Nocebo (2022)

4.6
(20)

Nocebo
Original:Nocebo
Ano:2022•País:Irlanda, Filipinas, UK, EUA
Direção:Lorcan Finnegan
Roteiro:Garret Shanley
Produção:Brunella Cocchiglia, Emily Leo
Elenco:Eva Green, Mark Strong, Chai Fonacier, Billie Gadsdon, Cathy Belton, Anthony Falcon

Pesquisando sobre o título do filme você encontra a seguinte definição no dicionário Oxford, com tradução livre: “um efeito prejudicial à saúde produzido por fatores psicológicos ou psicossomáticos, como expectativas negativas de tratamento ou prognóstico.” Dentro da proposta do longa de Lorcan Finnegan, a partir do roteiro de Garret Shanley, o termo está amplamente relacionado à crença na cura e na enfermidade, com conexão psicológica (energias e pensamentos positivos) e rituais. Esse é o pesadelo vivido pela personagem da sempre ótima Eva Green, uma talentosa designer de moda infantil que, de repente, após avistar um cachorro doente, com o corpo coberto por carrapatos, adoece drasticamente.

A doença a faz carregar remédios e ter episódios incômodos de falta de memória, fraquezas e tremedeiras, afetando sua evolução profissional, mesmo com os seus “sapatos da sorte“. Sua rotina de problemas é interrompida pela chegada de Diana (Chai Fonacier), uma governanta e babá vinda das Filipinas. Mesmo sem lembrar de tê-la contratado, Christine a aceita em sua casa, a contragosto de seu marido Felix (Mark Strong) e inicialmente de sua filha Bobs (Billie Gadsdon). Diana se mostra eficiente em fazer refeições saborosas, assim como sugerir métodos de cuidado medicinal alternativo. Contudo, existem razões sombrias para a doença e a cura repentina, algo que a narrativa já deixa pistas desde os minutos iniciais. Uma fala sobre estarem carregando corpos, outras sobre viagens internacionais e por fim um questionamento posterior sobre “pequenas ajudas” que a estilista recebe referentes à confecção de suas roupas… são algumas delas.

Ainda que o caminho seja conhecido, até mesmo em relação ao seu desfecho chocante, Nocebo atrai a atenção do espectador, intrigado pela motivação e pelas possibilidades apresentadas. Provavelmente, boa parte do carisma da obra esteja exatamente na expressiva Eva Green, com seu olhar penetrante e um semblante de vilania. Nem é preciso discutir sobre seu talento como atriz, mas em Nocebo ela se sobressai de maneira convincente nos momentos em que a doença está mais agressiva e em sua luta em manter uma imposição digna à personagem. O restante do elenco também está ótimo, incluindo a incômoda Diana, na alternância entre simpatia e ameaça.

Com direção acertada, dentre outros bons aspectos técnicos, Nocebo talvez possa passar despercebido pelo espectador mais exigente devido à simplicidade de seu enredo e à ausência de surpresas – é o que o impediu em figurar em diversas listas dos melhores de 2022. Mas há boas razões para você dar uma chance a ele, seja pela lembrança ao ótimo A Chave Mestra ou pela presença de Eva Green.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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