4.7
(18)

A Dark Song
Original:A Dark Song
Ano:2016•País:Irlanda
Direção:Liam Gavi
Roteiro:Liam Gavi
Produção:Rory Gilmartin
Elenco:Steve Oran, Chaterine Walker, Susan Loughnane, Mark Huberman, Nathan Vos, Martina Nunvarova, Breffni O'Connor, Sheila Moloney

Buscar no desconhecido soluções para situações que estão fora do alcance da ordem natural das coisas, e até da ciência, é um caminho escolhido pela maioria das pessoas. Seja na religião, no esoterismo, e até mesmo no ocultismo. Rituais, magias… são partes de um universo bem explorado pelo cinema do gênero. Nas mãos do jovem diretor Liam Gavi, o irlandês A Dark Song surge como um filme bem didático neste campo, para narrar uma triste história de uma mãe buscando conforto após a perda de um filho.

Sophia (Catherine Walker) contrata o ocultista Joseph Solomon (Steve Oran) para realizar um perigoso ritual, com o intuito de estabelecer uma comunicação com seu já falecido filho. Esse simples motivo não é o suficiente para convencer Solomon, sendo necessário que Sophia revele sua real intenção com o ritual. O processo é longo, e ambos terão que passar meses isolados em uma casa de campo.

O ritual escolhido por Sophia é do obscuro Livro de Abremalin, O Mago, escrito por volta de 1600, estudado por famosos ocultistas, como Aleister Crowley. No ritual que o livro dispõe, a pessoa que participa pode invocar seu ‘Santo Anjo Guardião’. Conseguindo a colaboração do anjo, esta pessoa passa a controlar espíritos da natureza e infernais. A magia mostrada no filme é minuciosa: cada detalhe, sua ambientação, seus símbolos, a disciplina daqueles que a conduzem, sem poder cometer quaisquer erro, por mínimo que seja, pode desencadear efeitos imensuráveis na vida e na alma de cada um.

O irritante e arrogante mestre de cerimônias, Solomon, deixa claro aos berros com Sophia sobre a importância e necessidade da disciplina citada acima. Com um visual diferente dos clichês do gênero, Solomon não é nenhum velho de barba branca utilizando uma túnica para realizar o ritual, mas um jovem comum, profundo conhecedor da magia, querendo ali, aproveitar de certa forma os benefícios da mesma. A atuação de Steve Oran é condizente com seu personagem, intencionalmente rude. Já Catherine Walker interpreta bem sua personagem, uma mãe desiludida com sua perda, que busca por caminhos tortuosos um conforto para seu tormento, mesmo sabendo que isso não trará seu filho de volta.

O visual do filme é lindo, a fotografia, ambientação e cenário estão bem alinhados, a quase ausência de trilha sonora está na medida certa, onde o foco é a condução do ritual. O diretor acerta o tom das cenas mais tensas no terceiro ato, onde Sophia fica exposta a entidades malignas que aproveitam das portas abertas pelo ritual para angariar mais almas.

A Dark Song tem um dos finais mais belos que já vi no cinema do gênero. O entendimento de Sophia acerca do ritual emociona e mostra que, mesmo em situações desoladoras, pode-se encontrar redenção. Não conheço o livro que serve de referência para o filme, porém enalteço o trabalho do diretor, que mesmo de maneira ficcional, dedica estudo e mostra conhecimento sobre o tema, preservando elementos presentes na magia, e tornando o longa uma experiência elucidativa.

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Média da classificação 4.7 / 5. Número de votos: 18

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13 Comentários

  1. Sou fã de textos/sociedades/misticismo… E o Diretor foi muito a fundo no ritual do SAG… O enredo do filme até surpreende, pois a batalha se dá de maneira interna, derrotando seus demônios pessoais…

  2. Assisti com baixa expectativa, mesmo assim foi uma enorme decepção. Chato e arrastado, toda aquela baboseira do ritual pra ter um final daquele jeito… Um dos piores filmes que já vi, sem dúvidas. E não, não sou do tipo que só gosta de ação e jumpscares, pelo contrário, mas esse filme é uma bomba.

