogo e legal
Nossa deveria ter dado nota 5,0 pra essa obra-prima.