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Castlevania - 2ª Temporada
Original:Castlevania - Season Two
Ano:2018•País:EUA, Canadá
Direção:Sam Deats, Adam Deats, Spencer Wan
Roteiro:Warren Ellis
Produção:Adi Shankar, Fred Seibert, Ted Biaselli, Kevin Kolde, Larry Tanz
Elenco:Richard Armitage, James Callis, Graham McTavish, Alejandra Reynoso, Tony Amendola, Matt Frewer, Emily Swallow, Theo James, Adetokumboh M'Cormack, Jaime Murray, Peter Stormare

Com mais de 30 jogos lançados no mercado entre clássicos inquestionáveis e sequências esquecíveis, a verdade é que Castlevania se tornou um marco, responsável inclusive por um subgênero no mundo dos games que leva parte do seu nome, o Metroidvania. E com tamanho histórico, a aposta comedida da Netflix numa série em animação acabou gerando um retorno maior que o esperado, resultando então numa segunda temporada.

Com o sucesso da estreia, a Netflix pode soltar os limitadores que seguravam a grandeza de Castlevania. Mais dinheiro foi injetado e sua segunda temporada pôde ser maior em todos os sentidos. Se em sua estreia, Castlevania era boa, mas com uma aparência de limitada em diversos aspectos, agora ela acerta ainda mais e beira o marcante.

Com o enredo assinado pelo quadrinista Warren Ellis, Castlevania retorna exatamente de onde parou. Baseado no terceiro jogo da série, Dracula’s Curse, a série localizada no século XV retrata o desejo de vingança do mestre dos vampiros que tem sua amada mortal assassinada por humanos intolerantes. Com total desprezo pela humanidade, Vlad Drácula a transforma em sua inimiga. Não importa se o sangue humano seja seu alimento, a ideia agora é exterminar todos os homens e mulheres da face da Terra. Para impedir isso, Trevor Belmont, último descendente de um outrora poderoso clã de caçadores de vampiros, se une a maga oradora Sypha Belnades e, de surpresa, a Alucard Tepes, o próprio filho de Drácula, híbrido entre humano e vampiro, quase tão poderoso quanto o próprio pai.

Com o dobro de episódios em relação a sua primeira temporada (agora são oito), Castlevania apresenta um salto de qualidade enorme. O principal ganho vem principalmente na forma como o enredo é conduzido pela jornada separada dos dois lados da guerra. De um lado, temos Drácula em seu Castelo, reunindo seu exército e generais em conflitos internos, do outro os heróis em busca de uma maneira efetiva de dizimar a guerra antes que ela comece.

É do lado de Drácula que vem novos e marcantes personagens, principalmente seus mais devotos servos, os necromantes humanos Hector e Isaac, responsáveis por algumas das melhores subtramas ao apresentar os motivos pelos quais ambos desistiram da humanidade. Outro ganho no elenco é a poderosa vampira Carmilla. Sedutora e instigante, criamos sentimentos de admiração e desprezo pela personagem. Traumatizada pelo seu passado, Carmilla decide nunca mais ser comandada por vampiros homens velhos, nem que este seja o próprio Drácula, demonstrando uma personalidade e maniqueísmo marcante em toda a temporada.

Do outro lado, os heróis não ganham novos parceiros, pelo contrário, é apenas a dificuldade de relacionamento entre eles que norteia o plot do trio. Trevor é obrigado a se reinserir em seu passado, enquanto Alucard se prepara para dolorosamente confrontá-lo. Sypha tenta ser a ponte de equilíbrio entre os dois, mas os conflitos são inevitáveis e cada vez mais crescentes.

Ainda assim, nenhum “novo” personagem dessa temporada talvez seja mais marcante que o Castelo de Drácula. Sim, o Castelo é um personagem. A moradia de uma das criaturas das trevas mais poderosas é um grande destaque, capaz de se locomover por meio de engrenagens mágicas, repleta de salões que armazenam todo o conhecimento do mundo e objetos místicos como espelhos que podem abrir passagens pela Terra.

O Castelo acaba sendo parte da representação de Drácula, um dos seres mais cultuados da cultura pop, imortal, mas que sente com pesar cada segundo de sua existência  se tornando mais sem sentido ao ter desafiado as regras da natureza. Afinal, tudo que nasce um dia morre, burlar esse princípio tem consequências e em Castlevania elas ficam cada vez mais claras para Drácula e o próprio Alucard à medida que a trama se desenrola, demonstrando o vazio que existe em suas almas.

Se a primeira temporada era marcada por uma animação muito charmosa, mas pouco dinâmica, com um ritmo lento e faltando até mesmo um tanto de ousadia em suas cenas de ação, tudo aqui foi consertado. As cenas de ação da segunda temporada estão fantásticas. Cada batalha é melhor que a anterior e o confronto final é simplesmente vibrante entre traições, reviravoltas e momentos tocantes mesmo nas horas mais inimagináveis.

Talvez o maior problema da temporada seja um desequilíbrio nos acontecimentos. Se por um lado alguns momentos são arrastados onde não deveriam, por outro, há uma pressa em contar a história sem entrar em maiores detalhes. O desafeto entre Drácula e Alucard é o maior exemplo. Não fica nada explicado o relacionamento entre pai e filho que resulta em adormecimento e vontade de matar, o que prejudica até um entendimento de porque eles chegaram a esse ponto.

Com um último episódio dedicado ao encerramento de um ciclo, mas com abertura de diversas portas para outros, a segunda temporada de Castlevania pode se orgulhar de ser uma das melhores adaptações de games já realizadas, com boas expectativas para o futuro e que funciona como alguns de seus melhores games.

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