Prisioneiros do Demônio
Original:The Devil Complex
Ano:2016•País:UK Direção:Mark Evans Roteiro:Caroline Riley, Mark Evans Produção:Mark Evans Elenco:Maria Simona Arsu, Patrick Sebastian Negrean, Marius Dan Munteanu, Adrian Carlugeo, Bill Hutchens, Tom Bonington |
Crenças, relatos de experiências ruins e a imaginação fértil podem transformar um ambiente comum em assombrado. Essa histeria em massa, um dos vértices dos mitos e lendas, é chamada de “complexo do demônio“, conforme o relato de um especialista na floresta Hoia-Baciu, no começo do found footage The Devil Complex, de 2016, disponível na Netflix. Mas, não se deve culpar o sistema de streaming pela tradução absurda do título para Prisioneiros do Demônio, até porque o cartaz do filme promove isso: o “V” de “Devil” remete a chifres e na imagem há um ursinho retalhado, posicionado sobre um pentagrama, sendo observado por uma menina demoníaca. À exceção do ursinho e da neve, nada mais se justifica estar ali, como se o próprio diretor, Mark Evans, tivesse sido mais uma das vítimas do tal complexo.
O filme é mais uma das inúmeras cópias de A Bruxa de Blair, sem a mesma tensão e criatividade. Antes da apresentação dos personagens, há aquele letreiro de justificativa da existência do filme, sendo que neste a cópia é ainda mais escancarada: “Três cineastas entraram na floresta Hoia-Baciu, Romênia, dia 29 de novembro de 2012. Eles ainda estão desaparecidos. As seguintes gravações foram descobertas entre os pertences do professor Howard Redman, no dia 15 de fevereiro de 2014, em Londres, Inglaterra. Três dias depois do professor ter se suicidado.“.
Logo após o letreiro, o que se segue também compartilha da fórmula do estilo. Rachel Kasza (Maria Simona Arsu), o cameraman Joe Gruber (Marius Dan Munteanu) e o técnico de som Tom Steiner (Patrick Sebastian Negrean) estão próximos à floresta, que será base de um trabalho que estão desenvolvendo. Entrevistam alguns transeuntes, com afirmações sobre sintomas e problemas causados pelo ambiente maldito, e se encontram com o guia, Sr. Dogaru (Bill Hutchens), que os conduzirá mata adentro. Descrentes em relação ao que foi relatado, eles passeiam pelo local, numa excursão que deveria durar algumas horas.
A tal floresta Hoia-Baciu é realmente conhecida por suas lendas. Seu nome, derivado de Baci, significa “pastor“, e faz referência a um desaparecimento do passado, quando um pastor e 200 ovelhas nunca mais foram vistos. Gritos de desespero da vítima e nenhum vestígio deram o pontapé para tachar o lugar de maldito. Em 1948, construíram uma estrada para atravessar a mata e vários incidentes com os operários e as máquinas, incluindo sangue que vertia das árvores serradas, alimentaram o mito. Aparições, erupções na pele, sons estranhos e até avistamento de ovnis, o mais assustador é a crença de que a floresta Hoia-Baciu consegue enxergar a alma dos visitantes e expor suas falhas e medos, como um recinto do inferno.
A equipe de filmagem desdenha desses causos e decide passear pelo ambiente gélido. A mata não é tão densa, com um bom espaçamento entre as àrvores mortas, mas transmite realmente uma sensação macabra. Consciente do material que possuía, Mark Evans tortura os três jovens – e o espectador, por tabela – com o passado de erros cometidos, deixando apenas de lado o essencial: medo. Além dos clichês e sensação tediosa de que nada acontece, há uma certa dificuldade de se criar empatia por Rachel, diferente do que aconteceu com a Heather em 1999. Mandona e séria, a cada sintoma proposto pela mata piora seu estado de espírito, e o espectador passa a torcer para que seu fim aconteça o quanto antes.
Sem criatividade ou sustos, o longa só se beneficia por despertar no espectador a vontade de conhecer o local, seja para explorar seus mistérios ou assumir o complexo.
vi e me arrependi, não recomendo
Fiquei curioso, eu gostei dos filmes da Bruxa de Blair rsrs . Valeu a dica