4.5
(4)

Dahmer – Mente Assassina
Original:Dahmer
Ano:2002•País:EUA
Direção:David Jacobson
Roteiro:David Jacobson
Produção:Larry Ratner
Elenco:Jeremy Renner, Bruce Davison, Artel Kayàru, Matt Newton, Dion Basco, Kate Williamson, Christian Payano, Tom'ya Bowden, Sean Blakemore

Não é novidade para ninguém que os Estados Unidos são uma verdadeira fábrica de serial killers. O cinema norte-americano por diversas vezes fez uso de seus assassinos em série para basear filmes deste subgênero do horror, como Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal (2019). Entretanto, por mais notórios e assustadores que sejam os crimes cometidos, não há garantia nenhuma de que o resultado final será plenamente satisfatório. Esse é o caso de Dahmer – Mente Assassina.

Jeffrey Lionel Dahmer, também conhecido como o Canibal de Milwaukee, é lembrado até os dias de hoje como um dos mais famosos serial killers da história. Nascido em 21 de maio de 1960, em Milwaukee, Wisconsin, filho de um químico e de uma instrutora de máquinas de teletipo, a infância de Dahmer foi marcada pelas constantes brigas entre os pais que viriam a se separar no futuro. Ainda criança, Dahmer desenvolveu um fascínio por animais mortos, mas o que começou como um hobbie doentio baseado em tortura, morte e preservação de cadáveres, viria a se agravar ainda mais com o passar do tempo.

Aos 18 anos Dahmer cometeu seu primeiro homicídio. A partir desse momento ele daria início a uma série de assassinatos envolvendo necrofilia, canibalismo e experimentos macabros. Responsável pela morte de 17 rapazes, Dahmer foi preso em 1991 e condenado no ano seguinte à uma sentença de 15 prisões perpétuas. Em 1994 ele foi assassinado na prisão por um detento que acreditava estar a mando de Deus.

Dirigido e escrito pelo inexperiente David Jacobson, Dahmer – Mente Assassina teve como inspiração tanto a cobertura do julgamento de Dahmer, quanto o livro A Father’s Story escrito pelo seu pai. O diretor revelou ter tido dificuldade em conseguir apoio para produzir o filme, que acabou sendo rodado em apenas 18 dias com um modesto orçamento de $250,000. Por fim, o longa foi lançado em 2002 nos cinemas dos EUA, tendo críticas mistas e bilheterias baixas.

A trama do filme é dividida em duas linhas do tempo diferentes: uma atual, narrando os acontecimentos das últimas vítimas de Dahmer (Jeremy Henner), que supostamente precederiam sua prisão, além de flashbacks do seu passado, mostrando a relação conturbada com o pai (Bruce Davison), problemas com alcoolismo e o primeiro homicídio cometido.

No início da trama, Dahmer aborda um jovem de etnia asiática chamado Khamtar (Dion Basco) em uma loja e o convence a ir até seu apartamento para servir de modelo fotográfico, em troca de um par de tênis. É difícil de acreditar que uma pessoa cairia em uma armadilha dessas, mas por mais incrível que pareça era com esse tipo de estratégia que o assassino capturava suas vítimas na vida real. Dahmer então droga o jovem, faz um furo em sua cabeça com uma furadeira (cena off-screen) e o mantém dopado por dias, enquanto utiliza seu corpo como uma espécie de escravo-zumbi.

Dentre as cenas de flashback vemos Dahmer em situações corriqueiras, como trabalhando em uma fábrica de chocolates e indo prestar socorro à sua avó, em uma tentativa de humanizar o psicopata. Vemos também um jovem Dahmer frequentando assiduamente um bar gay local, aonde drogava rapazes e os estuprava, até ser descoberto e expulso pelos donos.

Na reta final do filme, ficamos sabendo como o adolescente, então com 18 anos, passou de um garoto introvertido com uma estranha obsessão por animais mortos para um cruel assassino em série. Ao encontrar um caroneiro (Matt Newton) vagando pela rua, Dahmer o convida para fumar maconha em sua casa. Os dois garotos, até então desconhecidos, se tornam amigos rapidamente (as personagens desse filme conquistam confiança com muita facilidade; no Brasil também não iriam sobreviver por muito tempo), passam o dia chapados e se divertindo, até que o novo amigo decide ir embora. Dahmer em um ímpeto de controlar a situação e não permitir sua saída o golpeia na cabeça com um haltere. Pronto, nascia um serial killer.

O desfecho se dá, pensando na cronologia natural, com o caso de Rodney (Artel Kayàru), um jovem afro-americano que aceitou o convite para beber com Dahmer em seu apartamento, mas que consegue escapar do assassino.

De uma maneira geral, o filme tem um ritmo parado e cansativo que chega a dar sono em quem está assistindo. As cenas de morte e violência são praticamente todas off-screen, então se você conhece um pouco da história de Dahmer e espera ver carnificina, sangue jorrando e entranhas expostas, você irá se decepcionar.

O filme tem seus bons momentos, como quando Khamtar consegue fugir e duas meninas da vizinhança tentam ajudar chamando a polícia. Você se pega torcendo pelo garoto e em determinado ponto até acredita que ele vai conseguir se salvar, o que não acontece por incompetência dos policiais que no gênero de horror sempre chegam atrasados ou acabam atrapalhando ao invés de ajudar a vítima. Mas a produção acaba pecando em sequências monótonas que em nada acrescentam à narrativa, ou até mesmo criando situações repetitivas (Rodney consegue escapar duas vezes de Dahmer, pois volta ao apartamento do assassino mesmo após ter sido atacado). Se você cochilar pode até achar que é um dejá vu.

Um ponto positivo vai para a atuação de Jeremy Renner, mais conhecido como o Gavião Arqueiro do MCU, indicado ao Oscar por Guerra ao Terror (2008) e Atração Perigosa (2010). Apesar de não parecer muito fisicamente com o Dahmer original, o ator estadunidense conseguiu transmitir emoção e dar vida ao personagem.

A obra pode ser considerada regular. Se você gosta de filmes de terror baseados em eventos reais, provavelmente você também irá gostar deste aqui, mas vale a pena lembrar que esta não foi a única adaptação da história de Dahmer para as telonas, sendo Dahmer – O Canibal de Milwaukee(1993) e Meu Amigo Dahmer (2017), a primeira e a mais atual, respectivamente. Agora, se você tem vontade de conhecer em profundidade um dos mais assustadores serial killers do nosso tempo, eu recomendo assistir aos diversos documentários, depoimentos e entrevistas disponíveis, que são de arrepiar e embrulhar o estômago do telespectador.

De qualquer forma, após conhecer a história do Canibal de Milwaukee, tenho certeza que você vai pensar duas vezes antes de aceitar um drink de algum desconhecido na balada.

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2 Comentários

  1. Não conhecia essa versão. Só assisti a atual que achei razoável.

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