Um Lugar Silencioso: Dia Um
Original:A Quiet Place: Day One
Ano:2024•País:EUA, UK Direção:Michael Sarnoski Roteiro:Michael Sarnoski, John Krasinski Produção:Michael Bay, Andrew Form, Brad Fuller, John Krasinski Elenco:Joseph Quinn, Lupita Nyong'o, Alex Wolff, Djimon Hounsou, Thea Butler, Jennifer Woodward, Sunjay Midda, Elijah Ungvary |
O primeiro dia da chegada dos alienígenas que caçam pelo som foi mostrado sob a perspectiva dos Abbotts na boa continuação Um Lugar Silencioso: Parte II, lançada em 2021. Mas havia uma certa curiosidade sobre o combate em uma grande metrópole, em entender como os monstros conseguiram dominar o mundo além das zonas rurais e cidades mortas. Não é exatamente o que você verá na prequel/spinoff Um Lugar Silencioso: Dia Um, que, embora ambientada em Nova York e mostrando a derrubada de pontes e as tentativas de fuga pela costa, trará poucas respostas e uma pequena ampliação da mitologia. No entanto, não deve ser visto como um problema.
John Krasinski, que idealizou os dois primeiros filmes, disse em entrevistas que gostaria realmente de explorar outras perspectivas do apocalipse. Em 2020, a Paramount anunciou a realização do filme, tendo o nome de Jeff Nichols como diretor e roteirista. Devido a diferenças criativas, Nichols abandonou o projeto, deixando-o nas mãos de Michael Sarnoski (de Pig – A Vingança, 2021), que fez um novo esboço do roteiro a partir do argumento que desenvolveu em parceria de Krasinski. Para os ideais da produção, com um orçamento generoso pela proposta grandiosa, as produtoras Platinum Dunes e Sunday Night Productions fizeram uma associação, tendo o envolvimento de Michael Bay, Andrew Form, Brad Fuller e, claro, do próprio Krasinski. No final de 2022, Lupita Nyong’o e Joseph Quinn já estavam contratados para estrelar, o que já dava indícios de que teríamos algo no mínimo interessante nas telas.
Lupita (a excelente atriz de Nós, 2019) tinha pavor de gatos, como a própria disse em entrevista antes da exibição do filme. Sugeriu até que o animal fosse trocado, mas acabou partindo para um processo terapêutico até abraçar os dois animaizinhos que fizeram o incrível Frodo. E, sem dúvida, o longa teria uma avaliação diferente sem a presença do bichano como parte fundamental em diversas sequências ambientadas em uma Nova York em processo de destruição. Além deles, há uma breve e importante participação de Djimon Hounsou, como Henri, conectando o spinoff a Um Lugar Silencioso: Parte II. Aliás, deu até vontade de rever esse filme para saber se nas cenas que se passam na ilha não aparece algum felino com franjinha.
A poetisa e amargurada Samira (Lupita) não tem muito tempo de vida. Perdeu o pai, músico, para o mesmo câncer que a está consumindo, fazendo breves registros mal humorados em seu caderno de anotações. Ela só aceita participar de um passeio organizado pelo enfermeiro (Alex Wolff) do hospital que frequenta pela possibilidade de comer pizza na cidade grande. Depois que assiste a um comovente show de marionetes – que lhe toca pela sensibilidade do manipulador -, ela é avisada que terá que deixar a refeição para outro dia, por estar acontecendo algo nas proximidades. Ao entrar no ônibus com os demais enfermos, luzes caem do céu, causando destruição de prédios e veículos, trazendo criaturas imensas, com movimentos rápidos e muita agressividade.
Logo ela encontrará um desorientado estudante de direito, Eric (Quinn, de Operação Overlord), que seguirá a jovem e seu gato Frodo numa jornada contrária ao que grande parte da população almeja, mas terá que fazer silêncio absoluto em sua passagem pela cidade, pelo metrô inundado e uma igreja em ruínas, ainda em busca da desejada pizza. É claro que, em várias situações, sons acidentais irão atrair os monstros, e eles perceberão que algumas distrações serão necessárias pela sobrevivência do trio.
Um Lugar Silencioso: Dia Um vai além de um simples filme de monstros ou pré-apocalíptico. Há um tom melodramático que acompanha os personagens, dando-lhes profundidade e empatia. Nada que deixe a produção arrastada, mas episódios necessários para que o público os compreenda e se importe com o que estão enfrentando. Talvez tenha faltado um pouco disso em Eric, apenas construído como alguém que sofre de crises de ansiedade e que parece não saber de onde veio e para onde vai. Já Samira promove um efeito contrário ao se transformar aos poucos em uma pessoa melhor à medida em que nota o quanto tem um papel importante naquele novo mundo.
Com ótimos efeitos especiais, alguns sustos já comuns na franquia e cenários muito bem desenvolvidos – agrada a quem aprecia produções apocalípticas e também os que gostam de algo mais profundo e intenso -, o Dia Um deixa entender o quanto a contagem não tem relevância quando se valoriza cada momento.
Assisti na sexta-feira e gostei bastante, bacana que seja uma trilogia bem consistente.
Mas aquele gato sempre acabando de volta nas mãos da dona ou do Eric foi demais, o bicho tem um GPS?
Sério que a mulher vai por em risco até outras pessoas pra buscar a droga de um pedaço de pizza? Quem foi a anta que aprovou um roteiro desses? Num Zumbilândia da vida essa premissa até cola, mas num filme desses?
A mulher vai morrer, o mundo tá acabando, que mais há de se fazer?
Kkkkkkkkkkkkkkkk. Gritei aqui, kkkkkkkkkkkk…
Oi, Roberto! Existe uma razão sentimental para essa busca, algo mais profundo e significativo do que “comer uma pizza”. Quando você assistir ao filme, verá como esse objetivo compactua com a proposta e a própria condição dela.
Acredite, faz sentido!
Abs