A Noiva de Chucky
Original:Bride of Chucky
Ano:1998•País:EUA Direção:Ronny Yu Roteiro:Don Mancini Produção:Don Mancini, David Kirschner, Corey Sienega, Grace Gilroy Elenco:Brad Dourif, Jennifer Tilly, Katherine Heigl, Nick Stabile, Gordon Michael, Alexis Arquette, John Ritter, Lawrence Dane |
Após o fracasso de Brinquedo Assassino 3, a franquia criada por Don Mancini começava a apresentar sinais de desgaste. Por mais que Chucky ainda permanecesse icônico, intercalando uma crescente contagem de corpos com momentos de puro humor, a pobreza das últimas produções, aliada ao grande desinteresse pelo gênero slasher que marcou a década de 90, contribuiu para que não tivéssemos notícia do boneco demoníaco por sete longos anos.
Porém, como fizeram muitos antes dele, Don Mancini também quis beber da fonte de Pânico, e decidiu trazer sua maior criação de volta à vida, no aniversário de 10 anos da franquia. Ora, se o renascimento dos slashers passava pelo humor autorreferente e metalinguagem, quem mais apropriado para abordar o tema que o notório Estrangulador de Lakeshore, que já fazia piadas com sua própria aparência desde 1988?
Em A Noiva de Chucky, somos apresentados à sua bela namorada, Tiffany Valentine (Jennifer Tilly), que suborna um policial para conseguir os restos do boneco, destruído por um ventilador gigante no final do último filme. Com muito estudo e preparo na arte do vodu (risos), Tiffany ressuscita seu amado, para que, enfim, consiga o casamento que sempre sonhou. Porém, a reação de Chucky desencadeia uma série de eventos que culmina na transferência da alma de Tiffany para uma boneca. O “Brinquedo Assassino” não está mais só!
É louvável a postura de Don Mancini em tentar conferir um novo frescor à sua saga, com a inclusão de um novo personagem, além da aparência marcante do boneco costurado (que, possivelmente, marcou mais gerações do que o good guy original), mas a verdade é que pouco nesse filme funciona. É nítido que a produção se perde no quesito humor, deixando de lado o horror com toques de comédia, para se tornar uma comédia com toques de horror. A brutal mudança no tom da saga, iniciada aqui e elevada à milésima potência em O Filho de Chucky, gerou um grande descontentamento entre os fãs, algo que quase enterrou a franquia de vez.
Além do humor escrachado, outras inconsistências relegaram A Noiva de Chucky a ser desconsiderado pelos cinéfilos por muito tempo. A primeira, e mais absurda de todas, é o roteiro sem-vergonha do próprio Don Mancini. Sem o pobre do Andy Barclay para perseguir, Chucky fica sem o seu maior propósito de vida, que é passar sua alma para o corpo de alguém. Eis que em um deus ex machina descarado, é tirado da cartola, ainda no primeiro ato, que para se livrarem daqueles corpos de plástico, o casal de bonecos precisaria de um tal amuleto de Damballa, e o restante do filme é inteiramente dedicado a uma road trip para recuperá-lo. O grande problema é que o bendito amuleto nunca foi mencionado na série inteira. Além disso, se Jennifer Tilly brilha em tela como a hilária Tiffany, o restante do elenco tem atuações sofríveis, a despeito dos nomes estrelados (Katherine Heigl e John Ritter só não estão piores que o fraco Nick Stabile).
Apesar disso, o longa tem lá suas qualidades. Quando o espectador desiste de esperar algo de assustador, é impossível não cair na gargalhada com alguns dos diálogos, o que acabou conferindo ao filme um status de cult nos últimos anos (sendo os meus preferidos um em particular em que Chucky faz uma referência a Pinóquio e outro em que afirma ser todo de borracha). A metalinguagem citada anteriormente está muito presente aqui, sumarizada na genial colocação “nesse momento, vocês devem ter muitas dúvidas… na verdade pra explicar tudo, precisaríamos de uns 3 ou 4 filmes.” Outros grandes assassinos do cinema de horror são homenageados durante o filme, como Michael Myers, Freddy Krueger, Jason e Pinhead.
Apesar de ser um longa problemático, dentro do contexto de integrar uma saga já estabelecida, A Noiva de Chucky diverte enquanto produção isolada, além de introduzir um dos grandes personagens da mitologia do boneco diabólico. Se aqui não temos o melhor ou mais assustador dentre os exemplares do Brinquedo Assassino, com certeza é um dos mais engraçados. Cabe ao espectador decidir se isso é algo bom ou ruim.
O cara ainda fala “lista negra” para referir-se a algo ruim em pleno 2022. Apenas melhore.
Revi A Noiva e O Filho recentemente. Não sei na época, mas “hoje” pode-se notar que a melhor coisa que poderiam fazer com o personagem era leva-lo à esse caminho totalmente sem noção. O próprio conceito dele é tosco, não poderia ser levado a sério por tanto tempo, apesar do primeiro filme (que revi ontem) continuar sendo um suspense muito bom.
Continua um filme extremamente divertido que imagino que sempre tenha sido a proposta, pena que a sequência decai em qualidade mesmo elevando o absurdo.
A Noiva de Chucky ✅
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O Filho de Chucky ✅
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Próximo Filme
A Família de Chucky…
Muito bom esse filme, me bate uma enorme nostalgia, a nota podia ser melhorzinha rsrsrs