O Último Ritual
Original:The Last Rite
Ano:2021•País:UK Direção:Leroy Kincaide Roteiro:Leroy Kincaide Produção:Hella Stichlmair, Leroy Kincaide Elenco:Bethan Waller, Johnny Fleming, Kit Smith, Tara Hoyos-Martinez, Ian Macnaughton, Deborah Blake, David Kerr, Aurea Williamson, Hella Stichlmair |
O demônio já foi mais criativo. Em sua jornada cinematográfica de auto-divulgação, ele já atravessou corpos diversos, variando idades, religiões, gênero e motivações. Já foi invocado através de instrumentos de comunicação com espíritos ou simplesmente esteve associado a algum amuleto ou local sombrio. Em O Último Ritual – talvez para estabelecer uma relação indireta com O Último Exorcismo -, produção de baixo orçamento com direção e roteiro de Leroy Kincaide, ele resolveu aproveitar um acesso pelo fenômeno da paralisia do sono. Tal condição real envolve relatos de pessoas que, impossibilitadas de se moverem, viram a silhueta de um homem usando um chapéu. Há publicações a respeito, lendas e até jogos que exploram essa entidade, com algumas variações e os mesmos calafrios.
É o mal que aflige Lucy (Bethan Waller), uma estudante de medicina em vias de produzir seu TCC, tendo que conviver com o noivo estúpido Ben (Johnny Fleming). Ele faz o tipo de companheiro que leva para casa o estresse do trabalho, responde com agressividade perguntas simples para depois vir com flores e pedidos de desculpas – sim, você já viu muitos desses por aí. Não há uma razão absoluta para as aparições incômodas do homem de chapéu, apenas algumas sugestões como a mudança para uma nova casa, as cobranças da faculdade e o estresse no relacionamento. Assim, a garota passa a ver vultos em casa ou do lado de fora, e seu temor se torna palpável quando o ser é visto ao fundo de uma fotografia – não há razão para a moça esconder das pessoas isso como ela faz, optando pela incredulidade de Ben e até mesmo do Dr. Andrews (David Kerr), que – pasmem! – escreveu um livro sobre o fenômeno. E também age com estupidez, apesar da justificativa do incômodo pela visita de Lucy à casa dele, sem fazer uma ligação antes ou enviar e-mail. Se o roteiro tivesse sido escrito em 1985…
É curioso também a cena em que Lucy vai a uma igreja orar, pedir ajudar a Deus, e uma mulher se aproxima exatamente para oferecer um apoio. O que ela faz? Simplesmente sai correndo e a deixa falando com as paredes, somente para no momento seguinte procurar o padre canastrão Roberts (Kit Smith, que deixa evidente que está atuando como padre a cada expressão do rosto e construção de cena), que resolve visitá-la apenas para ser hostilizado por Ben – assim como fez Steve Freeling com a chegada de Tangina em Poltergeist, o Fenômeno. Quando nota a mudança de comportamento de Lucy, olheiras e a vontade de morder o próprio braço, o padre Roberts, que deve ter estudado o caso de Anneliese Michel, acredita que um exorcismo precisa ser feito, mas para tal terá que convencer a Igreja e ter uma autorização oficial.
É claro que o exorcismo será realizado de qualquer jeito ou o título seria outro, mas toda a expectativa desse último ritual não se configura como o público espera. Não que seja preciso vômitos e cabeças girando, mas podiam tentar algo novo ali, associado à paralisia do sono. Depois que o demônio assume sua identidade, fala umas bobagens e bota para correr o auxiliar do padre, ele não se mostra tão assustador como se imagina e nem faz nada que valha uma recomendação. Deixa transparecer um leve pessimismo na sequência final, mas nada que o torne bom o suficiente.
Apesar das limitações técnicas e do roteiro capenga, O Último Ritual é até bem dirigido. Não tem atuações incríveis e nem efeitos que vão além de um filtro de instagram, o que pode decepcionar os pirotécnicos do gênero, O filme está disponível na Amazon Prime, mas há melhores opções por lá, com tratamentos melhores para o demônio.
Chatinho esse filme e muito parado. O único ponto positivo que encontrei foi a protagonista, que se esforça. Mas no final das contas, totalmente dispensável.