  3. [Com spoiler]

    O desenvolvimento do filme é perfeito, a preparação e os detalhes minuciosos ao longo da trama vão deixando a ideia do ritual bem real, o que torna até mais fácil pensar numa prática assim nos dias de hoje, trazendo um quê de realidade que nos ajuda a se por no lugar dos dois personagens. O fim foi bonitinho sim, uma história de luto, mas deixou pontas soltas que poderiam ter sido resolvidas e outras pontas que não precisariam ser fechadas. O filme estava indo muito bem até aquelas cenas explícitas do ato sobrenatural no final e a cg que poderia ter sido realocada de outras formas. Eu estava esperando um final com um toque mais desesperançoso/pessimista, mas acabou que foi aquela coisa de “na hora certa” a protagonista é salva. Acredito que o tom que o filme foi desenrolando não deixou possibilidades pra encaixar esse final felizinho. Ainda assim, um ótimo filme.

    1. Nas tradições ocultistas, só se alcança o eu superior quando vence a batalha com choronzon (demônios resultados do próprio ego personificado). Os demônios eram ela mesma, e ele os vence exatamente naquela hora, porque é justamente naquela hora sem saída que ela luta contra choronzon, e essa batalha se dá pelo próprio perdão.

  4. Achei bom. A direção não abriu condescendência para com formatos populescos, convencionais, mantendo-se rígida na condução condizente com o tema. Creio que só quem não é afeito a temas transcendentes irá se ressentir do ritmo. Até porque ocultismo é difícil de ser expresso, inclusive como filme ou teatro. O final é, sim, muito belo. Sem a precipitação nas trevas não se compreende a luz.

  5. Vi o filme sem ter nenhuma informação prévia sobre o mesmo. Ainda bem que resolvi ver sozinho, porque se meus amigos tivessem visto iam reclamar bastante que o filme é “chato, sem sentido, sem ação…” como vários outros de estilo parecido que vimos juntos. Eu, particularmente, gosto de filmes assim diferentes e com desenvolvimento lento, mas o longa não é para qualquer um. Assisti até o final e fui recompensado com um belo final. Pra mim valeu a pena.

  6. Filme pra poucos. Para quem estuda o assunto o filme é bom e o final sublime!!!

  7. O desfecho é “bonitinho” mas o desenvolvimento me deu sono, esperava bem mais.

  8. Assisti o filme com expectativa alta, visto os elogios que recebeu pelo canal Getro, do youtube. Canal aliás que recomendo.

    Pois bem, parece que o filme tem aquela “pegada” do novo pós-terror, o pelo menos pretende ter essa “pegada”, porém, não consegue e me decepcionou bastante. Achei cansativo, arrastado e no terceiro ato, quando parecia que ia surpreender, criou um certo clímax… e nada.

    Palavras do autor do artigo: “A Dark Song tem um dos finais mais belos que já vi no cinema do gênero”.

    Bom, obviamente respeito, porém considerar um dos melhores finais do gênero? Não concordo, ainda mais quando penso em tantos clássicos do gênero com finais realmente eficientes.

    Em conclusão, me decepcionou bastante, vale 2 caveiras em minha análise.

    Obs: O trailer engana.

    1. Não entendo de ocultismo, mas o autor parecia saber o que fazia, muitos detalhes davam a segurança da veracidade no assunto. O excesso da falta de movimento me incomodou um pouquinho. O final é legal, mas ficou um gostinho de que faltou “algo mais”.

    2. Filme simplesmente excepcional. A mudança da intenção da Sophia no final foi sublime, surpreendente. Este ritual existe de fato e tem uns doidos que afirmam tê-lo realizado.

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