Good Boy (2022)
 Good Boy
Original:Good Boy
Ano:2022•País:Noruega Direção:Viljar Bøe Roteiro:Viljar Bøe Produção:Karl Oskar Åsli, Marie Waade Grønning, Ane Marie Sletten Elenco:Gard Løkke, Katrine Lovise Øpstad Fredriksen, Amalie Willoch Njaastad, Nicolai Narvesen Lied |
O thriller norueguês Good Boy (Bom Garoto, em tradução livre), inicialmente batizado como You, Me & Frank, é um filme de terror que vem chamando a atenção do público por ter uma história bastante fora do comum.
Christian (Gard Løkke) é um jovem milionário – tímido e meio antissocial – que vive isolado em uma mansão junto com seu cachorro Frank, seu único companheiro. Após conhecer Sigrid (Katrine Lovise Øpstad Fredriksen) em um aplicativo de namoro, os dois combinam de se encontrar pessoalmente. A princípio, a garota pensa ter tirado a sorte grande e nem desconfia que possa haver algo de errado com Christian, afinal de contas, ele é apenas um rapaz bonito, bem educado, milionário e solteiro, o que há de estranho nisso? O encontro parece ter sido perfeito – apesar do atraso de Sigrid – e a noite termina na mansão de Christian. Tudo vai bem até que na manhã do dia seguinte, Sigrid acorda e finalmente conhece o animalzinho de estimação do rapaz: Frank, um homem que vive em sua casa com uma fantasia de cachorro e que se comporta como tal, 24 horas por dia.
Convencida por sua melhor amiga que a “questão” de Frank não seria um problema tão grande assim, levando em consideração todos os outros atributos que Christian possui, Sigrid decide relevar a bizarrice do seu agora novo namorado e inclusive aceita o convite dele para uma viagem romântica no campo, apenas ela, ele e Frank.
Confesso que fui conferir este filme com grandes expectativas. Desde o momento em que li a sinopse e assisti ao trailer, achei a história criada por Viljar Bøe bastante criativa e promissora, algo que me remeteu de imediato à Creep (2014). Talvez essa expectativa gerada tenha sido a principal responsável pelo sentimento de desapontamento e decepção que veio quando os créditos finais começarem a passar na tela.
O maior – e talvez único – trunfo de Good Boy é utilizado logo de cara em suas cenas inicias. Depois de revelada a “grande surpresa”, apresentando Frank ao telespectador, parece que não há muito mais o que mostrar. O filme segue com um ritmo lento até um plot twist que acontece na metade da película, mas que também é um tanto previsível. Os elementos empolgantes se concentram na sequência final de acontecimentos que, por sua vez, também deixam a desejar em alguns aspectos, como no desfecho que dá para os personagens e na própria explicação da história por trás da relação entre Christian e Frank.
Por outro lado, é inegável que a ideia de Good Boy é original, fazendo com que este filme se destaque dos demais lançamentos do gênero. As cenas que contam com a presença de Frank causam um desconforto considerável, pois é impossível não pensar a todo momento o quão bizarra é aquela situação em que Sigrid se encontra. O diretor e roteirista norueguês também acerta ao trabalhar de maneira sutil temas como: identidade, relações de poder e privilégio, relacionamentos, abuso psicológico e conformidade.
Senti falta de conhecer e entender melhor o passado de Christian, sua relação com seus pais e, principalmente, sua “amizade” com Frank. Talvez o diretor quisesse guardar esses assuntos para uma possível continuação? Não seria má ideia, uma vez que este filme dificilmente será considerado um clássico intocável do gênero.
Mesmo com alguns defeitos, Good Boy ainda assim é um filme de terror diferente, com bons momentos de suspense e que se fizermos uma análise mais profunda das questões que são abordadas nas entrelinhas, podemos gostar ainda mais do produto final. Pode não estar entre os melhores filmes de terror dos últimos anos, mas definitivamente é um dos mais criativos e ficará em sua memória por um bom tempo.
Good Boy será lançado no Brasil e na América Latina em novembro de 2023, pela plataforma de streaming Looke.
A idéia do filme é tão absurda que fiquei na maior curiosidade para assistir.