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Exorcismo Sagrado
Original:The Exorcism of God
Ano:2021•País:México, Venezuela, EUA
Direção:Alejandro Hidalgo
Roteiro:Alejandro Hidalgo, Santiago Fernández Calvete
Produção:Antonio Abdo, Alejandro Hidalgo, Karim Kabche, Joel Seidl
Elenco: María Gabriela de Faría, Joseph Marcell, Will Beinbrink, Raquel Rojas, Irán Castillo, Alfredo Herrera, Hector Kotsifakis, Nuria Gil

O subgênero das possessões demoníacas tem se estabelecido como um dos que menos sofrem alterações em sua estrutura. Desde aquele conhecido na Prospect Street, os que vieram a partir de então somente evidenciaram a falta de criatividade do demônio na escolha de seu público alvo ou dos padres que tentam eliminar a entidade, envoltos em um passado de fé abalada por alguma perda, tentando uma redenção no esforço de salvar uma pessoa presa à cama proferindo obscenidades, durante um terremoto domiciliar. Vez ou outra, algum estúdio/cineasta/roteiro tenta algo novo, seja na forma de expurgo, na ambientação e até mesmo na vítima. Um bom exemplo recente está no longa A Hora do Exorcismo (The Cleansing Hour, 2019), de Damien LeVeck, que tenta algo ousado ainda que acabe resvalando na fórmula do “qual é o seu nome, demônio?“. E há Exorcismo Sagrado (The Exorcism of God, 2021), de Alejandro Hidalgo, uma produção de terror aparentemente comum, mas que parte para algo bem inusitado.

Hidalgo, que desenvolveu o roteiro em parceria de Santiago Fernández Calvete, não quis fingir que não conhece o clássico O Exorcista (The Exorcist, 1973). Desde o prólogo, um frame já emula a famosa imagem do padre chegando à casa de uma possuída, assim como a câmera que se aproxima do quarto, onde – pasmem! – uma mulher está presa a uma cama proferindo obscenidades. Ao tentar o exorcismo, sem o apoio do experiente Padre Michael Lewis (Joseph Marcell, conhecido pelo sitcom Um Maluco no Pedaço), o Padre Peter Williams (Will Beinbrink) se deixa levar pela tentação e comete um sacrilégio daqueles que faria o Padre Karras (Jason Miller) dizer “Caramba, velho… você é brabo, hein?” antes de se jogar novamente de uma janela.

Dezoito anos depois, atormentado pelo passado, o Padre tenta uma nova vida na Cidade do México, no apoio cristão a criancinhas enfermas. Mas algo aterrorizante está perturbando uma presidiária, fazendo-a se alimentar dos dedos de um carcereiro e exigindo a presença de um padre exorcista. Ainda que não se sinta capaz de ajudá-la, principalmente pela pressão psicológica de sua última tentativa, ele é motivado pela entidade que parece estar afetando as crianças do hospital, levando-as à morte. Peter Williams tem uma nova chance de encarar o mesmo demônio de outrora, mas precisará da ajuda de Michael Lewis e do próprio presídio, onde outras detentas passaram a ser influenciadas, se quiser salvar a alma da garota.

Lendo os dois parágrafos anteriores, parece que Exorcismo Sagrado é mais do mesmo. Basicamente sua estrutura nos dois primeiros atos segue a cartilha de inúmeras produções desse subgênero, mas o enredo reserva muitas surpresas. A começar pela atmosfera aterrorizante, envolta em ilusões assustadoras como a de um Jesus Cristo possuído e uma entidade com os olhos esbugalhados. Hidalgo carrega sua produção de elementos aterrorizantes, ainda que os tais jumpscares batam cartão ali, e intensifica ao aproveitar a ambientação sinistra, nos corredores escuros de uma prisão fria, ocupada pelos demônios de Rec 2: Possuídos (Rec 2, 2009). Os padres passam a atuar como caçadores de demônios, muitas vezes sem preocupação em salvar o corpo da pessoa possuída.

Contudo, a grande novidade ainda está por vir. Se o terceiro parágrafo apenas mostrou que a produção pode ser divertida, moldada em um lugar-comum, o ato final de Exorcismo Sagrado traz algo que você nunca viu em nenhuma outra produção desse subgênero. Talvez você até questione a ousadia (e heresia) da ideia, e até mesmo a realização, digamos, estranha, mas é preciso reconhecer que se trata de um caminho desconhecido. Toda a força conceitual do longa está em seus últimos quinze minutos, em um ato que por si só já torna o filme necessário para os fãs de horror, tão castigados por vômitos verdes e “sua mãe está no inferno“. É como se Higaldo, que faz um trabalho muito bem realizado de direção e roteiro, quisesse mostrar que é possível ainda trazer sangue novo ao subgênero, desde que você não se desfaça do passado e siga por um percurso próprio. Se o Peter Williams tivesse entendido isso, o final seria bem diferente.

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4 Comentários

  1. Este artículo sobre el Exorcismo Sagrado es fascinante y arroja luz sobre prácticas que muchas veces se consideran tabú. La forma en que se aborda el tema y se presentan los testimonios es realmente impactante. Me encantaría leer más sobre los diferentes enfoques culturales hacia el exorcismo en otras partes del mundo. ¡Gran trabajo!

  2. Muito obrigado por indicar um filme perto do qual eu nunca iria passar devido ao desgaste do tema Exorcismo.

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